NOS PRIMAVERA SOUND (DIA 2): O rock não é para meninos
Pára tudo! Apesar de ser num festival, onde as bandas tocam cerca de 50 minutos, uma hora, os Swans, mesmo não sendo cabeças-de-cartaz, que habitualmente tocam mais do que os outros, estiveram duas horas (duas!) em palco. Meus caros, o rock não é para meninos. E mais não digo!
Por falar em rock, o segundo dia da sexta edição do NOS Primavera Sound da Invicta não defraudou, em especial depois do deserto rockeiro do dia de abertura, e houve concertos de excelente nível.
Começou com os Pond, ainda o Sol se mostrava impiedoso, passou pelos Swans, que são uns senhores (e trouxeram álbum novo!) e fechou em beleza com o rock salpicado de psicadelismo dos King Gizzard & The Lizard Wizard.
Bem, três guitarras e duas baterias, a que se juntam um baixo e os teclados, só por si já fazem estrago, mas a intensidade dos australianos é arrasadora.
«Rattlesnake» abriu as hostilidades e deu o mote para uma hora de rock desbragado, a que o público correspondeu ao nível da banda. Mosh, crowdsurfing e muita agitação entre os milhares que se concentraram em frente ao Palco e que, no final, ficaram com a sensação de que alguém tinha adiantado o relógio tão rápido que o momento (se) passou.
Felizes os que escolheram começar pelos King Gizzard & The Lizard Wizard e não pelo concerto de Nicolas Jaar, pois ambos arrancaram à 1h00, mas como o norte-americano tocou mais meia-hora, a escolha foi a mais acertada, pois deu para ver dos dois concertos. Um festival não é apenas o que se vê, mas muito também do que não se viu! Faz parte e assim é que tem que ser.
Nicolas Jaar, na meia-hora que este vosso escriba viu, proporcionou um espectáculo de luz e cor e electrónica da melhor, deixando outros tantos milhares extasiados, mas perplexos no final com a saída do músico de palco. Bem, de alguma forma, deixou-os pendurados.
Bem, mas duas horas não é para todos, chega-se lá com muitos anos e muita música na estrada… Pois, os Swans, os decanos desta edição de NOS Primavera Sound Porto que voltaram a mostrar toda a sua mestria sonora. Escuridão, negritude e intensidade q.b. ou para lá disso… Um deleite sónico!
NOS Primavera Sound: as bandas que se prolongaram pela noite
O segundo dia revelou uma maior e previsível enchente, tornando-se o espaço, a espaços, algo limitado. Está muita gente e está bem, pois risos, sorrisos e muita gargalhada não faltam no idílico Parque da Cidade do Porto.
E se outras coisas passaram pelos palcos com actuações, mais ou menos, entusiasmantes, como Angel Olsen, Hamilton Leithauser, Bon Iver ou, mais tarde para a festa dançante, Richie Hawtin, ainda falta falar do concerto: Sleaford Mods.
Sleaford Mods é qualquer coisa de inquietante e siderante. O fascínio deste escriba pela sonoridade do duo inglês é ilimitado. Dois gajos num palco despido de artefactos, um computador e um microfone. Um bebe cerveja, abana-se e dispara os temas no computador; o outro dispara palavra como ninguém, meneia-se como ninguém e é incisivo.
Ouviram-se muitos “England is dead” e “Fuck off England” da boca de Jason Williamson, enquanto Andrew Fearn bebia mais um gole de cerveja.
Delicioso e intenso, pois musicalmente é electrónica exigente.
“Army nights” lançou a faísca que incendiou um pasto de temas como “Britain thirst”, “TCR”, “Jolly fucker”, “Jobseeker” e se apagou com “Tweet Tweet Tweet”.
Os mais voluntariosos deixaram-se ficar para a festa mais electrónico-dançante. Nós fomos descansar, porque ainda não acabou!
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