EVENTIDE: 50 anos ao serviço de todos os Músicos e Produtores
No panorama de equipamentos de produção e manipulação musical existem inúmeras empresas que criam novos produtos e ferramentas outrora impensáveis, enquanto muitas outras mantêm a aposta na recriação de hardware clássico. A EVENTIDE distingue-se por se encaixar nestas duas categorias, pois está em constante evolução na criação de produtos inovadores, sem esquecer as glórias anteriores. Com um pé no passado, um olho no futuro e totalmente envolvida no presente esta empresa lendária está no foco deste artigo.
Com muita honra e prazer apresentamos a entrevista do Blog Mundo de Músicas com Tom Longabaugh, Diretor do Desenvolvimento de Plugins da marca norte-americana, que de forma generosa respondeu às nossas perguntas, elucidou-nos sobre qual é (desde sempre) a cultura, espírito e missão da empresa e, como uma cereja no topo do bolo, ainda nos forneceu um excerto de áudio de um dos fundadores da EVENTIDE, o inventor Richard Factor, com uma resposta sonora a uma das nossas questões. Não podíamos pedir mais!
Antes de começar a ler esta entrevista queremos realçar que a mesma será publicada em format bilingue, primeiro em português e depois em inglês. E queremos não apenas agradecer sinceramente ao Tom Longabaugh (que também é músico) a simpatia e disponibilidade para falar connosco, mas também agradecer ao Bohan Xie, Gestor de Vendas, EMEA & APAC, que fez a ponte essencial para este texto se concretizar.
Let the show begin!
Tony Agnello & Richard Factor
Breve história da EVENTIDE
A EVENTIDE precisa de muito pouca introdução a qualquer pessoa no mundo do áudio professional (mesmo assim se quiser conferir a timeline clique aqui). O seu nome é sinónimo de efeitos de alta qualidade e inovação que tem vindo a ultrapassar as fronteiras no processamento de sinais desde os anos 70.
É importante referir que existe ainda outro segmento do espectro sonoro que a empresa trabalha através da EVENTIDE COMMUNICATIONS, existindo milhares de sistemas de registo de comunicações Eventide para Segurança Pública, Governo, Controlo de Tráfego Aéreo, Segurança e Operações que foram instalados em mais de 50 países!
Mas voltando à Música. Para todos os que não conhecem esta empresa e os seus produtos de renome, convém realçar que ela já existia muito antes do aparecimento de plugins VST no mercado de software musical. A EVENTIDE é, sem dúvida, uma marca lendária reconhecida pelos músicos, produtores e engenheiros de som de todo o Mundo. Existem ínumeras fontes de informação para conhecer melhor esta empresa, como o excelente canal YouTube da marca, mas também Eventide Blog ou o Gear Club Podcast.
Contudo, apesar do seu legado histórico, esta marca continua a manter um olho no passado e outro no futuro, como assinalamos na nossa review do plugin SplitEQ, cujo slogan de lançamento prometia uma nova Era na Equalização. Será verdade? Confira neste artigo!
Como documentado recentemente na sua série de flashback de leitura obrigatória, a empresa é responsável por muitas descobertas sónicas – demasiadas para listar aqui! – mas basta dizer que introduziram o primeiro dispositivo de efeitos áudio digital do mundo a estar comercialmente disponível com o inovador H910 Harmonizer.
No entanto, os engenheiros de New Jersey nunca descansam sobre as suas glórias passadas – estão sempre a aumentar o espectro sónico disponível para músicos e produtores, criando novas ferramentas.
Em 2017 lançaram o Physion, o primeiro plugin com a sua tecnologia Structural Effects (Efeitos Estruturais em português) destinado a alimentar uma nova linha de processadores. Em 2021 surgiu então o SplitEQ, que já referimos em cima, sendo que o grande lançamento de 2022 foi o plugin Physion Mk II, que representa mais uma abordagem poderosa e moderna aos efeitos múltiplos que proporcionam uma nova dimensão de sons.
