Dust & Grooves: Eilon Paz, o caçador de histórias e de vinis
De hobbie a blog e de blog a livro. Neste post, falamos-lhe do projeto Dust & Grooves, uma iniciativa de um amante de vinis que decidiu explorar o interesse pela área e partilhá-lo com o mundo: primeiro através da Internet e depois nas páginas de um livro com histórias e fotografias.
Fotógrafo de profissão e DJ nos tempos livres, Eilon Paz é israelita mas atualmente vive em Nova Iorque. Agora com 41 anos, Paz tinha 16 quando recebeu a sua primeira máquina fotográfica, que costumava usar para captar aviões sírios avistados a partir do pátio lá de casa.
Depois de se formar no exército, o jovem viajou para a Austrália, onde aprofundou competências na área da fotografia comercial. De regresso ao país natal, abriu o seu próprio atelier na cidade de Telavive, e começou a trabalhar enquanto profissional.
Apesar do retorno a casa, o gosto pelas viagens manteve-se e, pelo menos uma vez por ano, Eilon Paz viajava para qualquer parte do mundo. Uma vez no estrangeiro, aproveitava o tempo livre para tentar aplicar técnicas de fotografia documental.
Foi da junção do gosto do vinil com o gosto pelas viagens que nasceu Dust & Grooves. De forma simples, este é um projeto que abre uma janela para o universo dos colecionadores de vinil: através da fotografia de Eilon, conhecemos pessoas cuja história se mistura com a própria música. Ao conhecermos os seus discos acabamos por perceber muito bem a sua personalidade.
Eilon Paz: as histórias de Dust & Groves
Sendo inicialmente considerado como um passatempo, Dust & Grooves tornou-se em algo mais sério no verão de 2012. Foi nessa altura que o projeto aderiu à plataforma de crowdfunding, Kickstarter. O objetivo principal era angariar o dinheiro suficiente para que Eilon pudesse viajar pelo mundo à caça de vinis e das suas histórias.
A meta foi alcançada com sucesso e a resposta superou as expectativas. Além de serem documentadas no blog, as aventuras de Eilon Paz foram depois compiladas num livro, que contava as aventuras de 6 anos de viagens. Ao todo, Dust & Grooves condensa as histórias de 130 colecionadores de vinis, contando com entrevistas a fundo que nos permitem conhecer pessoas de todas as partes do mundo.
Entre os entrevistados está Econ Alapatt, responsável pela Now Again Records, uma editora de Los Angeles, cuja missão é trazer de volta músicas de outros tempos, apostando em reedições. Curiosamente, Alappatt é casado com uma portuguesa, o que explica o interesse por músicas lusitanas e de origem brasileira e africana.
Mais conhecido do público, Keb Darge também encontrou lugar nas páginas de Dust & Grooves. O DJ escocês, responsável pelo renascimento do funk, mostrou a sua própria coleção, revelando que chegou mesmo a vender o carro para comprar um disco de sete polegadas. Os três divórcios por que passou foram responsáveis pela perda de parte da coleção, mas ainda assim o artista foi capaz de manter muitas raridades.
Cut Chemist, do grupo hip hop Jurassic 5, foi outro dos entrevistados. Em paralelo com a atividade profissional, o norte-americano continua a divertir-se com o sampling de vinil. A prova do fascínio pelo objeto esteve presente em 2013, quando os Jurassic 5 atuaram no Optimus Alive. Em palco, apresentaram um gira-discos gigante.
O vinil está na moda
Embora não haja números que o comprovem, a verdade é que parece que o vinil voltou a estar na moda. Numa altura em que a música é cada vez mais digital, há ainda quem faça questão de adquirir o objeto físico que é mais do que a música em si. Sinónimo de revivalismo, o vinil tem uma parte visual forte – as capas icónicas. Para quem ouve, uma coisa é consensual: o som é completamente diferente.
O sucesso dos discos em vinil fez com que inclusive surgissem várias lojas independentes que se dedicam parcial ou exclusivamente a este nicho de mercado mais revivalista. Em 2007, foi mesmo instaurado o Record Store Day. Com data marcada para o terceiro sábado de abril, este é o dia que celebra a cultura e os fenómenos de culto por detrás das lojas de música mais tradicionais.
Entre os fãs do vinil encontram-se artistas de renome. Jack White, por exemplo, confessa-se um grande admirador destes objetos que ultrapassam a música para se tornaram alvo de verdadeiros fenómenos de coleccionismo.