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Roadies: 10 músicas sobre o rock n’ roll em digressão

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Roadies: 10 músicas sobre o rock n’ roll em digressão

by Eduardo Aranha

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Roadies. O termo deriva do inglês, combinando “road”, que significa estrada, com “ie”, um sufixo usado para criar diminutivos. Se quiséssemos traduzir o termo para a língua portuguesa, a palavra “estradinha” poderia muito bem ser utilizada. Mas isso, na nossa opinião, descaracteriza totalmente aquilo que é um “roadie” ou o estilo de vida que representa.

Mas o que é um roadie, afinal? Alguns de vocês talvez já estejam a sorrir ao reconhecerem o termo. Um roadie é alguém que está sempre na estrada. O termo tanto se pode aplicar às bandas, quando andam de um lado para o outro nas suas digressões, como a pessoas específicas com uma grande responsabilidade: executar tarefas relacionadas com produção dos espetáculos, de forma a assegurar que está tudo em ordem para o momento em que a banda subir ao palco.

É por isso mais do que natural que ao longo da história da música tenham sido várias as bandas a falar das suas experiências enquanto roadies ou dos roadies que encontraram pelo caminho. Neste post, sacudimos o pó dos nossos discos de rock n’ roll e procuramos músicas que nos falem da vida das bandas e de episódios que viveram quando saíram para a estrada.

10 músicas de rock and roll em honra dos roadies

1 – Dirty Frank – Pearl Jam


Na música Dirty Frank, incluída como música bónus na edição europeia do álbum Ten dos Pearl Jam, a banda canta-nos sobre um tal de Dirty Frank, o condutor da camioneta que os conduziu de cidade em cidade na tour que fizeram ao lado dos Red Hot Chilli Peppers, entre 1991 e 1993. Em várias entrevistas dadas pela banda, os Pearl Jam relembram que o Dirty Frank era ligeiramente estranho: sempre que regressavam à camioneta, vindos de um concerto, reparavam que havia imensas latas de cerveja vazias debaixo do banco do condutor. Levada pela imaginação, a banda de Eddie Vedder chegou mesmo a formular teorias de que o homem era um serial killer e que comia as suas vítimas.

2 – Truckin’ – The Grateful Dead


A música Truckin’ é uma das mais conhecidas da banda Grateful Dead e um verdadeiro hino ao tempo que passaram na estrada. Reunidos para compor a música, os membros da banda concentram na letra várias das experiências por que passaram ao longo das suas tours, quando estavam completamente pedrados e sob o efeito de drogas. Os Grateful Death lançam ainda algumas luzes sobre o lado mais negativo das tours: o facto de se cansarem de andar de um lado para o outro e o desejo de, eventualmente, quererem assentar com as suas vidas. Uma música não tanto sobre o trabalho de roadie mas sim sobre a vida na estrada. Pode ser encontrada no álbum American Beauty.

3 – Turn the Page – Bob Seger


A música Turn The Page é sobre a viagem emocional e social marcada por altos e baixos da vida musical de Bob Seger. Vários produtores e amigos do artista contam que a música foi composta durante uma das paragens que a sua caravana fez, quando iam de cidade em cidade. A letra foca-se em episódio específicos pelo qual o artista passou, como a admiração das pessoas ao ver o cabelo do artista e em perguntarem se se tratava de um homem ou de mulher. “Is it woman, is it man?” é de facto um dos versos da emblemática Turn the Page. Em 2006, durante um concerto em Winscosin, Bob Seger confessou perante a audiência: “Escrevi esta música em 1972, num quarto de hotel em Eau Claire, no Wisconsin”. Turn The Page faz parte do álbum Back in ’72.

4 – Homeward Bound – Simon & Garfunkel


Paul Simon compôs Homeward Bound numa estação de comboios, durante os anos em que experimentou a sua sorte em Inglaterra e tocava ocasionalmente em bares e cafés. Com reminiscências de melancolia mas um tom que não é zangado, Paul Simon canta-nos sobre o mundo do espetáculo e um dos problemas das tours: o facto de repetirem, noite após noites, as mesmas músicas: “Tonight I’ll sing my songs again / I’ll play the game and pretend.” O êxito está incluído no álbum Parsley, Sage, Rosemary and Thyme.

