Maximus Festival 2016: rock n’roll e heavy metal agitaram o Brasil

Sou o Marcone, fã incondicional de rock n’ roll, heavy metal e suas vertentes, e farei reviews dos shows que eu assistir daqui em diante. Aprecie a leitura. Para iniciar, fiz o trajeto até o local do Maximus Festival de trem, que estava repleto de outros headbangers. Camisas pretas, cabelos compridos (coloridos também, em muitos casos) e piercings compunham o visual da maioria.

Depois de descer na estação mais próxima a Interlagos, se deu início uma longa caminhada, porém tranquila. Logo na saída da estação havia sinalização, indicando a direção a ser seguida para se chegar ao evento. Durante o trajeto, ruas interditadas para veículos, policiamento reforçado, ou seja, chegar a Interlagos foi, relativamente, fácil. Digo relativamente, pois a distância entre a estação e o autódromo era grande. Além disso, depois de chegar ao local, mais uma bela caminhada até a entrada principal.

Cerca de 40 minutos depois de ter deixado a estação de trem, adentrei ao local pelo portão principal. Logo de cara dava pra notar que esse seria um festival único! Uma decoração de tirar o chapéu, com grandes tambores presos em uma estrutura gigantesca, que soltava labaredas de fogo. Era apenas uma pequena demonstração do que viria mais tarde.

Se na entrada a decoração era grandiosa, por dentro o ambiente mantinha o elevado nível organizacional. Um aspecto que contribuiu muito para isso foi o sistema Cashless. O pagamento de tudo era feito através da pulseira, que continha um chip RFID, válida também como ingresso de entrada. O carregamento da pulseira era feito antes do festival, via Internet, ou logo na entrada do mesmo, em uma estrutura específica para isso.

Resultado: um festival sem filas quilométricas, graças a um sistema de pagamento automático, simples e rápido. Ponto para os organizadores!

Maximus Festival: os primeiros concertos

Mapa do festival.

O palco menor, Thunder Dome, ficava bem à esquerda, na entrada. A aglomeração de pessoas era grande, independentemente do show. Mais um ponto para os produtores, que levaram bandas de extrema qualidade para o festival. Por esse palco passaram bandas como Far From Alaska e Project 46. Duas bandas nacionais que sabem tocar música de qualidade. Enquanto a primeira produz um som que flerta bastante com o hard/stoner rock, a segunda é heavy metal na alma.

O Project 46 faz música pesada, com letras em português. Coisa rara no meio musical, devido a diversos fatores, dentre eles, obviamente, a influência norte-americana. Uma banda que interage muito bem com o público e deixa qualquer headbanger com o pescoço doendo de tanto balançar a cabeça. Ponto para os brasucas!

Entretanto, o melhor estava por vir. Nos palcos principais (eram dois grandes palcos, Maximus e Rockatansky, um do lado do outro, para que o pessoal não precisasse se locomover tanto) grandes bandas tocaram.

A abertura ficou a cargo de Steve ‘N’ Seagulls, banda que toca covers de outras famosas no cenário heavy metal, mas que colocam sua identidade musical em todas as músicas. Com influências folk, instrumentos pouco usuais no rock (como o banjo e baixo acústico), eles agitaram bastante a pista e tiveram boa recepção por parte do público presente.

Depois desse primeiro show, teve início uma sequência de bandas menos conhecidas, pela maioria, como o Hollywood Undead e Shinedown. Confesso que eu não conhecia muito essas bandas, mas a receptividade foi muito boa também. Aliás, esse foi uma constante no festival: a receptividade do público.Os headbangers presentes agitaram e aplaudiram todas as bandas do evento, sem exceção. Sinal de que o line up montado pelo festival foi muito bem escolhido.

Vinnie Paul, baterista do Hellyeah.

Logo após o show do Shinedown, subiu ao palco Maximus, o Hellyeah. Pra quem não conhece a banda, ela é formada por músicos experientes e que faz um heavy metal poderoso! Vocal gutural, guitarras dobradas e muito altas, além do groove característico do metal. Um dos grandes responsáveis por todo esse peso é o baterista Vinnie Paul (originalmente integrante do Pantera, uma das maiores bandas de metal da história). Encerraram o show sem tocar nenhuma do Pantera, que era esperado por todos. Uma pena, mas não tirou o mérito deles. Foi um belo show!

