Tom Waits: um soberbo e invulgar contador de histórias
Existem 3 tipos de cantores: aqueles que seguem determinada tradição musical e com a sua personalidade imprimem um novo olhar sobre o género em que se inserem, e os vocalistas que inventam uma nova linguagem, quebrando com os cânones estabelecidos. E depois existe Tom Waits: que é um cantor e performer à parte e não corresponde a nenhum destes estereótipos!
Ao olharmos para a carreira do artista norte-americano Tom Waits identificamos de imediato uma personalidade ímpar no mundo da música. Compositor, instrumentista, vocalista e até mesmo ator: Tom Waits trouxe um grande contributo ao mundo da música e das artes com o seu estilo refinado, numa mistura de beatnick com trovador jazz que seduz pelas palavras, postura e, sobretudo, um estilo indescritível.
Nascido em 1949 na Califórnia (EUA), viveu em Whittier com a mãe, depois do divórcio dos pais. Mais tarde, mudou-se para Chula Vista, em San Diego County. Por essa altura já tinha aprendido a tocar piano na casa de um vizinho mas (como contou em várias entrevistas) o verdadeiro amor pela música nasceu nas viagens que fez com o pai ao vizinho México. Os sons que emanavam do rádio enquanto viajava de carro na companhia do pai foram memórias determinantes para a sua carreira.
Em meados de 1965, começou a frequentar a Hilltop High School, onde integrou na banda The Systems, de soul e R&B. Entretanto, à medida que ia aperfeiçoando os seus dotes musicais, teve trabalhos mais comuns, nomeadamente numa pizzaria – sobre a qual escreveu as músicas I Can’t Wait to Get Off Work (And See My Baby on Montgomery Avenue) e The Ghosts of Saturday Night (After Hours at Napoleone’s Pizza House).
A chegada dos anos 70 abriu definitivamente um novo capítulo na história de Tom Waits. Por esta altura, trabalhava como porteiro num clube noturno em San Diego. Era um local frequentado por artistas de diferentes géneros. Entre atuações, ele foi encontrando a sua inspiração e definindo o estilo que queria criar com a sua música.
Aos 22 anos, assina com a Asylum Records. O seu primeiro álbum Closing Time é lançado no ano seguinte. Desde então começou uma viagem musical que conduziu Tom Waits ao reconhecimento global.
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Tom Waits tem muitas histórias para cantar
A sua voz única foi-se transformando ao longo dos tempos, desde a sonoridade limpa das primeiras gravações até às canções depuradas com expressão gutural que demonstrou nas últimas décadas. Essa mesma voz foi descrita uma vez pelo crítico Daniel Durcholz como se tivesse sido “embebida em bourbon, pendurada num defumadouro durante alguns meses e de novo retirada para ser atropelada por um carro”.
Com uma rouquidão carismática, Tom Waits incorpora na sua música um estilo vívido de blues, jazz e vaudeville, assim como experimentalismos inauditos na indústria musical. Mas ele é acima de tudo um contador de histórias, bem ao jeito de Jack Kerouac ou Bob Dylan, que são duas das suas maiores influências. Aliás, refraseando, Tom Waits é um soberbo contador de histórias, às quais imprime um tipo de interpretação peculiar e distinta.
Desde o drama até ao humor, passando pelos desgostos amorosos ou pela tragédia da guerra, Tom Waits consegue abordar qualquer assunto e revolvê-lo de tal maneira que construiu uma carreira inteira baseada em canções sobre sentimentos, emoções, sensações e muita classe musical.
Até 2015, Tom Waits lançou 16 álbuns de estúdio e 3 discos ao vivo, participando em muitos mais no formato de compositor, colaborador ou produtor. No total recebeu 10 discos de ouro pela sua obra. Mas a sua presença nas artes vai muito mais além disso: participou em filmes como ator e compositor, criou com a sua mulher peças de teatro e nunca ficou parado para gáudio de todos os seus fãs, sendo alvo de um culto intenso que alimenta com mestria.
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