Combinando a melhor separação Transiente / Tonal com efeitos EVENTIDE de classe mundial, este novo plugin abre a porta a soluções práticas de mistura e aplicações criativas, apresentando a melhor detecção estrutural Split™ do SplitEQ e um fluxo de trabalho simplificado concebido a pensar nos produtores, misturadores e designers de som. Ou seja, o Physion Mk II permite a qualquer pessoa descobrir novos horizontes sonoros e soluções mais inteligentes em pouco tempo.
Porquê que a EVENTIDE continua a ser tão relevante hoje com antigamente? Qual a sua missão, motivação e valores? Confira tudo na entrevista com Tom Longabaugh, Diretor do Desenvolvimento de Plugins da EVENTIDE, a partir de agora!
Tom Longabaugh
EVENTIDE: Um impulse natural para a inovação
Em 1971, a EVENTIDE foi fundada pelo engenheiro de gravação Stephen Katz em conjunto com o inventor Richard Factor e pelo advogado de negócios/patente Orville Greene. Porquê o nome EVENTIDE? Como é que isso surge e o que é que significa?
TL: EVENTIDE é uma palavra inglesa antiga que significa “noite”. A sua selecção como nome de empresa é anterior ao meu tempo, mas o Richard respondeu a esta pergunta no podcast do Gear Club:
Essencialmente, quando trabalhava na WABC no início dos anos 70, ele construía relógios para se divertir durante o seu tempo de descanso – e embora nunca tenha feito disso um negócio, gostava de EVENTIDE Clockworks como nome de empresa. Quando ele, Stephen, e Orville precisaram de nomear a sua empresa de áudio recém-formada, Richard sugeriu o nome e o resto é história. Eles abandonaram a expressão “Clockworks” algum tempo depois.
Desde o seu início, a EVENTIDE é sem dúvida uma marca lendária reconhecida por músicos, produtores e engenheiros de som de todo o mundo. No entanto, apesar do seu legado histórico, esta marca continua a manter um olho no passado e um olho no futuro, e está em constante evolução para criar produtos inovadores, incorporando tecnologia moderna com ferramentas de excepção, como os mais recentes premiados “stompboxes” e “plugins”. Qual é a força motriz por detrás da empresa?
TL: A força motriz é o desejo colectivo de inovar, criar novos sons, e colocar algo inspirador nas mãos de músicos e engenheiros de áudio. Não queremos descansar sobre as nossas conquistas passadas, embora, evidentemente, que as queiramos honrar. Este impulso para a inovação vem do topo – Richard e Tony [Agnello, o engenheiro contratado original] ainda lideram a empresa, e estão sempre à procura de empurrar a mesma para a frente. Eles são super apaixonados por isso. As pessoas que contrataram (e portanto a cultura interna da EVENTIDE) reflectem esses valores.
Em 2021, a EVENTIDE celebrou 50 anos de existência. Foi uma longa viagem cheia de momentos incríveis e repleta de sucessos. Qual é a sua visão para o futuro da marca nesta indústria?
TL: Queremos continuar a fazer o que temos vindo a fazer – fazer equipamento que inspire músicos, produtores e engenheiros! Com alguma sorte teremos mais alguns sucessos e poderemos manter as luzes acesas por mais 50 anos.
Sabemos que Richard Factor e Tony Agnello ainda hoje permanecem na EVENTIDE (tal como essas invenções, em várias recriações de hardware e software, incluindo para a plataforma Universal Audio). Será que continuam a influenciar a criação de produtos?
TL: Eles fazem! As ideias de Investigação e Desenvolvimento d produtos vêm agora principalmente de nós, os engenheiros mais jovens, mas Tony e Richard ainda estão bastante activamente envolvidos, e fornecem regularmente ideias, feedback, e claro, críticas, conforme necessário.
O que significa esse património – e o que a empresa faz para o fazer avançar? Onde é que as recreações se enquadram nas ideias mais recentes?
TL: Pensamos que as recriações plugin são importantes por várias razões – são sons intemporais ouvidos em inúmeros registos, e os plugins mantêm esses sons vivos mesmo quando o hardware se torna cada vez mais difícil de obter e manter. Além disso, os plugins tornam esses sons icónicos muito mais facilmente acessíveis aos nossos utilizadores. Mas, ao mesmo tempo, a EVENTIDE no seu âmago tem a ver com a promoção das possibilidades de música gravada e ao vivo – aproximando-se do som de novas formas. Para tal, continuamos a inovar – o processador de hardware H9000 e o plugin SplitEQ são bons exemplos disso. As ideias mais recentes são também as mais divertidas para se trabalhar.
