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The Saxophones no Hard Club: A magia das canções de embalar… a alma

The Saxophones no Hard Club: A magia das canções de embalar… a alma

by Pedro Vasco Oliveira

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De volta a local suspeito de proporcionar momentos de fruição inesquecíveis, como são, seguramente, os de música ao vivo, Jorge e Joana entraram no Hard Club com diferentes convicções.

Jorge, fã de sonoridades mais, digamos, tempestuosas, chegou desconfiado e apresentava-se como “não muito apreciador” do que o programa propunha para aquela noite.

Por seu turno, Joana, seguidora de melodias e vozes maviosas, mostrava-se bastante expectante e entusiasmada perante a actuação dos The Saxophones.

«Find I Forget» abriu as hostilidades, uma afirmação que é mais do que contraditória do que se começou a ouvir. Musicalmente, The Saxophones pouco saem do registo do embalo, é certo.

No entanto, é um embalo de alma que rende os fãs e cativa outros ouvintes mais atentos.

Joana encaixa na perfeição no primeiro grupo, Jorge, lá mais para o final, rendeu-se e acabou por engrossar o grupo dos que foram à descoberta e não desgostaram.

Aliás, no final, pode dizer-se que ambos saíram satisfeitos ou, pelo menos, agradados com a noite e a banda-sonora.

The Saxophones: universo intemporal e melancólico

No Porto para apresentarem Songs of The Saxophones, o álbum de estreia do duo norte-americano – formado pelo casal Alexi Erenkov e Alison Alderdice, que em palco assume a composição de trio com a presença do baixista Rico Laws –, a banda, logo após, «Singing desperately», avançou com um novo tema («Crude advance»), para de seguida desfiar os três temas que compõem o EP de debute «If you’re on the water».

Assim, a seguir à canção que dá nome ao EP ouviram-se «New tradition» e «Best Boy», quando a plateia já estava rendida, apesar de um certo burburinho que insistia em persistir no ar!

Jorge fazia caminho e carreiro até ao bar, enquanto Joana se deliciava com cada acorde, com cada entoação de voz, com cada sorriso que Alison expressava por entre os pratos da bateria, num dos lados do palco.

No outro, sentado, como que enrolado no baixo, Rico debitava notas graves, marcando a cadência, sempre muito pausada e… melancólica.

   

Ao centro, em pé, guitarra à tiracolo, Alexi embalava, com as cordas da guitarra e as vocais, todos os que o ouviam cantar temas que, segundo o próprio, são “sobre crescimento e a possibilidade que cada um guarda para se transformar”.

Por outras palavras, “a maioria das canções discorre sobre relacionamentos no abstracto – apesar da minha relação com Alison também lá estar inevitavelmente inscrita – através dos traumas, dificuldades e incertezas, mas também dos afectos calorosos e da esperança”, referiu o vocalista/guitarrista em entrevista ao Ípsilon.

A esta altura, o ambiente intimista do concerto estendeu-se à plateia, razão pela qual Alison quis partilhar a experiência que estava a viver na Invicta de, ao cabo de nove meses, aquela ser a primeira ocasião em que se separava do jovem rebento que nasceu da relação com Alexi, de sua graça Valentino, e que já os aguardava em Lisboa com os avós, para onde seguiriam findo o concerto no Porto para mais uma actuação.

Bem, estava-se num momento de «Mysteries revealed» e o balanço continuava no mesmo ritmo. Jorge voltava ao bar e sentia o espírito mais amansado.

“Sabes, Joana, parecem espanhóis”, disse Jorge a propósito do burburinho crescente que, por vezes, tomava a Sala 2 do Hard Club. “Bem te disse que aquelas tias todas que aqui estavam no início estavam apenas para ver o João. (ponto)”, nome artístico do jovem que fez a primeira parte, sussurrou Jorge ao ouvido de Joana, quando do outro lado da sala se ouvia um sonoro “shiu”.

A Jorge ninguém lhe tirava da ideia que a falange de apoio do jovem João. era quem estava a minar o concerto cuja toada era tão serena e deleitável que quase se conseguiam ouvir as moscas… se as houvesse por ali. Não havia moscas, mas havia melgas humanas.

Joana estava entregue e nada a desviava do som que vinha do palco, a partir do qual o trio ofereceu, em jeito de embalo de alma (por mais revirada que esta fosse), «Aloha», o arrepiante «Time is like a river» e «Just give up».

Jorge concentrava-se finalmente, Joana vibrava interiormente com o que ouvia e, em palco, Alison e Alexi derramavam «Picture», «Alone again» e, já com os dois ao centro a cantarem, «Just you», no que assumiu contornos de «grand finale».

Joana guarda com enorme carinho todo o concerto, Jorge gravou o sorriso de Alison, imagem perfeita da sonoridade dos The Saxophones, cujas canções remetem para um universo algo intemporal e bastante melancólico.

Sobre o jovem João., que se fez acompanhar por um percussionista ainda mais jovem, ainda tem muitas horas pela frente de treino e tempo (esperemos que oportunidades também) para crescer e amadurecer.

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