KV Music Beats, uma produtora singular que divulga a Paixão pela Música
Paixão é uma palavra forte que pode assumir diferentes formas. Quer a forma seja amor ou ódio, alegria ou tristeza, constitui uma força motriz dentro da alma humana que gera acções concretas. E o nascimento e desenvolvimento da KV Music Beats é um excelente exemplo disso mesmo.
Conforme você pode confirmar nas respostas à entrevista que fizemos a Paulo Remagic, um dos fundadores da KV Music Beats, esta empresa nacional é uma produtora de áudio visuais cujo principal foco são os cursos e tutoria em Produção Musical, Gravação e Tratamento de Áudio e Som, ao mesmo tempo que se assume como tester de Instrumentos, controladores MIDI e tecnologias para Produção de Música.
Em complemento a isto tudo desenvolvem cursos, samplepacks e material para Produtores e Beatmakers, sendo ainda uma marca e distribuidora digital independente.
Ou seja, nada disto seria possível se não fosse também o resultado de uma grande paixão. Daquela paixão interior que impulsiona atos concretos com o objetivo de mudar o mundo com a Música, a arte suprema. Basta conferir a sua história no site http://www.kvmusicbeats.com/ para facilmente tirar essa conclusão.
Mas é nos cursos de música e para músicos que fica ainda explícito qual o propósito desta empresa notável no panorama musical português. Seja o Curso Completo FL Studio – Aprende a Fazer Música, Curso Ableton Live 10 – Aprende a Produzir Música, Curso Marketing Digital para Músicos e Produtores ou Curso FL Studio Mobile – O Manual Essencial, fica bem evidente que o objectivo é apoiar, ajudar, ensinar, promover e, sobretudo, divulgar a arte de fazer e produzir música por todos aqueles que procuram na Internet por soluções que resolvam os seus problemas e respondam às suas questões sobre Plugins VST, DAWs, software e hardware de Produção e Criação Musical.
Além de ser um projecto muito interessante que a comunidade musical em língua portuguesa merece conhecer, a KV Music Beats tem um excelente site, assim como redes sociais onde aplicam a mesma lógica de transmissão de conhecimentos que a caracteriza.
Nesse particular, destacamos o canal YouTube, onde você pode encontrar conteúdos tão diferentes como uma análise ao novo Ableton Live 11, um Manual de Sobrevivência para Produtores em tempos de pandemia Covid-19, ou vídeos explicativos sobre a Maschine da Native Instruments como este.
Antes de começar a ler a entrevista, aproveite e siga Paulo Remagic e a KV Music Beats nas seguintes redes sociais:
Entrevista com Paulo Remagic, produtor, fundador e CEO da KV Music Beats
Gonçalo Sousa (GS): Sabemos que a KV MUSIC BEATS é uma produtora de beats e instrumentais para artistas e empresas, assim como uma desenvolvedora de cursos de e-learning para futuros produtores e músicos. Mas como e quando nasceu a KV MUSIC BEATS?
Paulo Remagic (PR): Nasceu em 2003 com o nome Kriação Verbal, como organizadora de eventos e promotora de artistas do meio musical HipHop. No início dos anos 2000, o HipHop português ainda estava um pouco confinado a um público estrito e a nossa missão era levar o nosso som e este género musical aos ouvidos do grande público.
(GS): Por que escolheram o nome KV MUSIC BEATS?
(PR): KV são as siglas de Kriação Verbal, que fizemos questão de manter após um rebranding da marca em meados de 2012. “Criar verbalmente” é uma alusão à escrita, de preferência criativa. No início dos anos 2000 isto fazia sentido para nós porque produzíamos HipHop. Com a expansão da nossa atividade, a partir de 2012, “Kriação Verbal” passou a ser um nome que já não se adequava, para além de que, era um nome limitado ao público de língua portuguesa. Música (Music) e Batidas (Beats) é basicamente a essência do nosso trabalho desde sempre. Então “KV Music Beats” é um mix de todos esses conceitos e sentimentos, sem perder a essência e as bases.
(GS): Existem outras empresas em Portugal que fazem o mesmo que a KV MUSIC BEATS?
(PR): Sim e não. É uma questão complicada. Sim porque algumas das coisas que fazemos e produzimos especificamente (como beats, aulas, marketing, business mindset) também são feitas por outras empresas e artistas, que normalmente focam apenas alguns destes exemplos. E não, porque fomos os primeiros na internet a expor a questão da produção/beatmaking, não só de forma gratuita, assim como descontraída (inicialmente nas redes sociais convencionais). No ramo específico de beatmaking e home production, abordamos e comentamos um pouco de tudo da forma mais descomplicada possível. Acho que isso nos dá alguma exclusividade.
(GS): Qual é o vosso público-alvo?