Quão difícil tem sido transformar os vossos produtos clássicos em plugins?
TL: Tem sido certamente um desafio. Para além da modelação de circuitos (que alguns dos meus colegas dominaram), a parte surpreendentemente difícil é localizar unidades de trabalho antigas – estávamos a comprar unidades no Ebay e na loja Reverb para juntar uma unidade “dourada” de trabalho para algumas delas! Mas é uma tarefa divertida. Há muita investigação para apanhar os cérebros de Tony e/ou Richard sobre o produto. Havia uma série de limitações técnicas quando fizeram os produtos originais, e surgiram algumas soluções bastante ingénuas.
Na sua opinião, quais são os principais bens que EVENTIDE fornece desde o início até agora?
TL: Penso que é uma combinação de algumas características chave, sendo o primeiro e mais importante os sons convincentes que não se podem encontrar noutro lugar. Mas para além disso, dedicamos um grande esforço a fornecer software / hardware da mais alta qualidade possível, e estamos realmente concentrados em fornecer um apoio excepcional ao cliente.
Em 2007, o prestigioso Comité do Hall Of Fame dos Prémios TEC introduziu o processador de efeitos H910 Harmonizer®, que se diz ter transformado a produção musical e inaugurado uma nova era de criação musical. Quão importante foi para a equipa do EVENTIDE alcançar esse objectivo?
TL: No início e meados dos anos 70, não havia realmente uma equipa. Cada um desses primeiros produtos foi basicamente um esforço de um só homem – Richard fez os Digital Delays, Instant Phaser, e Omnipressor, Jon Paul fez o Instant Flanger, e Tony fez o H910 e H949. Perguntei ao Tony qual era a motivação, e ele disse-me que não tinha um objectivo! Pelo contrário, a tecnologia estava a evoluir rapidamente, e foi possível, pela primeira vez, conceber um conversor de áudio digital. Ele fê-lo porque podia.
EVENTIDE: Aposta nas novas tecnologias em parceria com o passado
Qual foi a motivação para criar a tecnologia de Efeitos Estruturais – o método patenteado da EVENTIDE para o processamento de áudio – em 2017? E como é que funciona?
TL: Como muitas ideias em EVENTIDE, a motivação inicial veio da nossa equipa de DSP. Tinham descoberto alguma investigação sobre a separação estável de transientes, acharam-na fascinante, e começaram a trabalhar com ela e aperfeiçoá-la. Essencialmente, funciona procurando regiões de relativa estabilidade em termos de tempo e frequência e considera aquelas como “Tonal” – o sinal restante é então classificado como “Transient”. A vantagem desta abordagem é que, ao contrário dos compressores ou outras ferramentas baseadas na dinâmica, a separação não é dependente do nível, e funciona bem com uma enorme variedade de fontes sonoras.
Será que esta invenção abriu novos horizontes? Qual foi a sua aplicação prática, ou, por outras palavras, que produtos aplicam esta tecnologia?
TL: Abriu absolutamente novos horizontes! Os nossos plugins SplitEQ e Physion Mk II utilizam-na ambos. A tecnologia ajuda a resolver todo o tipo de problemas – por exemplo, o SplitEQ pode remover o click de um bombo sem remover a potência, ou impulsionar o ar num vocal sem trazer consigo uma sibilância dura. O Physion Mk II permite afinar novamente os tambores sem manchar os transientes, ou aplicar uma reverberação suave e sem consoantes aos vocais. Mas isso é apenas arranhar a superfície, e temos muito mais ideias de produtos em preparação. Vale a pena verificar os dois produtos, e não digo isto apenas como engenheiro da EVENTIDE – utilizo-os a toda a hora nas minhas próprias produções musicais, e eles são salva-vidas e poupadores de tempo.
Existem mais produtos na produção que utilizam Efeitos Estruturais? O que podemos esperar no futuro?
