Histórias de Bastidores / 56 posts found
Adolfo Luxúria Canibal, Morais Macedo, e a maledicência generalizada em Braga
Há uns tempos fui a Braga entrevistar Adolfo Luxúria Canibal acompanhado pela manita Mirabelle – meia francesa e não conhecia os Mão Morta – que se revelou de imediato seduzida com o som e as letras da banda de culto mais antiga da música portuguesa. E disse: “Se na minha adolescência eu também tivesse gritado «quero morder-te as mãos», ao longo dos anos provavelmente não teria mordido tantos desgraçados”.
Talento, inovação, ambiguidade sexual, homoerotismo: Caetano Veloso
Em conversa com José Manuel Simões, o artista brasileiro Caetano Veloso falou da carreira e do teste psicológico que o avaliou com homossexualismo e identificação feminina. “Sou de uma geração em que a ambiguidade sexual e a presença do conteúdo homoerótico era vivida por muitos artistas. Veja-se o próprio Bob Dylan, que na época não parecia nada andrógino nem atraente desse ponto de vista, e que, olhado hoje, era superandrógino, fazia charme de andrógeno, era bonitinho, parecia uma menina. Eu sou parte dessa geração em que os ídolos são andróginos” - afirma o autor de O Leãozinho.
Saul Davies e uma faca ensanguentada nos discos dos James
Fiquei amigo do guitarrista e violinista dos James e fui descobrindo um Saulzinho franzino e irrequieto, que se sentia um 'alien' em Portugal. Um dia contou-me que os James acabaram porque "andávamos todos paranóicos com uma carta de uma japonesa que tinha uma foto com as capas dos nossos discos e uma faca ensanguentada por cima. Dizia que, se não lhe déssemos atenção, se suicidaria".
Joanna, Maria de Fátima, Amália, Neuroses e Caravelas
Encontrei-me num hotel de Óbidos com a cantora brasileira Joanna, que no registo de nascimento é Maria de Fátima, e passeei com ela por entre as patrimoniais muralhas da terra do chocolate. Enigmática, disse-me que às vezes é “frágil como as asas de um passarinho”, que facilmente rebenta num pranto, mas não acreditei.
Pete Doherty de ressaca embrulhado num cobertor de lã
Fui o único jornalista a entrar nos camarins dos Babyshambles num certo Festival de Paredes de Coura de boa memória, o Pete Doherty parecendo um pastor de ovelhas, coberto com uma manta castanha e um chapéu de abas largas, os olhos esbugalhados, a suar. Por causa da ressaca.
Fafá de Belém com emoções em catadupa à flôr da pele aveludada
Fafá de Belém beijou-me, exuberante, por entre sonoras gargalhadas, humor estrelado e a mesma imensidão de simpatia. Com fartos seios desviados do sutien, recebeu-me como sempre: “Meu querido Zé, que bom ver-te, ó pá”.
Rui Veloso e o País da Treta, de gente hipócrita e cobarde
Rui Veloso raramente atende o telemóvel mas quase sempre retorna a chamada. Ligou, disse-me que era fã destas minhas crónicas, que apreciava “a forma, direta e frontal,” como me referia aos artistas, “a coragem para não esconder a verdade”. Espero, retorqui, que quando escrever sobre ti mantenhas essa opinião. “Então e porque não manteria?”