A Portuguesa: o hino de Portugal que exulta a nossa pátria
Além da bandeira nacional, um dos símbolos que representação a Nação Portuguesa é o hino “A Portuguesa”. Mais do que um hino usado em cerimónias nacionais, civis e militares, este é o hino que exulta o espírito e identidade nacional, que une todo um povo que, esquecendo crenças e partidos políticos, tem sempre algo em comum: Portugal. No dia que se segue à sagração histórica da seleção de futebol portuguesa como Campeã do Euro 2016, contamos a história do hino nacional e explicamos até onde remontam as suas origens.
O hino “A Portuguesa” sempre teve um propósito específico: exaltar o espírito nacional. Porém, as circunstâncias em que Henrique Lopes de Mendonça escreveu a letra e em que Alfredo Keil compôs a música, são muito características da época.
Estávamos então em 1890, ano em que se debatia o polémico Mapa Cor-de-Rosa africano. A pretensão de Portugal a exercer soberania sobre os territórios entre Angola e Moçambique colidia com os interesses em ligar o Egito ao sul de África. Em resposta, os britânicos lançaram então um ultimato aos portugueses para que retirassem as suas tropas do território entre Angola e Moçambique.
Esta questão gerou imediatamente grande contestação popular, especialmente depois do Governo português ter cedido ao ultimato. É assim que Alfredo Keil e Henrique Lopes de Mendonça unem esforços para compor um hino capaz de exaltar o ânimo da nação.
No célebre 31 de Janeiro de 1891, dia em que se deu uma tentativa falhada de golpe de Estado, que pretendia implantar a república em Portugal, a canção já aparecia como a opção dos republicanos para hino nacional. Isto só viria na verdade a acontecer 19 anos mais tarde, após a instauração da República no dia 5 de outubro de 1910.
Até se tornar hino, o governo monárquico proibiu “A Portuguesa”, especialmente porque a letra original contava com alguns versos controversos. Em vez de “Contra os canhões, marchar, marchar!”, o hino incluía na verdade o verso “Contra os bretões, marchar, marchar”, numa óbvia alusão aos nossos vizinhos ingleses.
O hino original é composto por três partes, cada uma delas com duas quadras (estrofes de quatro versos), seguidas do refrão, uma sextilha (estrofe de seis versos). Apenas a primeira parte do poema foi oficializada como o Hino Nacional Português.
A letra d’A Portuguesa
Heróis do mar, nobre povo,
Nação valente, imortal,
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
Entre as brumas da memória,
Ó Pátria sente-se a voz
Dos teus egrégios avós,
Que há-de guiar-te à vitória!
Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!
Desfralda a invicta Bandeira,
À luz viva do teu céu!
Brade a Europa à terra inteira:
Portugal não pereceu
Beija o solo teu jucundo
O Oceano, a rugir d’amor,
E teu braço vencedor
Deu mundos novos ao Mundo!
Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!
Saudai o Sol que desponta
Sobre um ridente porvir;
Seja o eco de uma afronta
O sinal do ressurgir.
Raios dessa aurora forte
São como beijos de mãe,
Que nos guardam, nos sustêm,
Contra as injúrias da sorte.
Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!