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A Nação Zumbi que deu forma ao punk rock no Brasil

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A Nação Zumbi que deu forma ao punk rock no Brasil

by Eduardo Aranha

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O panorama punk rock brasileiro não seria o mesmo sem o contributo artístico de Nação Zumbi. Afinal de contas, o movimento Manguebeat provavelmente nunca teria existido sem a banda de Chico Science.

A banda originada no Recife, nascida no início da década de 1990, sofreu algumas alterações desde a sua formação – uma delas devido à perda do seu fundador – mas em pleno ano de 2017 continua no ativo, brindando os fãs com novas músicas, lado a lado com a atuação de clássicos como Risoflora e Um Sonho. Este ano, o grupo regressa ao Rock In Rio e promete atrair milhares de pessoas, ansiosas pela música eletrizante que demarca a banda.

Aproveitando o concerto que se avizinha, decidimos que seria apropriado dedicar um artigo à história desta incrível banda. Aliás, era mesmo uma falta da nossa parte que ainda não o tivéssemos feito. Por essa mesma razão, convidamo-lo a carregar em Play na música que se encontra abaixo para que possa apreciar esta história ao som de uma das músicas mais conhecidas da Nação Zumbi.

A Nação Zumbi: o contributo de Chico Science e o legado

A história dos Nação Zumbi começa então em 1990. É por esta altura que Chico Science reúne um grupo de músicos cheios de talento: Jorge dü Peixe (tambor), Lucio Maia (guitarra), Dengue (baixo), Gilmar Bola 8 (tambor), Toca Ogam (percussão), Gira (tambor), Marquinho (tambor) e Canhoto (caixa), substituído mais tarde por Pupilo.

Antes da formação do grupo, Chico Science já tinha trabalhado com as bandas Orla Orbe e Loustal, nas quais teve a oportunidade de fazer as suas primeiras experimentações musicais, sob influência do soul, do funk, do hip hop e dos ritmos locais, como o maracatu. No entanto, quando percebeu que queria fazer algo único, que ainda não tivesse sido feito, reúne a sua própria banda.

E a verdade é que o género que tinham em mente deu lugar a um dos movimentos musicais mais interessantes da cultura Pernambucana: o Manguebeat de que falamos no início deste post, um movimento musical que contava com Chico Science e com a banda Mundo Livre S/A na vanguarda, seguidos de perto pelo Raimundos e Planet Hemp.

O que é o Manguebeat? Esta é na verdade uma pergunta pertinente, já que se torna importante perceber o movimento para entender a génese dos próprios Nação Zumbi.O manguebeat pressupõe uma mistura de diferentes ritmos regionais do Brasil, como é o caso do maracatu, com géneros como o rock, hip hop, funk rock e música eletrónica. Desta combinação improvável surge um género diferenciador capaz de se enraizar na história da cultura musical brasileira.

   

Mas não é apenas de sonoridades que vive o manguebeat. As letras contam também com mensagens poderosas: as principais características nas letras incluem críticas ao abandono económico e social do mangue, tal como a desigualdade latente no Recife que reflete a pobreza do estado de Pernambuco fora do eixo Rio-São Paulo.

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Assim, em 1990, Chico Science e Fred Zero Quatro (do grupo Mundo Livre S/A) escrevem um manifesto do movimento Manguebeat, o Manifesto dos Caranguejos com cérebro, que tem como símbolo uma antena parabólica colocada na lama. Porquê o caranguejo como símbolo? Porque é um crustáceo típico dos manguezais, regularmente capturado e vendido por trabalhadores da região.

Movidos pela criatividade, os Chico Science e Nação Zumbi começam então a dar alguns shows pelo Brasil até lançarem, em 1994, o primeiro álbum: Da Lama ao Caos. O álbum de estreia recebeu bastantes elogios por parte da crítica especializada, que ajudou a catapultar o sucesso da banda.

No entanto, quando tudo prometia avançar a um ritmo alucinante algo de terrível acontece: Chico Science falece na sequência de um acidente de carro, em 1997. Sem o fundador da banda, o grupo passa então por uma fase de reestruturação, mas decididos a continuar o trabalho: em 1998 lançam o álbum duplo “CSNZ” (ainda vinculado ao nome do ex-líder), incluindo um CD de músicas inéditas e ao vivo e um outro de remixes.

Em 2000, o grupo gravou “Rádio S.AMB.A” (YBrazil), conseguindo alcançar sucesso com “Quando a Maré Encher” e mostrando uma capacidade incrível de sobrevivência, mesmo sem Science. A reestruturação passou por passar Jorge Du Peixe para os vocais, acompanhado pelos demais integrantes: Lúcio Maia (guitarra), Alexandre Djengue (baixo), Toca Ogam (percussão), Gilmar Bolla 8 (percussão) e Pupilo (bateria).

Em 2002, a banda assina com a editora Trama e lança o seu disco homónimo: Nação Zumbi. Com hits poderosos como “Meu Maracatu Pesa Uma Tonelada”, o grupo consolida-se como uma das maiores bandas independentes brasileiras em atividade.

Produzido pela própria banda e por Scott Hard (que já trabalhou com de La Soul), em 2005, a Nação Zumbi volta à ativa com Futura, o seu sexto álbum. Este é um álbum diferente daqueles que nos tinham sido apresentados pela banda, aproximando-se mais das tendências eletrónicas mas com um vínculo próximo da música regional, colocando os tambores de maracatu em segundo planos.

Em 2007 a banda edita o seu sétimo álbum, intitulado “Fome de Tudo” ao qual se sucede, em 2014, o segundo  álbum homónimo “Nação Zumbi”. Até à data a banda não voltou a publicar trabalhos com canções inéditas, embora continue a dar shows com regularidade.

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