TL: Sim, como referi acima, existem certamente mais produtos em desenvolvimento, embora não possa entrar em muito mais detalhes. Estamos também a trabalhar continuamente para melhorar a tecnologia subjacente aos Efeitos Estruturais e acrescentar características aos nossos produtos de Efeitos Estruturais existentes.
A família dot9, incluindo TriceraChorus, UltraTap, MicroPitch Delay, e Blackhole foi introduzida em 2020. Como foi a reacção da comunidade musical a esta nova gama de pedais?
TL: Não estou muito envolvido no lado do hardware, por isso não posso dar uma resposta definitiva. Pelo que percebi, tem sido um pouco confuso. O mercado está super lotado nessa gama de preços, e por isso é difícil destacar-se. A boa notícia (e em última análise, tudo o que importa) é que aqueles que compram dot9s parecem gostar realmente deles.
Em 2018, a EVENTIDE recebeu os prémios Technical GRAMMY pelo seu impacto na indústria do áudio. Isto significa que a marca foi reconhecida pelos seus dispositivos originais de efeitos áudio, criando os primeiros processadores de efeitos especiais montados em prateleiras para uso em estúdio e disponibilizando aos músicos processadores sofisticados de estúdio. Quando Tony Agnello e Richard Factor receberam o Prémio Technical GRAMMY 2018, como se sentiram todos dentro da empresa em relação a esse reconhecimento? Qual foi a principal reacção?
TL: Todos acharam que foi bem merecida! No entanto, Tony e Richard foram previsivelmente humildes a esse respeito.
EVENTIDE: O foco continua a ser ajudar a criar experiências musicais que movam as pessoas
Na minha opinião pessoal, considero que fez as invenções da EVENTIDE serem tão úteis aos músicos em particular foi o facto de apresentarem um som novo. Qual é a sua opinião sobre isso?
TL: Até certo ponto, penso que essa é uma avaliação relativamente precisa. Contudo, dedicamos muita reflexão e esforço à criação de parâmetros utilizáveis e musicalmente relevantes, o que é indiscutivelmente tão importante como o próprio som. Se não se consegue fazer o produto fazer o que se quer, não é muito útil!
Existe alguma relação especial entre os engenheiros da EVENTIDE e os artistas? Que tipo de feedback obtêm deles? E esse feedback altera de alguma forma os produtos?
TL: Varia com base no(s) artista(s) e no(s) produto(s). Tipicamente, o que acontece é que alguns amigos próximos da empresa passam pelo escritório e acabam por dar feedback sobre os primeiros protótipos. Normalmente nem sequer está planeado – eles apenas param para uma visita, e estamos entusiasmados por lhes mostrar o que estamos a preparar. As suas reacções iniciais e feedback serão muito provavelmente trabalhadas no produto, e esse feedback leva-nos a uma fase alfa. Depois, normalmente vamos a uma rede mais ampla de amigos artistas e integramos o seu feedback no que se torna o produto final. Ter esse feedback é extremamente importante para conseguir o conjunto de características correcto e assegurar que o produto é excitante e utilizável para os nossos clientes.
Num mundo cheio de utilizadores de plugins, estúdios domésticos, Internet e streaming áudio, o que significa para a EVENTIDE ter uma cultura global onde há tantos produtores e músicos?
TL: A maior mudança no nível de acesso é que agora temos uma base de utilizadores muito mais diversificada, e por isso precisamos de conceber os nossos produtos em conformidade. No passado, os nossos produtos destinavam-se a profissionais ou tipos avançados de “prosumer”, o que era uma espécie de qualidade devido ao preço elevado. Hoje em dia, especialmente no lado plugin das coisas, qualquer pessoa e todos têm acesso ao nosso material. Penso que isso é uma coisa esmagadoramente positiva – quem poderia argumentar que mais pessoas a fazer música é uma coisa má? Isso significa que concebemos os produtos de forma diferente. Não só precisamos de dar aos profissionais e utilizadores avançados a flexibilidade e profundidade de que necessitam, como também precisamos de tornar cada produto compreensível e utilizável por aqueles que estão a começar. E depois há todos os que estão no meio! Pode ser um equilíbrio surpreendentemente difícil de alcançar.
Como avalia o panorama do hardware e software musical em geral?
