Quarteto 1111: o grupo lendário que desafiou a ditadura

As Lendas do Quarteto 1111 é o primeiro livro em nome individual de António Pires, jornalista de música, sobre o colectivo composto por José Cid, Michel Silveira, Tó Zé Brito e Mike Sergeant. Um grupo musical nascido há quase cinquenta anos que, segundo o autor, veio mudar a maneira de compor, tocar e ouvir música em português.

Este era um grupo que partia do rock anglo-saxónico, sem a ele se limitar, e que integrava no seu som elementos de música tradicional portuguesa, e ainda de outras proveniências, como a música árabe.  O grupo decidiu inovar e cantou, com ironia e espanto, temas da nossa História (D. Sebastião, D. Inês, o Todo o Mundo e Ninguém de Gil Vicente…) mas também deu voz a odes aos Beatles ou canções claramente anti-regime, como as que integraram o seu primeiro álbum.

Neste post, relembramos a importância desta banda no final do Estado Novo e propomos uma muito interessante, ao som de nada mais, nada menos do que os próprios Quarteto 1111.

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O lado lendário do Quarteto 1111

Estoril, 1967. No culminar de uma década que tinha conhecido muitas inovações e experimentalismos, as bandas procuravam sobretudo reinventar o que estava na moda e aquilo que os rádios lhes faziam chegar de todos os cantos do mundo. É exatemente neste contexto que se forma A Lenda do Quarteto 1111.

Em 1968 concorreram ao Festival RTP da Canção interpretando Balada para D. Inês, que se classificou em 3.º lugar e lhes valeu algum reconhecimento nacional. Algumas das canções do grupo tinham uma forte carga política, o que lhe valeu bastantes problemas com a censura. Foi o que aconteceu com o primeiro LP, simplesmente intitulado Quarteto 1111. Este álbum, que contava com temas como Domingo em Bidonville e Pigmentação, não mereceu os aplausos do Estado Novo. Muito pelo contrário: a Censura encarregou-se de retirar o álbum de circulação.

Tozé Brito (vindo dos Pop Five Music Incorporated; outro dos nomes grandes do pop/Rock nacional) entra para a banda substituindo Mário Rui. A partir desse momento, a banda começou a cantar também em inglês e tenta a internacionalização com temas como Back to The Country e Ode to The Beatles.

Em Agosto de 1971, o grupo atua no Festival de Vilar de Mouros, com um José Cid de barba e chapéu. Em 1973 , A Bruma Azul do Desejado , gravado com Frei Hermano da Câmara e o Quarteto 1111, foi o último disco que José Cid gravou com o Quarteto, antes de abandonar. Mas, em 1974, o grupo já estava de novo reunido para gravar Onde, Quando e Porquê, Cantamos Pessoas Vivas.

O regresso, para além de Cid, contava com novos membros: o baterista Guilherme Inês, Mike Seargent, Tozé Brito e António Moniz Pereira. A banda dura pouco tempo com esta formação e aparecerá uma formação totalmente nova (sem nenhum dos elementos originais) que usará o nome de Quarteto 1111.

O grupo original ainda se reagrupou em 1987, para gravar o single Os Rios Nasceram Nossos, mas não teve continuidade. A reedição em CD do Quarteto 1111, que contém os temas mais conhecidos do grupo, está no mercado para quem quiser ouvir o som produzido por esta banda pioneira do rock português.

Por outro lado, a história da banda é contada no livro . Com a coordenação de António Pires, os quatro elementos originais do grupo contam a sua versão da história, alguns episódios de tempos passados e dão a conhecer, em discurso directo, algumas verdadeiras revelações.

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