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O dia em que ouvi Slimmy, a “next big thing”

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O dia em que ouvi Slimmy, a “next big thing”

by José Manuel Simões

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Estava a suar atrás da bola quando ouvi o telefone a tocar em cima da toalha de praia. Corri para atender. Era Saul Davies, dos James, que desde que tinha casado no Minho e vivia no Porto tinha-se tornado amigo, veio aqui a casa, jantámos algumas vezes em família.

“Ouve isto”. E põe-me a escutar pela primeira vez Slimmy, “Bloodshot Star”, “caramba, grande cena”, e o Saul Davies efusivo e tão entusiasmado quanto eu: “Conheci-o ontem, uma figura cheia de glamour, internacional, a “next big thing”, o primeiro músico com verdadeiro potencial em Portugal para fazer sucesso no estrangeiro. Vou produzi-lo e levá-lo para Inglaterra. O que é que achas?”

Meses depois soube que o amigo Albertini, da Xinfrim, era o responsável pelo booking, que o disco, “Beatsound Loverboy”, já estava gravado, que iria ser editado em Setembro. Mandou-me uma cópia. Rendi-me, fui vê-lo em concerto e entrevistá-lo aos Maus Hábitos no Porto.

Soube que Jags Kooner dos Primal Scream tinha remisturado um dos seus temas, que o vídeo de “Bloodshot Star” tinha merecido atenção da MTV 2, que a mesma canção foi escolhida para a série de TV “C.S.I Miami”, que ele recebeu 13 mil dólares por isso, que “Self Control” era banda sonora do programa de resumos da Liga Inglesa na Sky Sports.

   

Ao contrário de muitos jornalistas de música nunca tive ódios de estimação nem criei ídolos com pés de barro, mas acreditei tanto no talento e na postura de Slimmy que não descurei uma oportunidade para enfatizar o seu valor. Dele, do Garcês na bateria e do Paulo Garim na guitarra que o acompanham como irmãos.

Lançado que está o disco, chamaram-no de “José Mourinho da música”, as televisões, os jornais, as rádios, os tops, as telenovelas, as fãs, todos a correrem na sua direcção. Abraçaram-no, ele com aqueles lábios maiores que os do Mick Jagger, a mini-saia da igualmente loura oferecendo-lhe as pernas, o corpo em alvoroço, todo ele música até a androginia.

“Se há tanta coisa feia e má no Mundo porque não trazer-lhe brilho, asas da alegria, arrojo, disposição para dar qualquer coisa ao público para além da vulgaridade”, dizia-me ele, Slimmy, Paulo Fernandes na vida real e no palco, moldando-se à vida em função de si mesmo. O outro dia, ao vê-lo no Convento do Beato, os irmãos, a mãe sempre lá à frente, uma multidão rendida, o meu eu deleitado por ter apostado num músico que já é a “next big thing”.

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