TL: Há por aí tantas ferramentas fixes. Pode certamente ser assustador, tanto para os utilizadores como para os fabricantes – tantas escolhas para os utilizadores e tanta competição para nós! É difícil destacar-se. Mas os avanços que estão a ser feitos no terreno são incríveis – o que é uma coisa boa.
Qual é a sua opinião sobre a qualidade do hardware e software de música disponível hoje em dia para cada músico e produtor? Sente que este tipo de ferramentas contribui positivamente para fazer melhor música ou apenas mais música?
TL: Penso que a qualidade é mais elevada do que alguma vez foi. É possível fazer uma peça de música absolutamente de cortar a respiração por pouco ou nenhum custo. Essa facilidade de acesso significa certamente que mais pessoas estão a fazer música. A qualidade da música é melhor? Não sei. Temos tendência a esquecer que sempre houve música “boa” e música “má”, e tudo isso é altamente subjectivo. Penso que qualquer pessoa que argumente que a música costumava ser melhor em anos passados está a esquecer-se da música “má”. Não há certamente falta de música nova que soe fresca, excitante e inspiradora. E se mais músicos e produtores conseguirem levar as suas ideias a bom termo, isso representa um valor líquido positivo.
Haverá algo que a EVENTIDE ainda não tenha sido capaz de alcançar e que estivesse nos planos da empresa desde o início? Se sim, então o quê?
TL: Não me parece – não somos bons com “planos”. Temos mais ideias do que alguma vez poderíamos alcançar. Muitas das nossas ideias permanecem impraticáveis até que a tecnologia avance suficientemente. Para nós há sempre o próximo passo.
Considera que os eventos da indústria musical como o NAMM e MIDEM são importantes para o desenvolvimento da economia da indústria musical no mundo?
TL: Hmm. Essa é uma pergunta a que eu teria respondido de forma diferente, no mundo pré-pandémico. Penso que servem o seu propósito, mas com tanta comunicação a ser virtual hoje em dia, penso que a sua importância está a diminuir.
Quer deixar uma mensagem particular aos músicos, produtores e / ou ao público em geral?
TL: Continue a criar! Adoramos ver como os músicos e produtores utilizam os nossos produtos no campo. No final do dia, estamos todos a trabalhar para o mesmo objectivo – criar experiências musicais que movam as pessoas.
E para terminar, como é que a EVENTIDE se imagina no futuro? Como e onde quer evoluir?
TL: Honestamente, somos terríveis em prever o futuro. Para nós, trata-se de estar à caça da mais recente e maior tecnologia, conceitos de DSP, UX, o que quer que nos entusiasme. Depois veremos onde essas ideias e conceitos nos levam – parece ter funcionado até agora!
CHECK BELOW THE ENGLISH VERSION OF THE EVENTIDE INTERVIEW FOR MUNDO DE MÚSICAS BLOG
EVENTIDE: 50 years serving all musicians and producers
Tom Longabaugh
In the panorama of music production and manipulation equipment there are countless companies that create new products and tools once unthinkable, while many others keep betting on the recreation of classic hardware. EVENTIDE distinguishes itself by fitting into these two categories, as it is constantly evolving to create innovative products, without forgetting previous glories. With one foot in the past, one eye on the future and fully engaged in the present this legendary company is the focus of this article.
With great honour and pleasure we present the Mundo de Músicas Blog interview with Tom Longabaugh, Director of Plug-In Development for the North American brand, who generously answered our questions, enlightened us on what the culture, spirit and mission of the company has (always) been and, as an icing on the cake, even provided us with an audio excerpt from one of EVENTIDE’s founders, inventor Richard Factor, with an audio response to one of our questions. We couldn’t ask for more!
Before we start reading this interview we would like to point out that it will be published in bilingual format, first in Portuguese and then in English. And we want to thank Tom Longabaugh (who is also a musician) for his kindness and availability to talk to us, but also to thank Bohan Xie, Sales Manager, EMEA & APAC, who made the essential bridge for this text to come true.
Let the show begin!
Richard Factor
Brief history of EVENTIDE
EVENTIDE needs very little introduction to anyone in the world of professional audio (even so if you want to check out the timeline click here). Its name is synonymous with high quality effects and innovation that has been pushing the boundaries in signal processing since the 1970s.