(PR): Para os Cursos: Futuros Produtores e Beatmakers, DJ’s e Artistas com interesse em desenvolver competências na área da Produção. Para os Beats e Música: Artistas, Empresas, Cantores e Rappers.
(GS): Como é que os vossos serviços foram recebidos na comunidade musical em Portugal?
(PR): Sinceramente acho que ainda estamos a ser recebidos, e parece-me que bem. Apesar de termos cada vez mais público em Portugal, assim como parcerias e reconhecimento de alguns nomes de referência, a nossa atividade começou no exterior. Grande parte do nosso público é brasileiro e esse foi sem dúvida o primeiro a reconhecer o nosso trabalho. Com a expansão do projeto começámos a chegar aos ouvidos do público português e ainda existe um longo caminho a percorrer, mas a receção tem sido positiva.
(GS): Conseguem explicar qual foi a principal motivação para criarem uma empresa tão distinta e com os vários benefícios da KV MUSIC BEATS?
(PR): Aconteceu sem grandes planeamentos, simplesmente por amor à música e vontade de produzir coisas. Mas creio que a vontade de querer diferenciar, chegou quando percebemos que os conhecimentos adquiridos e usados ao longo do tempo em tarefas específicas, são transversais às mais diversas áreas da produção e mistura de áudio. Sempre produzimos e misturamos áudio, beats/ música e nossa oferta sempre foi virada para artistas e aficionados dos géneros que produzimos. A partir de 2012, o nosso foco passou a ser a produção como um todo (sem descurar do que já fazíamos). Isso permitiu-nos expandir os nossos conteúdos a todos os que se estivessem a iniciar no ramo e aos curiosos no geral. No fundo foi diversificar a oferta ao máximo, tentando manter o melhor padrão de qualidade possível.
(GS): Como surgiu a hipótese de desenvolverem cursos, samplepacks e material para produtores e beatmakers?
(PR): Essa hipótese surgiu com o próprio crescimento das redes sociais e consecutivamente os produtos digitais nelas comercializados. O YouTube por exemplo abriu portas para a criação de vídeos, e a criação de vídeos para o desenvolvimento de cursos online na Hotmart ou Udemy. Não apenas os vídeos, mas os samplepacks e material de áudio relacionado, que está à distância de alguns clicks para quem possa ter interesse. Todas essas ferramentas ajudaram muito neste processo.
(GS): E qual foi o objectivo ou motivação para se tornarem em simultâneo uma marca e distribuidora digital independente?
(PR): Inicialmente a marca foi registada para salvaguarda da imagem/ branding e nome do projeto na internet, após concluirmos que a visibilidade que estávamos a ganhar era significativa. Neste processo, percebemos que podíamos aproveitar o embalo e produzir também merchandise para os seguidores e adeptos do projeto, que ia sem dúvida, fortalecer bastante o branding. Virar distribuidora digital foi apenas o juntar todo o trabalho feio e conhecimento adquirido até aqui e culminá-lo nessa formalização.
(GS): Consideram importante a existência de empresas como a vossa totalmente em português? Porquê?
(PR): Sim. Primeiro porque existe grande parte do público português, quer de Portugal, quer emigrado no exterior, que tem preferência pelo português falado de Portugal. Percebemos isso pelo próprio feedback da comunidade. Depois para, de certa forma, marcar a presença e representar o nosso país neste ramo e atividade, nas principais redes sociais.
(GS): Até hoje, quais são os vossos produtos/serviços mais vendidos?
(PR): Os Cursos de Produção, que contam neste momento, com mais de 1700 alunos.
(GS): Como avaliam o panorama actual do software musical em Portugal?
(PR): Creio que não exista ainda, um grande software para a produção e beatmaking de marca portuguesa. Avaliando as tecnologias existentes, achamos que Portugal ainda está a dar os primeiros passos neste ramo. No entanto existem atualmente algumas companhias portuguesas com aplicações e soluções para a produção muito interessantes, como o LK Control da Imaginando. Não podemos generalizar esta resposta pois não dispomos de informação precisa relativamente a tudo que existe, mas para quem acompanha os principais veículos de comunicação da especialidade, pode concluir isso.
(GS): O que acham da evolução das tecnologias musicais, como plugins VST, DAWs, software em geral, no Mundo actual?
(PR): Sinceramente, se não fosse essa evolução, talvez não estivéssemos a ter esta conversa agora mesmo, por isso achamos bastante positivo. Este é um tema muito interessante de se observar ao longo dos anos. A tecnologia VST surge em 1994 pelas mãos da Steinberg, mas na prática, a DAW, que já existia, é um conceito bastante similar, mas em um contexto “mais” macro. A evolução das DAW e da tecnologia VST (que vai na versão 3) tem vindo a permitir cada vez mais, a experiência de gravar e produzir áudio em um estúdio de produção, mas num homestudio. Foi trazer as tecnologias elétricas e analógicas de estúdio, para o contexto digital em sistemas operativos virtuais, mantendo sempre muito presente a comunicação MIDI. Ao longo dos anos, isto permitiu aproximar muito mais gente do assunto e da criação de música, por tornar a atividade de mais fácil acesso e bastante mais barata.
