Pixinguinha: muitos apelidos, um só músico chorão
O mundo musical comemorou o centenário de Pixinguinha, o maior chorão de todos os tempos, em 1997. Há controvérsias sobre a data de nascimento do mestre mas tudo indica que terá sido no dia 23 de abril de 1897. A data, descoberta por Jacó do Bandolim, surge nos registos dos livros da Igreja de Santana, onde Alfredo da Rocha Vianna Filho (ou Junior) terá nascido.
Filho de Alfredo da Rocha Vianna e Raimunda da Rocha Vianna, a criança que um dia se tornou mais conhecido por Pixinguinha nasceu e foi batizado no Rio de Janeiro. O famoso apelido surgiu alguns anos mais tarde, depois de ter contraído Bexiga, numa época bem lembrada por uma grande epidemia desta doença. Família e amigos começaram a tratá-lo como “Bexinguinha” e depois Pixinguinha. A sua família, no entanto, chamava-lhe de Pezinguim, apelido dado pela avó africana, que no dialeto em questão significa Menino Bom.
O interesse pela música e a relação precoce com os choros aconteceu graças ao pai. Funcionário dos Correios e músico amador, Alfredo da Rocha Vianna contava com um grande arquivo de choros e promovia regularmente reuniões de músicas em sua casa. Isto foi mais do que motivo para que o pequeno Pixinguinha tenha, desde muito cedo, enveredado pela música e por este género em concreto.
Mas fora o pai, havia mais músicos na família. O seu irmãos Otávio (China) tocava violão de seis e sete cordas, banjo, cantava e declamava. Henrique e Léo, por sua vez, tocavam cavaquinho e violão. Edith, por outro lado, era uma hábil pianista e Hermengarda só não se tornou cantora profissional porque o pai a proibiu.
Com 11 anos de idade, Pixinguinha já tocava cavaquinho entre os chorões da época. É também por esta altura que faz a sua primeira composição, o choro a que dá o nome de Lata de Leite. No Mosteiro de São Bento, onde estudou, enveredou por um curso de desporto. Mas a música cantou sempre mais alto. Aos 14 anos era um mestre da flauta e tocava num bar, La Concha, entre as oito da noite e a meia-noite, aquele que deve ter sido o seu primeiro emprego.
Irineu Batina, na época diretor de harmonia da Sociedade Dançante e Carnavalesca Filhas da Jardineira, levou Pixinguinha para tocar na orquestra do rancho, em 1911. No ano seguinte, Pixinguinha tornou-se diretor de harmonia do rancho Paladinos Japoneses, integrando ainda um outro conjunto conhecido por Trio Suburbano, formado por Pedro Sá, no piano, Francisco de Assis, no violino, e por ele, na flauta.
Pixinguinha: vida familiar, formação e sucesso
Estamos então em 1927 quando se torna maestro da Companhia Negra de Revista, onde conheceu a sua futura esposa, que nessa altura era a estrela da companhia, atuando como cantora. É assim que, no dia 5 de janeiro de 1927, se casa com Albertina da Rocha. Em 1935, o casal adota uma criança, Alfredo da Rocha Vianna Neto, o Alfredinho.
Mas antes disso , em 1933, Pinxiguinha tinha-se diplomado em teoria musical no Instituto Nacional de Música. Pouco depois, ainda em 1993, é nomeado por Pedro Ernesto para o cargo de Fiscal de Limpeza Pública, desejando que Pixinguinha reunisse os colegas de repartição e fundasse uma banda, a Banda Municipal, que faria a sua primeira exibição na posse do primeiro prefeito eleito do Distrito Federal, em 1934, que não seria outro senão o próprio Pedro Ernesto.
Ao longo da sua carreira musical, compôs mais de 100 músicas, entre as quais se destacam os bem conhecidos choros como Carinhoso, Lamentos, Vou Vivendo, Rosa, Naquele Tempo e Sofres porque Queres. Alguns dos seus trabalhos, criticados por terem uma inaceitável influência do jazz, são hoje aplaudidos por demonstrarem a visão avançada do compositor e músico.
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Em 1964, altura em que já se tinha consagrado na história da música brasileira, começa a dar sinais de fraqueza. O edema pulmonar que sofreu dá início a uma fase de declínio. Em 1972, o falecimento da sua esposa agravou ainda mais a sua situação.
Em 1973, faleceu na sequência de problemas cardíacos durante o batizado do filho de um amigo, realizado na Igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, em pleno domingo de carnaval, no mesmo momento em que a famosa Banda de Ipanema começava a desfilar.
Hoje, em homenagem ao músico, celebra-se, no dia dia 23 de abril – aniversário de Pixinguinha – o Dia Nacional do Choro.