Importantly, there is yet another segment of the sound spectrum that the company works on through EVENTIDE COMMUNICATIONS, there are thousands of EVENTIDE communications recording systems for Public Safety, Government, Air Traffic Control, Security and Operations that have been installed in over 50 countries!
But back to the Music. For all those who do not know this company and its renowned products, it should be pointed out that it existed long before VST plugins appeared on the music software market. EVENTIDE is undoubtedly a legendary brand recognised by musicians, producers and sound engineers all over the world. There are numerous sources of information to learn more about this company, such as the excellent YouTube channel of the brand, but also Blog Eventide or the Gear Club Podcast.
However, despite its historical legacy, this brand continues to keep one eye on the past and one eye on the future, as we pointed out in our review of the SplitEQ plugin, whose launch slogan promised a new era in Equalisation. Could it be true? Check it out in this article!
As documented recently in their must-read flashback series, the company is responsible for many sonic breakthroughs – too many to list here! – but suffice to say they introduced the world’s first commercially available digital audio effects device with the innovative H910 Harmonizer.
However, the New Jersey engineers never rest on their past glories – they are always increasing the sonic spectrum available to musicians and producers by creating new tools.
In 2017 they released Physion, the first plugin with their Structural Effects technology designed to power a new line of processors. Then in 2021 came SplitEQ, which we’ve already mentioned above, and the big release of 2022 was the Physion Mk II plugin, which represents another powerful and modern approach to multi-effects providing a new dimension of sounds.
Combining the best Transient / Tonal separation with world-class EVENTIDE effects, this new plugin opens the door to practical mixing solutions and creative applications, featuring SplitEQ‘s best structural Split™ detection and a simplified workflow designed with producers, mixers and sound designers in mind. In other words, Physion Mk II allows anyone to discover new sonic horizons and smarter solutions in no time.
Why is EVENTIDE still as relevant today as it was in the past? What is its mission, motivation and values? Check it all out in the interview with Tom Longabaugh, EVENTIDE’s Director of Plugin Development, from now on!
In 1971, EVENTIDE was founded by recording engineer Stephen Katz, inventor Richard Factor, and businessman/patent attorney Orville Greene. Why the name EVENTIDE? How that comes out and what does it means?
TL: EVENTIDE is an Old English word meaning “evening”. Its selection as a company name way predates my time, but Richard answered this question on the Gear Club podcast:
Essentially, when he worked at WABC in the early 70s he would build clocks for fun during his down time – and though he never made a business of it, he liked EVENTIDE Clockworks as a company name. When he, Stephen, and Orville were trying to name their newly formed audio company, Richard suggested the name and the rest is history. They dropped the “Clockworks” sometime later.
Since his beginning, EVENTIDE is undoubtedly a legendary brand recognized by musicians, producers and sound engineers around the world. However, despite its historic legacy, this brand continues to keep one eye on the past and one eye on the future, and is constantly evolving to create innovative products, incorporating modern technology with more recent favorites like award-winning stompboxes and plug-ins. What is the driving force behind the company?
TL: The driving force is the collective desire to innovate, create new sounds, and to put something inspiring in the hands of musicians and audio engineers. We don’t want to rest on our past achievements, though we of course want to honor them. This drive for innovation comes from the top – Richard and Tony [Agnello, the original engineering hire] still lead the company, and are always looking to push the envelope. They’re super passionate about that. The people they’ve hired (and thus the internal EVENTIDE culture) reflect those values.
In 2021, EVENTIDE celebrated 50 years of existence. It has been a long journey full of incredible moments and filled with successes. What is your vision for the future of the brand in this industry?
TL: We want to keep doing what we’ve been doing – making gear that inspires musicians, producers, and engineers! With any luck we’ll have a few more successes and can keep the lights on for another 50 years.
We know that Richard Factor and Tony Agnello still remain at EVENTIDE today (as do those inventions, in various hardware and software recreations, including for the Universal Audio platform). Do they continue to influence product creation?