(GS): Qual a vossa opinião sobre a qualidade do software musical disponível hoje para cada músico e produtor? Encontram muitas diferenças em relação ao período em que começaram neste mercado?
(PR): Achamos que hoje em dia a oferta é bastante diversificada e para todo o tipo de artistas, isto é, existem todo o tipo de soluções para os mais variados tipos de produtor, performances, artista etc, quer de software quer de hardware. Quando começamos a mexer com DAW e a explorar o beatmaking e produção, a tecnologia VST existia há 5 anos, em 1999. Por esta altura o FL Studio ia na versão 2 e ainda se ouvia falar do E-Jay, amado por uns, odiado por outros. Ainda existia o resquício da K7 e o CD devia estar a passar pelos seus últimos anos dourados. O panorama mudou muito e muita coisa evoluiu. Mas hoje, qualquer tipo de artista tem acesso quase que instantâneo a qualquer tipo de recurso e da mais alta qualidade. O interessante, é ver que os conteúdos de formação técnica existentes, acompanham a expansão dos respetivos produtos e tecnologias.
(GS): Consideram que este tipo de ferramentas contribui positivamente para se fazer música melhor? Ou apenas mais música?
(PR): Tudo depende do tempo que queremos dedicar a cada música. Se não impusermos limites nesse processo, e estivermos atrás de verdadeira originalidade e qualidade, este tipo de ferramentas contribuiu e muito para se fazer melhor música. É claro que, inevitavelmente, estas facilidades vão também atrair quem não queira perder o tempo necessário ou queira apenas seguir uma moda ou tendência de mercado, e claro que isso apenas vai gerar mais música. Acho que temos um pouco das duas coisas.
(GS): Existe algum objectivo que vocês ainda não conseguiram alcançar e que estava nos vossos planos desde o início? Se sim, qual?
(PR): No fundo temos alcançados todos os objetivos a que nos temos proposto, porque também sempre agimos de pés no chão, avaliando o cenário atual do mercado e da sociedade. Depois de alcançado cada objetivo, ou trabalhamos cada vez mais nos resultados ou começamos a criar outros. No entanto existe algo que ainda pensamos: construir um estúdio do zero, dos alicerces, à maçaneta da porta. Isto é mais um sonho que objetivo, porque atualmente é possível criar um estúdio topo de linha numa sala retangular de 190 metros quadrados, desde que bem isolada. Alias, o nosso estúdio, é o nosso local de culto, por isso estamos muito satisfeitos. Mas seria sem dúvida um objetivo bastante interessante.
(GS): Qual a vossa opinião sobre eventos da indústria musical, como NAMM e MIDEM? São importantes para o desenvolvimento da economia da indústria da música no mundo?
(PR): Sem dúvida. Tive conhecimento de muita coisa através desses eventos, principalmente a NAMM, não só de produtos, como de personalidades. Estes eventos não apenas apresentam novas soluções para o mercado, mas também reúnem pessoas em workshops, demonstrações, palestras etc, o que fomenta a expansão da indústria e o crescimento dos adeptos.
(GS): A KV MUSIC BEATS costuma apresentar os seus produtos e serviços em eventos deste tipo? Em caso afirmativo, quais e onde vocês encontraram o feedback mais positivo?
(PR): Ainda não chegamos nesse estágio. Atualmente produzimos música, beats, arranjos, cursos, samplepacks e afins, o que não é propriamente comum ser apresentado nesse tipo de eventos. Na eventualidade de começarmos a desenvolver software ou hardware, isso seria uma hipótese. Ainda assim, quem sabe algum dia, algum elemento da KV Music Beats é convidado a participar ou palestrar num desses eventos e possa apresentar os respetivos produtos da marca.
(GS): Querem deixar uma mensagem particular para músicos, produtores e / ou público em geral?
(PR): Apenas que se divirtam muito a fazer o que gostam, de forma a poder deixar um contributo positivo para as futuras gerações.
(GS): E para terminar, como a KV MUSIC BEATS imagina crescer no futuro? Como e para onde querem evoluir?
(PR): Queremos continuar na linha em que estamos focando na melhoria dos produtos e serviços existentes e criando novos. Há muito trabalho pela frente e muita coisa por explorar. Por isso vamos manter a atividade e o foco constante.
Agradecemos sinceramente a simpatia e disponibilidade de Paulo Remagic para a realização desta entrevista, assim como a cedência das imagens que a ilustram.
MUITO OBRIGADO E VOTOS DE MUITO SUCESSO KV MUSIC BEATS!!