Royal Blood! Finalmente, uma nova banda de Rock que é mesmo ROCK!
Infelizmente, apenas de 10 em 10 anos descubro uma nova banda que me faz acreditar novamente que o Rock teve um passado glorioso e ainda tem um futuro brilhante pela frente. Em 2007 foram os Arctic Monkeys. E agora em 2017 são os Royal Blood.
Parece que está difícil os meios de distribuição massiva de música deixarem de dar tanto airplay ao hip-hop, pop de chiclete, rock meiguinho, coisas indie e tudo o resto que ouvimos diariamente nas grandes rádios e na TV e mesmo na Internet e Plataformas Digitais de Streaming.
Sinceramente, se você é como eu e está farto de ouvir os mesmos discos clássicos de rock, e/ou tem dificuldade em encontrar grupos entusiasmantes por estes dias, porque não existem novas bandas e discos que tenham o mesmo espírito e sentimento de outrora, então tenho uma grande notícia!
Finalmente apareceu uma nova banda Rock que não é, em simultâneo, Indie ou Alternativa ou Electrónica, ou de qualquer outra estirpe. Não! É uma banda mesmo ROCK!! Puro e duro, curto e grosso, diretamente dos altifalantes para o nosso ouvido interno que comanda o cérebro.
SÃO OS ROYAL BLOOD!
Depois de ouvir intensamente durante 3 dias inteiros este grupo britânico que desconhecia até há bem pouco tempo (citando Blind Willie Johnson por via dos Led Zeppelin, “a culpa é toda minha, não é de mais ninguém”), deu-me vontade de pegar novamente nas baquetas da bateria, ligar aos meus velhos colegas de banda, alugar tempo num estúdio, e começar a tocar bateria como um louco num volume muito alto. Bahh! Brutal!
Os Royal Blood são apenas rock e do bom, daquele que nos faz acreditar que nada se compara à energia, estímulo e motivação de uma grande canção de Rock.
Sim eu sei que existem muitos talentos revelados nos últimos 10 anos no Mundo da Música. Muitos deles já tivemos o prazer de promover aqui no blog, como The Weeknd, Florence and the Machine, Lana Del Rey, Yeah Yeah Yeahs, Imagine Dragons e muitos outros. Sim, eu sei e reconheço e considero que são todos projectos musicais recentes notáveis e talentosos. Mas não são Rock!!
Quando ouvi pela primeira vez os Royal Blood (devido à forte recomendação do meu amigo Pedro Vasco Oliveira que viu o concerto intenso que protagonizaram no festival NOS Alive 2017, e no dia a seguir disse-me “são uns animais”) nem sequer sabia que eram apenas 2 membros: o baixista/vocalista Mike Kerr que toca num baixo de quatro cordas e o baterista Ben Thatcher que desbunda numa bateria minimalista. E é só isto! (Embora por vezes em algumas músicas gravadas em estúdio tenham salpicado de forma genial as canções com coros, samples, teclados e outros instrumentos sibilinos…)
O segredo deste esqueleto musical minimalista ser tão poderoso é simples: Mike Kerr canta muito e bem enquanto saca riffs ondulantes em simultâneo num baixo cujo som (em conjunto com alguns efeitos e pedais), transforma-se num verdadeiro batalhão de guitarras e baixo, tudo misturado. É um som viciante! Formidável!
Fiquei intrigado! Como é que ele parece tocar ao mesmo tempo baixo e guitarras (eu ouço várias, estarei maluco?) apenas com um instrumento de quatro cordas? Veja em baixo o vídeo onde ele revela como cria esta parede sonora.
Com bastante criatividade e muito rock, swing e blues à mistura, abordagens líricas poéticas, cínicas, corrosivas e, em simultâneo, densas, misteriosas, complexas, tudo isto acompanhado da bateria de Ben Thatcher cujo beat imbatível, sincopado até aos ossos, transforma tudo numa amálgama sonora fresca, saborosa e refrescante, a banda britânica soa bastante diferente da grande maioria dos grupos Rock da atualidade. Na minha opinião, a música noturna dos Royal Blood tem a dose certa de negrume para ser ouvida a qualquer hora do dia!
E, volto a dizer, são só dois = 2!
Não é por acaso que diversas publicações internacionais, músicos de renome e muitos fãs já declararam que os Royal Blood são a mais interessante banda de Rock do momento.
Em Portugal, sei que estão já no coração e espírito do público lusitano, e não surpreende que o concerto no Campo Pequeno no próximo dia 28 de Outubro tenha esgotado com muitos meses de antecedência.
Como desconhecia a banda fui procurar informação e verifiquei facilmente que eram catalogados muitas vezes como uma mistura algures entre o Garage Rock e Blues Rock. Em termos musicais, inicialmente eles fizeram-me lembrar os The White Stripes, com alguns toques de The Black Keys e certamente com influências diretas dos Queens Of The Stone Age e TV On The Radio. Claro que depois de citar estes grupos seria um crime não mencionar a banda que inspirou todas as outras: naturalmente também os Led Zeppelin ecoam nas canções de Mike Kerr e Ben Thatcher.
