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Chuck Berry: uma carreira inesquecível que não termina sem novas canções

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Chuck Berry: uma carreira inesquecível que não termina sem novas canções

by Eduardo Aranha

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O dia 18 de março marcou o fim da história para Chuck Berry, o músico norte-americano de 90 anos que deixou uma marca inegável no mundo da música. Mas será este de facto o fim? Os fãs ficaram felizes por saber que um novo álbum do artista, intitulado de CHUCK, chega ao mercado com as primeiras novas gravações do artista em quase quatro décadas.

Ainda que o álbum seja um assunto a merecer a nossa atenção daqui a alguns parágrafos, decidimos aproveitar este espaço para falar um pouco sobre a vida e obra de Chuck Berry, de forma a perceber o grande contributo que deu à cultura norte-americana e qual o seu percurso profissional.

Charles Edward Anderson Berry, melhor conhecido pelo seu nome artístico Chuck Berry, nasceu no dia 18 de Outubro de 1926 e construiu uma reputação graças ao seu trabalho como guitarrista, cantor e compositor. No entanto, por ter tido um dos pioneiros do rock and roll, o seu nome nunca será esquecido.

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Criador das célebres músicas “Maybellene”, “Roll Over Beethoven”, “Rock and Roll Music” e “Johnny B. Goode”, Chuck Berry aperfeiçoou e desenvolveu o rhythm and blues, incorporando-o num género emergente e garantido que o rock and roll se tornava no conjunto de sonoridades distintas pelo qual hoje o conhecemos. As suas canções, que se centravam na vida adolescente e realçavam temas como o consumismo, foram uma forte influência no género de rock que se repercutiu nas décadas seguintes.

Vindo de uma família da classe média, em St. Louis, Missouri, Chuck Berry era ainda muito pequeno quando demonstrou interesse pela música, fazendo a sua primeira apresentação musical na escola. No entanto, em 1944, quanto se dedicava ainda aos estudos, uma reviravolta dá-se na vida do artista: é preso por assalto à mão armada, ficando encarcerado entre 1944 e 1947.

Ao ser libertado, Berry decide constituir uma família, casando-se com Themetta Suggs e consegue um emprego fixo numa fábrica de montagem de automóveis. Ainda assim, enquanto constituía uma vida e assentava, Berry ia mantendo o seu interesse pela música. Em 1953, influenciado pela música e estilo musical de T-Bone Walker, Berry começou a fazer alguns concertos à noite ao lado de Johnnie Johnson.

A vida do jovem desconhecido guitarrista começou assim a mudar em Maio de 1955, quando  se cruzou com Muddy Waters, que o pôs em contacto com a editora Chess: é esta a oportunidade que dá a Chuck Berry o momento da sua vida e de fazer aquilo de que realmente gosta. Nos anos que se seguem vai-se consagrando como artista, viajando pelo país para inúmeros concertos onde faz fervilhar a audiência com Roll Over Bethoveen, Sweet Little Sixteen e School Days.

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A maioria dos grandes hits de Berry foram gravados na própria Chess, com as participações do pianista Johnnie Johnson, o baixista Willie Dixon e o baterista Fred Below, dando base ao que viria a ser a constituição básica de uma banda de rock and roll. De resto, Chuck preferia tocar sozinho, especialmente durante os seus tours: por norma, procurava e encontrava bandas locais que o acompanhassem em palco.

No entanto, quando começa a ganhar ritmo no seu trabalho musical, é novamente preso, desta vez em 1959, acusado de se envolver com uma empregada de mesa com apenas 14 anos. Condenado a pagar uma multa na ordem dos 5 mil dólares, é mantido atrás de grades até 1963. Ao sair da prisão, espera-o uma nova jornada. Ainda que não tenha conseguido alcançar o sucesso de que usufruía antes de ser preso, o artista continua a viver uma vida razoável de sucesso, focando-se nos clássicos melhor aplaudidos pelos fãs do que em criar novas canções.