Menos de 10 minutos depois e entra no palco Rockatansky, Black Stone Cherry. Foi o primeiro show da banda em território tupiniquim. Mas, tenho certeza que foi apenas o primeiro de muitos que farão por aqui. Eles já abriram o show com uma das mais famosas do grupo: Me and Mary Jane. Esse música tem uma pegada bem hard rock, com guitarras dobradas e o uso do talk box (mangueira de plástico colocada na boca e que fica ligado à pedaleira).  Mostraram a que vieram logo na abertura.

O show seguiu com o público bastante empolgado, não somente devido à qualidade musical, mas graças também ao ótimo trabalho realizado por Chris Robertson (vocalista do BSC).

Lzzy Hale, vocalista do Halestorm.

Fim de show do BSC e, pouco tempo depois, começa o show do Halestorm. Uma banda formada pelos irmãos Hale, encarregados da bateria, Arejay Hale, e da vocalista/guitarra base, Lzzy Hale. Com um som bem hard rock, flertando no heavy metal, eles não decepcionaram! Lzzy Hale provou, mais uma vez, ser uma vocalista e líder da banda de extrema competência. Impossível não reparar em sua beleza, entretanto mais difícil ainda é não reparar no seu talento. Além de tocar muito bem, a voz poderosa se destaca (e muito)! Não é à toa que ela foi convidada pelo Dream Theater para gravar uma participação no último, e ótimo, CD da banda The Astonishing.

Um verdadeiro show de rock, com muita energia, guitarras marcantes, uma voz única e que se encaixa muito bem ao estilo. Que show!

Poucos minutos se passaram e o Bullet For My Valentine deu início ao seu show. Um show energético, com ótimos músicos no palco, bem recebido pelo público e que (para aqueles que gostam) tenho certeza de que curtiram mais um grande show. Mas, apesar do bom show feito pela banda galesa, a expectativa era grande, pois a banda seguinte, com uma boa base de fãs nacionais, fazia seu show de estreia no Brasil: Disturbed.

Maximus Festival: Disturbed e Marilyn Manson

David Draiman, vocalista do Disturbed.

O Disturbed é uma banda que, após um hiato de 6 anos, lançou um excelente disco de heavy metal, misturando alguns (poucos) elementos eletrônicos: Immortalized. Era de se esperar que o show fosse repleto de músicas do último lançamento, mas como era a estreia por aqui, o show foi repleto de clássicos. Na verdade, apenas três músicas do novo CD foram tocadas: The Light, The Sound Of Silence (cover de Simon & Garfunkel) e The Vengeful One.

O restante do set list foi composto por clássicos, como Stricken, Inside the Fire, Ten Thousand Fists e covers, como Baba O’Riley do The Who e a matadora Killing in the Name do Rage Against The Machine. Para encerrar o espetáculo, mandaram Down with the Sickness.

Um show energético, com muita interação do público, especialmente nas belas The Sound Of Silence e The Light, com celulares e isqueiros no ar, gerando um ambiente iluminado pelos apreciadores de música pesada. Lindo demais!

Fim do show do Disturbed, mais alguns poucos minutos de espera e quem entra no palco vizinho? O polêmico Marilyn Manson. É inegável o quanto esse vocalista é talentoso, independente das suas preferências ou atitudes fora do palco. O que interessa é que no palco, ele é um verdadeiro artista.

Sabe conduzir não somente a banda, como também o público, que foi ao delírio com o cover de Sweet Dreams, gravada por ele no CD Smells Like Children. Foi mais um belo show e, pra quem é fã do cantor, tenho certeza de que será inesquecível! Mas, era chegada a grande hora. Terminado o show de Manson no palco secundário, a aglomeração em torno do palco principal aumentou e muito! Afinal de contas, todos queriam ver o Rammstein.

Maximus Festival: o fogo dos Rammstein

Till Lindemann, vocalista do Rammstein, durante a música Engel.