Mas após algumas audições massivas, foi fácil verificar que existem muitas dinâmicas, abordagens e relações próximas com as músicas dos Morphine. Talvez devido à economia de instrumentos, e porque de certa forma são tão diferentes das estrelas musicais atuais, julgo que os Royal Blood partilham alguma da inspiração básica, crua, primária que os Morphine de Mark Sandman adotaram dos blues clássicos para embeber canções rockeiras de um swing muito próprio. Sinto exatamente o mesmo tipo de intensidade que os Morphine transmitiam quando estou a ouvir os Royal Blood.
Na verdade, estas comparações e descrições não servem para nada a não ser para enquadrar quem ainda não ouviu os Royal Blood antes da sua primeira audição. Depois cada um está por sua conta para tirar o máximo prazer na escuta deste grupo excepcional. Por isso, procure já no YouTube por Royal Blood e depois decida por si próprio qual o género musical desta grande banda segunda as suas próprias interpretações e convicções. Ou clique no play no vídeo em baixo para abrir as têmporas dos seus ouvidos e alojar o poder de uma grande música Rock!
A breve história de sucesso dos Royal Blood
Bem vamos a factos importantes: os Royal Blood são um duo de rock britânico formado em Brighton em 2013. No dia 11 de novembro de 2013, a dupla lançou o single de estreia, Out Of The Black, que realmente faz justiça ao título. Conforme ouviu em cima, ela é uma música intensa que demonstra de forma eficaz muitas das qualidades desta banda sensacional que ainda hoje me parece que veio aterrar de repente no panorama musical atual vinda do escuro das ondas sonoras globais.
Depois da surpresa geral e com um pequeno empurrão dos… Arctic Monkeys (para quem fizeram algumas primeiras partes) o grupo foi nomeado para os prémios BBC Sound of 2014, iniciando um percurso sempre em crescendo. Já em 2014, editaram um EP de 4 faixas, com “Out of the Black“, “Little Monster“, “Come On Over” e “Hole“, que antecedeu o enérgico álbum de estreia, intitulado simplesmente Royal Blood (25 de Agosto de 2014).
Aclamado pela crítica e pelo público, o disco também chamou a atenção porque se tornou o primeiro álbum de Rock britânico que vendeu mais rápido em 3 anos no Reino Unido. Sim, a maioria dos tops dos últimos anos não pertence aos grupos de Rock, a hegemonia está ali entre o hip-hop a pop e a eletrónica, por isso, este facto é relevante para os amantes do headbanger!
Após percorrerem inúmeros palcos pelos maiores festivais na Europa, América do Norte e América do Sul, incluindo ainda uma digressão em nome próprio e outras na boa companhia dos Foo Fighters e Iggy Pop, os Royal Blood começaram a receber elogios de nomes importantes, como o famoso radialista Howard Stern, ou Dave Grohl dos Foo Fighters, ou Tom Morello dos Rage Against The Machine e ainda os Metallica.
Mas entre todas as saudações, certamente aquela que teve mais peso na consolidação da confiança que estão no caminho certo adveio de Jimmy Page, lendário guitarrista dos Led Zeppelin, que comentou: “Eu fui ouvi-los em Nova York. Eles foram fantásticos. Absolutamente fascinante, eles são músicos tão refinados. O seu álbum é um caso sério em alguns detalhes. É tão suave de se ouvir, porque eles tocam com os espíritos das coisas que os precederam, vocês têm de ouvir, eles vão elevar o rock a um novo nível – se eles já não estão o fazendo, já que a sua música atual é de uma qualidade tremenda”.
Como corolário desse ano magnífico, o duo ganhou em Fevereiro de 2015 o prémio British Awards de Melhor Grupo Britânico de 2015, que foi entregue por Jimmy Page.
No dia 16 de Outubro de 2015, a banda subiu um vídeo na sua conta oficial do Instagram onde os membros apareciam no estúdio a fazer uma versão da música “Let Me Entertain You” de Robbie Williams. Perante o sucesso e os aplausos generalizados, o duo continuou ao longo do resto do ano a publicar outros covers de músicas de Vanessa Carlton, Gloria Gaynor, Spandau Ballet, Elton John, Coldplay e Michael Jackson!
Após uma participação na série da HBO intitulada Vynil com o tema “Where Are You Now?” em 2016, os Royal Blood regressaram em força aos discos no dia 11 de Abril de 2017, quando editou o álbum How Did We Get So Dark?, que recomendo obviamente para audição imediata.
Aliás, na minha opinião, se você quer passar um bom bocado a ouvir música bastante alto, procure nas lojas online e nas plataformas digitais tudo o que conseguir dos Royal Blood e tire o máximo prazer com as suas muitas canções de excelência!
Para concluir, queria sublinhar que não é habitual mencionar datas tão precisas nas biografias de bandas, como aconteceu ao longo deste texto com vários dias exatos. Mas como sei que os Royal Blood irão um dia no futuro pertencer à galeria das Lendas do Rock é um prazer adicional assinalar com precisão os dias históricos de uma carreira intemporal que vou acompanhar com muita curiosidade.
Caraca que som gostoso de se ouvir.Achei que era até mentira uma banda formada apenas por dois integrantes kkkk.Mais depois que eu acompanhei os vídeos fique fascinado com o trabalho desempenhado por eles.Muito bom por sinal.Além de um bom cantor o vocalista toca muito.