No início da sua carreira, Chuck Berry foi fortemente influenciado por grandes artistas como King Cole, Louis Jordan, além de, claro, Muddy Waters, que o ajudou a lançar. Mais tarde, foi ele que se tornou na influência, ajudando a definir a voz de bandas como Beatles, Animals e Rolling Stones. E se há ainda dúvidas quanto à posição e impacto de Chuck Berry no panorama musical norte-americano, temos a prova da revista Rolling Stone que elegeu o artista como o 5.º maior nome da música de todos os tempos, considerando-o ainda o 7.° melhor guitarrista do mundo.

   

No dia 18 de março, Chuck Berry faleceu devido a uma paragem cardíaca, com 90 anos. Os seus últimos anos tinham sido dedicados à reprodução dos clássicos que marcaram o seu repertório – como dissemos anteriormente, o artista não se dedicou à gravação de novas músicas – e o seu tempo enquanto artista era especialmente preenchido com concertos no clube Blueberry Hill. Todavia, o artista parece ter repensado a sua decisão de não gravar novos conteúdos porque chega agora o álbum CHUCK que traz dez novas gravações, das quais oito são totalmente compostas pelo próprio Chuck Berry.

CHUCK é o primeiro álbum do músico desde “Rock It”, lançado originalmente em 1979.  O novo disco foi gravado e produzido pelo próprio Chuck Berry em vários estúdios em St. Louis, nos EUA, e inclui participações do seu grupo de sempre – incluindo os filhos Charles Berry Jr. (guitarra) e Ingrid berry (harmónica, voz), e ainda Jimmy Marsala (baixista de Berry durante 40 anos), Robert Lohr (piano) e Keith Robinson (bateria) – que tocaram consigo durante quase duas décadas em mais de 200 concertos na residência que teve no célebre clube Blueberry Hill.

O álbum também inclui participações de convidados como Gary Clark Jr., Tom Morello, Nathaniel Rateliff e Charles Berry III, neto do próprio Chuck Berry. Já o aclamado escritor e historiador Douglas Brinkley escreveu um artigo que é agora incluído nesta edição de CHUCK.

Este novo álbum é apresentado pelo single Big Boys, que conta com as colaborações de Tom Morello e Nathaniel Rateliff, e que Brinkley descreve como “um hino nacional para os guitarristas”.

“Preparar este álbum nos últimos meses, na verdade, ao longo dos últimos anos deu-lhe uma grande sensação de alegria e satisfação”, disse a família de Berry num comunicado partilhado no Facebook dias depois o falecimento do artista. “Apesar de termos os nossos corações muito pesados neste momento, sabemos que não temos outro desejo que não seja lançar este álbum para o mundo e não existe melhor forma de celebrar e lembrar os seus 90 anos de vida a não ser através da sua música.”

Algumas canções de CHUCK foram originalmente concebidas nos anos 1980, tendo Berry começado a trabalhar nelas no seu estúdio de casa, em St. Louis, durante muitos anos entre digressões. Acabou por trabalhar mais ativamente no álbum em 2014. Dado a sua saúde, foi obrigado a parar de gravar e de dar concertos em 2015, mas manteve-se a supervisionar a produção e planeamento de CHUCK, fazendo-se rodear de pessoas próximas como o amigo Joe Edwards, proprietários do Blueberry Hill, parar conseguir concretizar o desejo de terminar e lançar o álbum.

E desde o grande destaque que é Lady B. Goode, uma sequela espiritual do icónico Johnny B. Goode, com solos de três gerações de guitarristas da família Berry, à balada country acutilante que é Darlin’, um dueto com a sua filha Ingrid, CHUCK é uma verdadeira história de família.

“Trabalhar no disco do meu pai foi uma das melhores experiências da minha vida”, disse Charles Berry Jr. “Vou parar sempre guardar as conversas sobre músicas que tivemos e o tempos que passámos a concluir [o disco].”

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