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Bruno Graveto: o baterista para além dos Charlie Brown Jr.

Bruno Graveto: o baterista para além dos Charlie Brown Jr.

by Tiago Leão

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O trabalho fala por si. A expressão é antiga, mas aplica-se na perfeição à carreira de Bruno Graveto, o músico que conquistou um lugar entre os melhores bateristas do Brasil, depois de atuar ao lado dos Charlie Brown Jr. Atualmente, o baterista faz parte dos Strike, onde se mantém desde 2013.

Bruno Graveto é o nome artístico de Bruno Cesar Bezerra, cuja carreira começou há cerca de 18 anos atrás. O interesse pela bateria surgiu no início da adolescência, quando decidiu frequentar as primeiras aulas de música. Mais prático do que teórico, o baterista confessa que muitas vezes se sentiu desanimado com o tipo de educação que lhe era dado.

Para resolver o problema, criou um método pessoal que lhe permitia motivar-se e continuar a praticar. Mais tarde, esse método deu origem ao , onde Graveto explica como conseguia treinar mesmo sem ter bateria.

Nas palavras do próprio, o primeiro instrumento foi comprado já depois de um ano de aulas. Até lá, improvisou com uma bateria que ele mesmo fez e foi praticando com objetos do dia-a-dia, ou simulando as batidas com paus ou até nas próprias pernas.

Com a chegada ao meio profissional o método evoluiu e Bruno Graveto passou a utilizá-lo para praticar noutras situações, como nos transportes públicos; ou, já com os Charlie Brown Jr., durante as longas viagens de avião.

Apesar de os Charlie Brown Jr, serem o grande marco na carreira do baterista, a verdade é que este já tocava há muito. Antes de integrar o grupo, em 2008, Bruno Graveto já havia tocado no litoral de São Paulo com os Pipeline e com O Surto. Colaborou também com Heitor Gomes, dos CPM 22, e com ele criou um grupo chamado Fusion.

Charlie Brown Jr. e o começo de uma nova fase para Bruno Graveto

No ano de 2008, o baterista André Ruas, mais conhecido como Pinguim, emitiu um comunicado onde informava os fãs da decisão de abandonar os Charlie Brown Jr. Na origem da saída estava o fim do contrato e a falta de interesse por parte do artista e da banda em renová-lo. O escolhido para ocupar o lugar na bateria foi Bruno Graveto.

A estreia do baterista nos álbuns deu-se assim em 2009, ano do aclamado Camisa 10 (Joga Bola até na Chuva) que, aliás, viria a vencer o Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock Brasileiro. Este seria já o décimo disco da banda que já havia conquistado o público nos anos 90.

A primeira apresentação pública de Bruno Graveto deu-se num programa de televisão da MTV, o Estúdio Coca-Cola. Nesta participação especial, os Charlie Brown Jr. tocaram com Vanessa da Mata numa versão do icónico Ai, Ai, Ai.

 

Camisa 10 (Joga Bola até na Chuva) marcava o fim de uma relação de 7 anos dos Charlie Brown Jr. com a EMI. A produtora foi trocada pela Sony Music, que viria a lançar também o Musica Popular Caiçara (Ao Vivo).

Em 2011, o vocalista carismático, Chorão, anuncia o regresso de Marcão, o guitarrista que em 2005 tinha deixado o grupo por divergências contratuais. Os mesmos motivos tinham levado à saída do baixista, Champignon. Com o fim do contrato de Heitor Gomes, também este último regressou aos Charlie Brown Jr. Estavam então reunidos os principais membros da banda.

Depois de um período de sucesso, surgiu uma polémica: durante um concerto, Chorão afirmou que Champignon devia estar agradecido por ter voltado ao grupo. Em resposta, o baixista abandonou o concerto. A questão foi amplamente noticiada, mas acabou por ser resolvida depois de um vídeo no YouTube onde ambos pediam desculpa aos fãs.

O ano de 2013 foi trágico. Em março, Chorão foi encontrado morto no seu apartamento em São Paulo, na sequência de uma overdose. O falecimento catapultou o grupo para a ribalta e os discos anteriormente lançados tiveram um sucesso sem precedentes. No próprio dia da morte, Charlie Brown Jr: de 1997 a 2007 foi o segundo disco mais vendido.

   

Mais tarde sai o disco La Família 013. O álbum tinha data de lançamento marcada para setembro, mas acabou por sair cerca de um mês mais tarde, dada a situação difícil em que a banda se encontrava.

Bruno Graveto: o nascimento d’ A Banca

Depois do acontecimento trágico, os Charlie Brown Jr. consideraram que não havia forma de continuar sem o vocalista. Algum tempo mais tarde, os restantes membros (Bruno Graveto, Marcão, Champignon e Thiago Castanho) anunciaram a formação de uma nova banda, chamada A Banca. Champignon, que já tinha alguma experiência como cantor, tornar-se-ia o vocalista, deixando o baixo a cargo de um novo elemento, Lena Papini.

O grupo era uma forma de honrar o velho companheiro. Nas palavras de Champignon, pouco antes de morrer, Chorão tinha dito ao grupo que estava cansado e que apoiaria a continuação dos Charlie Brown Jr, com Champignon a vocalista. Apesar das palavras, os elementos não se sentiam bem em continuar com o mesmo nome, temendo que a banda perdesse parte da sua identidade.

“Depois de que o Chorão morreu, nós ficamos pensando o que faríamos e, um dia, tomando banho comecei pensar que a gente não é o Charlie Brown, nós éramos a banca do Charlie Brown. Por isso nós decidimos mudar para A Banca”, afirmou Champignon.

A Banca também não durou muito, dado que a 9 de setembro de 2013, ocorreu uma nova tragédia: Champignon foi encontrado morto no seu estúdio depois de se ter suicidado com um tiro na boca. O suicídio foi filmado por uma câmara de segurança. Antes de se matar, Champignon atirou para o chão, acertando num dos seus instrumentos, e fez dois sinais: primeiro o de “paz e amor” e depois o “degola”.

Um novo passo, desta vez com os Strike

Antes da morte do líder, os A Banca ainda chegaram a lançar um single chamado Novo Passo. Depois do sucedido, os restantes membros decidiram que o melhor a fazer seria pôr fim ao projeto e seguir caminhos separados.

Em outubro de 2013,era anunciada a chegada de Bruno Graveto aos Strike. A entrada dava-se depois de o grande sucesso do álbum Nova Aurora, de 2012, e de uma tour cansativa que motivou a saída de Cadu, antigo baterista do grupo.

A estreia na banda deu-se por volta do início de 2014, altura do lançamento do single Sol e Paz, em homenagem ao recente falecimento do avó de um dos membros da banda. Pouco tempo depois, o baixista dos Strike, Fábio Barroso, resolve deixar a banda, trocando-a por um lugar como guitarrista nos Onze:20.

Depois de um substituto temporário, a banda contratou definitivamente os Léo Pinotti. A mistura do estilo do baixista groove com a percussão de Graveto deram à banda um novo fôlego e uma nova sonoridade.

Começaram, então, os trabalhos para um trilogia de EP’s, ideia essa que mais tarde viria a ser abandonada para dar origem a Collab, um trabalho aguardado para 2015.

Diferentes daquilo que eram, os Strike são atualmente um ponto de interrogação: enquanto uns desistiram da banda, outros aguardam pela sua transformação em algo novo e diferente. Bruno Graveto é uma peça fundamental desta nova fase.


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