PJ Harvey: um sucesso que não se fica por Terras de Sua Majestade

Nasceu no ano de 1969 e é uma das artistas mais influentes da atualidade. Cantora, compositora e multi-instrumentista, Polly Jean Harvey – ou simplesmente PJ Harvey – arrebatou a cena alternativa britânica como poucos. A carreira começou nos anos 90 e foi marcada por uma ascensão muito rápida, tanto no que toca à popularidade como à aceitação pela crítica especializada. No final do terceiro disco, Harvey já se podia gabar de ter colaborado com grandes nomes do rock; quando a década de 90 terminou, a aclamação atingia proporções mundiais.

Vinda de uma quinta de Yeovil, na Grã-Bretanha, Polly interessou-se pela música durante a juventude. Foi nesse período que começou a tocar guitarra e saxofone, contribuindo para várias bandas mais ou menos profissionais. O grande passo ocorreu em 1991, quando decide formar o trio P.J. Harvey, juntamente com Steve Vaughn (baixo) e Robert Ellis (bateria). Por essa altura, os três elementos conseguem um contrato discográfico com a Too Pure, uma editora independente que neles tinha investido menos de 5 mil dólares.

Pouco tempo depois, sai o primeiro single, Dress, e mais tarde o aclamado Sheela-Na-Gig. É com este tema que o grupo consegue chamar a atenção da imprensa britânica, criando expectativas quanto ao lançamento do disco completo. Dry chega finalmente às bancas no ano de 1992; além das Terras de Sua Majestade, o álbum teve grande impacto nos Estados Unidos da América. A prova do sucesso foi a inclusão do disco na lista dos melhores do ano, tanto pelo New York Times como pela Rolling Stone. Quem também não passou despercebida foi a cantora PJ Harvey, distinguida nesse ano como Melhor Escritora de Canções e Melhor Vocalista Feminina.

PJ Harvey a solo e ao comando

O ano de 1993 marcou o início da colaboração com a Island Records, editora com a qual os P.J. Harvey editaram Rid of Me. De seguida, o grupo lançou-se numa tour mundial bem-sucedida, mas que culminou com a dissolução do trio. Um dos motivos para fim da banda foi a vontade de a vocalista colaborar com outros artistas – desejo esse que sempre esteve muito presente ao longo de toda a sua carreira. No final do ano de 1993, é então lançado 4-Track Demos, o disco que marca o início do percurso a solo.

To Bring You My Love, terceiro álbum de originais, é considerado, ainda hoje, um dos principais discos da artista. Estávamos em 1995 quando a cantora decidiu tomar as rédeas de si própria e tornar-se não só a voz, como também a guitarrista, teclista e percussionista dos seus temas. O resultado foi um trabalho altamente eclético, onde quase todas as músicas são da responsabilidade da própria PJ Harvey. Além dela, neste disco participaram artistas de renome, entre os quais John Parish, Eric Drew Feldman e Joe Gore.

Apesar do maior ecletismo, PJ Harvey nunca deixou de ser PJ Harvey , facto ainda mais inquestionável se considerarmos a postura em palco. Sempre irreverente e teatral, a artista transformou os seus concertos em verdadeiros espetáculos dos quais é impossível desviar o olhar. As performances ao vivo e os sucessos discográficos valeram-lhe a notoriedade que manteve e, em 1995, foi nomeada para dois prémios Grammy. Foi também considerada Artista do Ano pela Rolling Stone e pela Spin Magazine; To Bring You My Life foi várias vezes considerado como o melhor disco.

O próximo trabalho só saíria três anos depois. Em 1998, é a vez de Is This Desire? chegar às lojas. O disco manteve a política de colaborações: além de voltar a trabalhar com Parish, Gore e Feldman, convidou nomes como Mick Harvey (dos Bad Seeds) e o antigo colega Rob Ellis, do trio original P.J. Harvey.  Foi com Is This Desire? que a cantora voltou a ser nomeada para os Grammy Awards, estreando-se também com três nomeações para o Mercury Music Prize.

PJ Harvey: colaborações e mais colaborações

Na viragem do século, já no ano 2000, é lançado um dos trabalhos mais conhecidos. Em Stories From the City, Stories From de Sea, Harvey brinca com cenários opostos, conjugando ambientes urbanos e rurais no mesmo disco. É neste trabalho que se dá uma das suas colaborações mais célebres: falamos de The Mess We’re In com Thom Yorke, vocalista dos Radiohead. O mesmo artista contribuiu também com coros de One Line e Beautiful Feeling.

No ano de 2003, seguiu-se Uh Huh Her, álbum que levou a cantora pela primeira vez numa tour pela América do Sul. White Chalk, de 2007, foi outro grande sucesso, um disco composto quase inteiramente ao piano. Nos intervalos, Harvey percorria o mundo em festivais e concertos em nome individual. Atualmente, são poucas as grandes salas de espetáculo onde não atuou.

As colaborações não se ficaram só pelos seus próprios discos. Em 2003, a artista integrou o álbum de experiências musicais de Josh Homme (Queens of the Stone Age e Eagles of Death Metal) e aceitou ser membro do leque de músicos de Desert Sessions. Ao seu lado, estiveram nomes tão icónicos como Thom Yorke, Nick Cave, Tricky, Björk, Hal Wilner, Howe Gelb (Giant Sand), Pascal Comelade e Gordon Gano (Violent Femmes).

Recordes e ativismo que é só musical

Let England Shake, de 2011, foi o último disco editado. O trabalho valeu-lhe o segundo Mercury Music Prize, conquista que fez com que entrasse no livro do Guinness como a única artista a vencer o galardão duas vezes. Além deste, o álbum foi distinguido com vários outros que juntos confirmaram aquilo que já todos sabíamos: PJ Harvey é uma das mais versáteis, carismáticas e importantes artistas da atualidade.

Desde Let England Shake que a cantora ainda não regressou aos discos. Em agosto de 2013 lançou o tema Shaker Aamer como forma de protesto contra a prisão sem julgamento de um britânico, preso em Guantánamo. Apesar da canção, PJ Harvey não se identifica com o papel de ativista, dizendo que muitas vezes guarda as suas opiniões para si própria. “Tudo o que posso fazer é fazer o meu trabalho, que é suposto ser provocador e capaz de abrir a mente das pessoas”.

Ao longo dos anos, Harvey tem integrado outros projetos que vão para além da música. Fotografia, teatro e artes cénicas são alguns dos seus interesses. Em 2011, trabalhou com Ian Rickson na música para Ophelia e na produção de Hamlet. No mesmo ano, colaborou com Seamus Murphy, um fotojornalista conhecido por retratar cenários de guerra.

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