TL: They do! The R&D and product ideas now primarily come from us younger engineers, but Tony and Richard are still quite actively involved, and regularly provide ideas, feedback, and of course, criticism as necessary.
What does that heritage mean – and what the company does to move it forward? Where do recreations fit in with the newer ideas?
TL: We think the plug-in recreations are important for several reasons – they’re timeless sounds heard on countless records, and the plug-ins keep those sounds alive even as the hardware becomes harder and harder to come by and maintain. Beyond that, the plug-ins make those iconic sounds much more easily accessible to our users. But at the same time, EVENTIDE at its core is about pushing the possibilities of recorded and live music forward – approaching sound in new ways. To that end, we keep innovating – the H9000 hardware processor and the SplitEQ plug-in are good examples of that. The newer ideas are also the most fun to work on.
How difficult has it been to transform your classic products into plugins?
TL: It’s certainly been a challenge. Beyond the circuit modelling (which a few of my colleagues have mastered), the surprisingly difficult bit is tracking down old working units – we were buying units on Ebay and Reverb to piece together a working “golden” unit for a few of them! But it’s a fun task. There’s a lot of sleuthing and picking Tony and/or Richard’s brains about the product. There were a number of technical limitations when they made the original products, and they came up with some pretty ingenuous solutions.
In your opinion, what are the main assets that EVENTIDE provides since the beginning until now?
TL: I think it’s a combination of a few key things, the first and foremost being compelling sounds you can’t find elsewhere. But beyond that, we put a lot of effort into providing the highest quality software / hardware possible, and we’re really focused on providing exceptional customer support.
In 2007, the prestigious TEC Awards Hall Of Fame Committee inducted the H910 Harmonizer® effects processor, which has been said to have turned music production on its head and ushered in a new era of music creation. How important was for EVENTIDE team to achieve that goal?
TL: In the early and mid-70s there wasn’t really a team. Each of those early products was basically a one-man effort – Richard did the Digital Delays, Instant Phaser, and Omnipressor, Jon Paul did the Instant Flanger, and Tony did the H910 and H949. I’ve asked Tony what the motivation was, and he told me he didn’t have a goal! Rather, technology was rapidly evolving, and it was possible for the first time to design a digital audio pitch shifter. He did it because he could.
What was the motivation to create the Structural Effects technology – EVENTIDE’s patented method for processing audio – in 2017? And how does it work?
TL: Like many ideas at EVENTIDE, the initial motivation came from our DSP team. They had discovered some research on transient stable separation, found it fascinating, and began working with it/improving it. Essentially, it works by looking for regions of relative stability in terms of time and frequency and considers those to be “Tonal” – the remaining signal is then classified as “Transient”. The advantage of this approach is that, unlike compressors or other dynamics-based tools, the separation is not level-dependent, and it works well on a huge variety of sound sources.
Did this invention open new horizons? What was the practical application of this invention, or in other words, which products apply this technology?
TL: It absolutely opened new horizons! Our SplitEQ and Physion Mk II plug-ins both use it. The technology helps solve all kinds of problems – for instance, SplitEQ can remove the boom of a kick drum without removing the thud, or boost the air on a vocal without bringing up harsh sibilance. Physion Mk II allows you to retune drums without smearing the transients, or apply a smooth, consonant-less reverb to vocals. But that’s only scratching the surface, and we have plenty more product ideas in the pipeline. Both of those products are worth checking out, and I’m not just saying that as an EVENTIDE engineer – I use them all the time in my own music productions, and they are lifesavers and timesavers.
Are there more products in production that use Structural Effects? What can we expect in the future?
TL: Yep, as I hinted at above, there are certainly more products in in the works, though I can’t go into much more detail. We’re also continually working to improve the underlying Structural Effects technology and add features to our existing Structural Effects products.
The dot9 family, including TriceraChorus, UltraTap, MicroPitch Delay, and Blackhole was introduced in 2020. How was the reaction of the music community to this new range of pedals?
TL: I’m not very involved in the hardware side of things, so I can’t give a definitive answer. From what I understand, it’s been a bit of a mixed bag. The market is super crowded in that price range, and thus it’s hard to stand out. The good news (and ultimately all that matters) is that those who buy dot9s seem to really like them.
