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David Bowie e os alter-egos do Camaleão

David Bowie e os alter-egos do Camaleão

by Gonçalo Sousa

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Não é por acaso que David Bowie é conhecido pelo cognome de Camaleão. Mais do que um mero cantor, David Bowie provou ao longo da sua carreira que a teatralidade na música é um meio poderoso para contar histórias, criar relações, cantar canções e transmitir emoções.

A maioria dos seus grandes êxitos possui uma persona específica por detrás da voz, um alter-ego que se reproduz tanto na música como nas diferentes personagens que assumiu em palco ao longo da carreira. Mas qual foi o caminho de David Bowie até ao reconhecimento mundial como uma das melhores vozes de sempre?

Estamos no início de 1947, mais precisamente no dia 8 de janeiro. Em Brixton, nos limites de Londres (Inglaterra), Margaret e John Jones tornam-se pais de David. O rapaz rapidamente ganha boa reputação na escola, considerado por professores e amigos como uma criança talentosa, com uma inteligência e mentalidade únicas. Mais tarde, David Bowie começa a frequentar a Burnt Ash Junior School, onde surge uma oportunidade para se estrear no mundo da música: o coro da escola.

David Bowie: talento precoce e acidente

Dança, teatro e música foram competências que fizeram parte da educação de David Bowie. Impactado por artistas como Elvis Presley e Little Richard começou a atuar perante um público variado. Colegas do seu grupo de escuteiros recordam que tais apresentações eram memoráveis e pareciam ser feitas por alguém vindo de outro planeta… O amor pelo jazz moderno surgiu quando entrava na adolescência e foi suficiente para que a mãe consentisse em pagar-lhe aulas de saxofone. Contudo em 1961 surgiu um imprevisto.

Em plena adolescência ficou ferido num olho após uma luta com um colega da escola por causa de uma rapariga. O resultado foi 4 meses de internamento hospitalar e uma série de operações. O olho nunca ficou totalmente recuperado e a pupila é ainda hoje mais dilatada do que o normal, sendo também de outra cor do olho original. Contudo, nada iria impedir David Bowie de se tornar em breve uma das maiores referências culturais do mundo da música.

David Bowie: personalidade teatral e extravagante

Em 1967 e com apenas 20 anos editou o seu primeiro álbum de título homónimo. O disco no entanto não registou grande sucesso e, por isso, David Bowie refugiou-se no estudo de artes dramáticas, onde procurava encontrar o meio de expressão ideal para encaixar na sua personalidade multifacetada.

Com a ajuda da dançarina Lindsay Kemp, aprendeu a exteriorizar toda a imaginação e extravagância que sentia, formando a personalidade camaleónica que iria levá-lo ao êxito absoluto. O resultado final foi demonstrado dois anos mais tarde, em 1969, com o lançamento do seu segundo álbum: Space Oddity (que convenientemente coincidiu com a chegada do homem à Lua). Este foi o disco que estabeleceu a base para a carreira de sucesso que se seguiu e ainda continua com vigor.

Além de uma voz notável, David Bowie é também um compositor de alta qualidade, conforme demonstrou de forma soberba em discos clássicos como The Man Who Sold the World (1970), Hunky Dory (1971), The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars (1972), Aladdin Sane (1973) e Heroes (1977).

David Bowie: o fim que ninguém esperava

As metamorfoses podem ter ficado para trás, mas David Bowie continuou até ao fim da sua vida a ser uma referência de estilo e elegância, sendo venerado, imitado e idolatrado por milhões de seguidores em todo o Mundo.

O mês de janeiro de 2016 provou ser surpreendente para todos os fãs do artista britânico. No dia 8 de janeiro, dia em que celebrou 69 anos, David Bowie presenteou os seus seguidores com um novo álbum surpresa: Blackstar. Este novo trabalho, que inclui singles originais como Blackstar e Lazarus, foi de imediato muito bem recebido pelos fãs, que acreditaram que este poderia ser um novo capítulo na carreira musical do artista.

Porém, apenas dois dias depois, o mundo da música percebeu que este último trabalho de David Bowie era afinal uma carta de despedida. Para grande choque das massas foi anunciado o falecimento do artista na madrugada do dia 11 de janeiro. De acordo com fontes oficiais, David Bowie morreu de forma pacífica, rodeado por amigos e família, na sequência de uma longa batalha contra o cancro.

Impressionante como o artista encenou uma despedida artística sem avisar ninguém, continuando até ao fim a provar que a teatralidade na música é um meio poderoso para contar histórias, criar relações, cantar canções e transmitir emoções.

   

DISCOS RECOMENDADOS DE DAVID BOWIE:

The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars

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Hunky Dory

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Heroes

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Aladdin Sane

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