A tradicional banda de metal alemã não fazia seu show de estreia em terras brasileiras, mas parecia ser. Muitos ali, eu inclusive, os assistia pela primeira vez. E, para aumentar a ansiedade, os poucos minutos de espera entre um show e outro, se tornou meia hora. Meia hora muito demorada, eu diria. Então, as luzes se apagam. Uma contagem regressiva de um minuto, sim mais um minuto de espera, se iniciou nos telões.

Ao chegar à contagem de 8 segundos, a mesma foi transferida dos telões digitais para um pano preto, que tapava o palco. Contagem encerrada, pano ao chão e os alemães entram no palco! Começaram com a tradicional Ramm 4, seguida de Reise, Reise. O público foi ao delírio! Muitos gritavam desesperados, outros cantavam, outros pulavam, outros abriram uma rodinha de mosh. Enfim, uma festa completa!

Os alemães provaram ser realmente bons ao vivo e justificaram a fama de ser a banda mais quente, quando o quesito é show. Fogo durante a apresentação! Muito fogo mesmo! Tinha labaredas de fogo que saia da guitarra, os guitarristas posicionados nas extremidades do palco cuspiam fogo um contra o outro, formando uma bola vermelha gigantesca no centro do mesmo, rajadas de fogo saindo do alto do palco, da frente. Era fogo pra todo lado!

Mas, dois momentos foram marcantes, no meio de tanto calor produzido. Primeiro na velha conhecida e cantada em uníssono pelos presentes: Du Hast. Nessa música, Till Lindemann, vocalista e líder da banda, acerta um aparato bem elevado no palco, que faz faiscar 3 fios que se estendem do palco até a estrutura de som, provocando uma explosão com uma rajada de fogo com cerca de 3 metros acima da estrutura. Maravilhoso!

O outro momento especial foi na música Engel. Lindemann coloca um acessório que forma um par de asas muito grande, de 3 a 4 metros de ponta a ponta. Além de explosões vindas da asa, na ponta de cada extremidade havia uma labareda de fogo sendo despejada para os lados. Todos foram ao delírio mesmo! Uma música extremamente empolgante, com um show de pirotecnia sem precedentes. O encerramento foi com Te Quiero Puta! Uma música muito irreverente, mas mantendo a qualidade musical da banda.

A banda toda é muito boa e faz um trabalho extremamente qualificado em cima do palco, mas é impossível não destacar o frontman  Till Lindemann. Além de todos os aparatos relacionados à pirotecnia da banda comandada por ele, a voz que esse vocalista possui é inacreditável. Uma voz que parece melhor ainda ao vivo, do que no estúdio. Não à toa eles chegaram ao topo do heavy metal mundial. Um show magnífico e memorável!

Entrada do festival.

Fim de show e muitas histórias para contar. O Maximus mostrou-se ser um festival de extrema qualidade, com bandas muito bem escolhidas e em um ambiente positivo, de muita confraternização e diversão entre os presentes. A edição de 2017 do festival já está confirmada no mesmo local, o autódromo de Interlagos, no dia 20 de maio. Se você foi, sei que irá novamente. Agora, se você faz parte do time que não pode ir, qualquer que seja o motivo, faça o planejamento.

O Maximus é um festival incrível, muito bem organizado e que você vai curtir bastante. Te garanto! Nos vemos lá ano que vem!

Set list do Disturbed

1.Ten Thousand Fists

2. The Game

3. The Vengeful One

4. Prayer

5. Liberate

6. Another Way to Die

7. Stupify

8. The Sound of Silence

9. Inside the Fire

10. I Still Haven’t Found What I’m Looking For

11. Baba O’Riley (The Who)

12. Killing in the Name

13. The Light

14. Stricken

15. Indestructible

16. Voices

17. Down With the Sickness

Set list do Rammstein

1. Ramm 4

2. Reise, Reise

3. Hallelujah

4. Zerstören

5. Keine Lust

6. Feuer Frei!

7. Seemann

8. Ich Tu Dir Weh

9. Du Riechst So Gut

10. Mein Herz Brennt

11. Links 2-3-4

12. Ich Will

13. Du Hast

14. Stripped

Encore:

15. Sonne

16. Amerika

17. Engel

18. Te Quiero Puta!



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