In 2018, EVENTIDE was awarded the Technical GRAMMY awards for their impact on the audio industry. This means that the brand was recognized for their original audio effects devices, creating the first rack-mounted special effect processors for studio use, and making sophisticated studio processors available to musicians. When Tony Agnello and Richard Factor received the 2018 Technical Grammy Award, how did everyone inside the company felt about that recognition? What was the main reaction?
TL: Everyone thought it was well deserved! Tony and Richard were predictably humble about it, though.
In my personal opinion, I consider that what made this EVENTIDE inventions so useful to musicians in particular was that they were just some new sound. What is your opinion on that?
TL: To a certain extent, I think that’s a relatively accurate assessment. However, we put a lot of thought and effort into creating usable and musically relevant parameters, which is arguably as important as the sound itself. If you can’t make the product do what you want, it’s not very helpful!
Is there any special relationship between engineers of EVENTIDE and the artists? What kind of feedback do you get from them? And does that feedback change the products at all?
TL: It varies based on the artist(s) and the product(s). Typically, what happens is a select few close friends of the company drop by the office and end up giving feedback on early prototypes. It’s not usually even planned – they’re just stopping by for a visit, and we’re excited to show them what we’re cooking up. Their initial reactions and feedback will most likely get worked into the product, and that feedback gets us to an alpha stage. We’ll then typically go out to a wider network of artist friends and integrate their feedback into what becomes the final product. Having that feedback is extremely important in getting the feature set right and making sure the product is exciting and usable for our customers.
In a world full of plugin users, home studios, Internet and audio streaming, what does it mean for EVENTIDE to have a global culture where there are so many producers and musicians?
TL: The biggest change in level of access is we now have a much more diverse user base, and thus need to design our products accordingly. In the past our products were intended for professionals or advanced “prosumer” types, which was kind of a given due to the high price tag. These days, especially on the plug-in side of things, anyone and everyone has access to our stuff. I think that’s an overwhelmingly positive thing – who could argue that more people making music is a bad thing? It does mean that we design products differently. Not only do we need to give the professionals and advanced users the flexibility and depth they require, but we need to make each product understandable and usable by those just starting out. And then there’s everyone in between! It can be an astonishingly hard balance to strike.
How do you assess the music hardware and software landscape in general?
TL: There’s just so many cool tools out there. It can certainly be daunting, both as a user and as a manufacturer – so many choices for users, and so much competition for us! It is hard to stand out. But the advancements being made in the field are incredible – which is a good thing.
What is your opinion on the quality of music hardware and software available today for every musician and producer? Do you feel that this kind of tools contribute positively to make better music or just more music?
TL: I think the quality is higher than it’s ever been. You can make an absolutely breathtaking piece of music for little to no cost. That ease of access certainly means more people are making music. Is the quality of the music better? I don’t know. We tend to forget that there’s always been “good” music and “bad” music, and it’s all highly subjective. I think anyone arguing that music used to be better in years past is forgetting the “bad” music. There’s certainly no shortage of new music that sounds fresh, exciting, and inspiring. And if more musicians and producers can push their ideas to fruition, that’s a net positive.
Is there anything that EVENTIDE haven’t been able to achieve yet and that was in the company plans from the beginning? If so, then what?
TL: I don’t think so – we’re not good with “plans”. We do have more ideas than we could ever get to. Many of our ideas remain impractical until technology advances sufficiently. For us, there’s always the next step.
Do you consider that music industry events such as NAMM and MIDEM are important to the development of the music industry economy in the world?
TL: Hm. That’s a question I would have answered differently pre-pandemic. I think they serve their purpose, but with so much communication being virtual these days, I think their importance is waning.
Do you want to leave a particular message for musicians, producers and / or the general public?
TL: Keep creating! We love seeing how musicians and producers use our products in the field. At the end of the day, we’re all working towards the same goal – creating musical experiences that move people.
And to finish, how do EVENTIDE imagine in the future? How and where do you want to evolve?
TL: Honestly, we’re terrible at predicting the future. For us, it’s all about being on the hunt for the latest and greatest technology, DSP concepts, UX, whatever gets us excited. Then we’ll see where those ideas and concepts take us – it seems to have worked out thus far!
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