   

5 – Lodi – Creedence Clearwater Revival


Nesta música dos Creedence Clearwater Revival, a banda de John Forgerty imagina-se a si mesmo como um mero artista, no meio do nada, a fazer música em troco de esmolas. O significado da música reflete, no entanto, o esgotamento sentido pelas longas viagens de estrada levadas a cabo pela banda. Como que desprovida de ambição, tudo o que a banda quer é regressar a casa. Lodi, uma localidade na Califórnia, é escolhida como a cidade onde a banda canta “Oh Lord, stuck in Lodi again” (“Oh Deus, presos em Lodi outra vez”). Curiosamente, a banda nunca passou por esta cidade. A escolha recaiu apenas na sonoridade da palavra. A música faz parte da tracklist do álbum Green River.

6 – (We Are) The Road Crew – Motorhead


Lemmy Kilmister prestou o seu tributo às tours feitas pelos Motörhead escrevendo esta emblemática música… na casa de banho. De acordo com o guitarrista dos Motörhead, este era o único espaço do estúdio onde podia, de facto, ter alguma privacidade e sossego. A música fala-nos das muitas responsabilidades de um roadie, aqui surgindo como a pessoa a quem cabe preparar tudo para o espectáculo. Os versos que se seguem demonstram bem o peso destas responsabilidades: “Another backstage pass for you / Another tube of super glue / Another border to get through”. A música pode ser encontrada no álbum Ace of Spades.

7 – All the Way from Memphis – Mott the Hoople


O guitarrista dos Mott The Hoople, Mick Ralphs, defrontou-se com um grave problema durante uma tour: perdeu a sua guitarra. O episódio inspirou então a música All The Way from Memphis. Nesta canção, incluída no álbum Mott, seguimos a história de um rock n’ roller que vê a sua guitarra ser enviada para Baltimore em vez de Memphis, onde daria o concerto. O artista, que só percebe a meio da viagem que não tem a sua guitarra consigo, demora um mês a descobrir onde está o instrumento. A música reflete o cansaço provocado pelo estilo de vida rock n’ roll.

8 – Torn and Frayed – The Rolling Stones


Composto por Mick Jagger e Keith Richards, o êxito Torn and Frayed fala-nos dos parasitas que estão sempre atrás dos artistas durante as tours: prostitutas, doenças e drogas. Com descrições dos bastidores dos concertos dos Rolling Stones nos anos 70, somos levados a um mundo de exageros e até mesmo uma certa decadência. Ainda assim, esta não é uma música que se deixe levar pelo lado mais sujo das tours porque, como encontramos na letra, há sempre espaço para salvação: “Just as long as the guitar plays / Let it steal your heart away.” Este êxito da banda britânica pode ser encontrado no álbum Exile On Main Street.

9 – Day After Day – The Pretenders


Nesta música, Chrissie Hynde compara os tours á guerra – uma perspetiva que é, na verdade, comum em vários álbuns de bandas da época dos The Pretenderes. Em Day After Day, Hynde canta sobre aviões e golfinhos em Tóquio e Lake Erie, voando sobre tudo enquanto perdem a vida real que está a acontecer à superfície. Na música, Chrissie Hynde chega mesmo a sussurrar de forma intimista os versos: “When the war’s finally over we’ll meet again / And pick up where we left off.” Logo depois, a guitarra de James Honeyman-Scott toma a liderança e ouvimos o som de um avião a despenhar-se. A música pode ser ouvida no álbum Pretenders II.

10 – The Load-Out – Jackson Browne


Um crítico disse uma vez que o álbum Running on Empty, de Jackson Browne, era sobre a vida na estrada, no palco, nos bastidores e em quartos de hotel. Composto em conjunto com Bryan Garofalo, este êxito de Jackson Browne descreve os pontos altos e baixos da vida na estrada, assim como a gratidão e frustração simultânea do artista pela experiência que está a viver. Entre os versos mais tocantes, encontramos “We’ve got time to think of the ones we love / While the miles roll away” embora isto se assuma como uma contradição porque “The only time that seems too short / Is the time that we get to play.”

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