Toy na Casa da Música: Embalo em tensão rumo à felicidade
Com álbum novo na bagagem, os ingleses Toy passaram pelo Porto e, uma vez mais, não defraudaram. Happy in the Hollow é o nome do mais recente longa-duração da banda, o quarto da carreira iniciada em 2010, e os seus temas foram a base do embalo em constante tensão que foi a noite na Sala 2 da Casa da Música.
A música dos Toy é, de facto, um permanente embalo que a espaços liberta expressões de felicidade interior imensa, como quem respira após longo e profundo mergulho…
A razão da visita à Invicta e a Portugal (houve depois concerto em Lisboa) foi a apresentação do quarto álbum da banda e foi com Jolt awake, dali tirado, que o embalo começou. Faz parte da coisa, este embalo promovido pelas guitarras e pela vocalização, um embalo em constante tensão que, de quando em quando, neste ou naquele tema, explode, preenchendo com felicidade certos vazios que cada um que os ouve comporta.
Apesar do concerto ter como mote Happy in the Hollow, o quinteto passou por toda a sua história e, depois da introdução, veio I’m still believing, saído de Clear Shot, álbum de 2016.
A massa humana que assistia, e que não era assim tanta, estava a ser conduzida para onde os Toy queriam e as circunstâncias propiciavam a que a coisa seguisse o rumo intimista, tendo no horizonte a felicidade.
Regresso ao novo disco e o embalo entrou em velocidade escaldante, que é como quem diz em velocidade cruzeiro!
Sequence one e Mistake a stranger espoletaram a tensão (latente, mas sempre presente) para se seguir nova visita ao passado. Fall out of love foi a primeira visita a Join the Dots, álbum de 2013, e que, mais à frente, teria complemento com o tema que empresta o nome ao álbum, em mais um momento de expressão de felicidade.
Novo mergulho em Happy in the Hollow, com Tom Dougall (guitarra e voz), Dominic O’Dair (guitarra), Maxim Barron (baixo e voz), Charlie Salvidge (bateria) e Max Oscarnold (teclados) a oferecerem um bloco de quatro temas dos novos: Move through the dark, You make me forget myself, Motoring e The Willo.
Momento para percepcionar melhor a sonoridade do novo trabalho, ou seja, embalo em tensão, com melodias simples, mas eficazes, que conduzem o ouvinte por paisagens coloridas em que não há espaços em branco, porque esses foram pintados com felicidade.
Seguiu-se aquele que, talvez, tenha sido o momento da noite para este vosso devoto escriba: Last warmth of the day. Está lá o embalo, está lá a tensão, está lá a beleza da guitarra. Ora a puxar para baixo, ora a puxar para cima, o ouvinte perde-se no colorido psicadélico da sonoridade.
Escondidos na sombra das luzes de colorido psicadélico e nas guedelhas fazendo lembrar outros tempos (que sempre voltam de alguma forma), o quinteto expressava-se de forma exímia, deliciando o público, que, diga-se, não era assim tanto como isso.
Depois de Mechanism e de Dead and gone, este do álbum epónimo e de estreia (2012), os Toy libertaram e atiraram-se com toda a Energy ao fim do concerto. A energia que faltava para libertar toda a tensão acumulada e que todos, público e banda, aproveitaram ao máximo.
De regresso ao palco para mais uma, a banda foi ao ao fundo do baú buscar o fim do concerto. Left myself behind (primeiro single editado em 2011) fechou uma noite em que o som nem sempre teve a qualidade que se espera nestas coisas e nestes sítios, mas em que a música compensou… e muito.
Inexplicável, ou talvez não (isso é assunto para outros escritos), o pouco público presente. A banda e a sua música mereciam, e merecem, mais calor humano.
Mesmo assim, o rock aconteceu e, apesar do calor, esteve-se muito bem na Casa da Música a ouvir estes Toy que, passo a passo, confirmam o calibre que demonstraram logo ao primeiro disco.