Hugh Laurie: Didn’t It Rain e o lado musical de Dr. House
De 2004 a 2012, Hugh Laurie deu corpo a Dr. Gregory House, um médico anti-social com uma perspicácia afiada, um humor negro cortante e problemas relacionados com o consumo de drogas. Com uma base de fãs enorme, a série da FOX foi um grande sucesso e fez com que o ator se transformasse num velho conhecido do público.
No ar durante 8 anos, podemos mesmo dizer que a série foi responsável pelo catapultar de Hugh Laurie para a categoria de ícone da cultura pop. Da mesma forma que não concebemos Sopranos sem James Gandolfini ou de Breaking Bad sem Bryan Cranston, também é impossível pensar em Dr. House sem nos lembrarmos imediatamente Hugh Laurie.
Posto isto, devemos salientar que, embora esta tenha sido de facto um marco incontornável na carreira do ator, não é da série que lhe falamos neste post. Muitos não sabem, mas a verdade é que Hugh Laurie é um artista multifacetado, capaz de se expressar nas várias linguagens artísticas, sendo elas mais ou menos musicais. Além da representação e da música, o britânico fez já várias incursões ao mundo da comédia, da escrita e da realização.
Todavia, Didn’t It Rain é mais do que uma aventura: é a consagração de Laurie enquanto músico que não o é a tempo inteiro, mas até podia ser. Let Them Talk, de 2011, foi o álbum de estreia do inglês que, segundo muitos especialistas, entrou para a categoria de atores “com extremo bom gosto musical”. O disco predominantemente Blues teve críticas favoráveis e contou com a participação de nomes como Tom Jones.
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Didn’t It Rain: sons do passado, um disco do presente
Em Didn’t It Rain, Laurie repetiu a receita, mas, desta vez, resolveu ir além do Blues e explorar novos géneros. O resultado foi um álbum que junta sonoridades dos estados mais a sul dos Estados Unidos (Jazz e R&B) com o Tango da América Latina. Ao longo das 15 faixas de Didn’t It Rain, Hugh Laurie alterna entre a voz, o piano e a guitarra. À semelhança do trabalho anterior, o disco também contou com participações especiais, nomeadamente, de Gaby Moreno, Jean McClain e Taj Mahal.
Didn’t It Rain abre com uma versão do popular tema The St Louis Blues com duas vozes que nos transportam no tempo. Do tema jazz, passamos para uma nova cover: Junkers Blues, onde as atenções se focam na voz carregada e simultaneamente melódica de Hugh Laurie.
O disco segue com Kiss of Fire, que é sem dúvida o tema mais latino do álbum. O tango, tão apaixonado quanto o género o exige, chega-nos aos ouvidos pela voz de Gaby Moreno que ao longo da faixa se vai encontrando e desencontrando com a de Laurie.
A lista de clássicos sucede-se. Ao longo do disco, encontramos-nos com Weed Smoker’s Dream e o seu refrão icónico: “why don’t you do right, like some other men do”; One For My Baby, do filme de 1943, The Sky’s the Limit; ou Unchain My Heart, popularizada por Ray Charles e Trini Lopez.
Didn’t It Rain, tema que dá nome ao álbum, é também ele uma reinterpretação do clássico gospel. O tema mantém a sua linha original, mas ganha uma nova forma nas vozes de Gabi Moreno e Jean McClain. Aqui Hugh Laurie é apenas responsável pelo piano e pelas back vocals.
Hugh Laurie: o despertar para o mundo da música
A paixão pela música começou apenas com seis anos de idade, altura em que Laurie frequentou as primeiras aulas de piano. Nos anos que se seguiram, o artista aventurou-se por outros instrumentos e acabou por aprender a tocar guitarra, bateria, harmónica e saxofone.
A certa altura, Hugh Laurie foi forçado a pôr de parte a música para se dedicar inteiramente à representação, mas sempre que a oportunidade surgia lá ia apostando na música. Falamos, por exemplo, de quando apresentou o Saturday Night Live ou quando integrou os Band From TV, um grupo rock que atuou para angariar dinheiro para a caridade.
Para assinalar a participação de Meat Loaf em House, Laurie tocou ao piano o tema If I Can’t Have You, do álbum de 2010 do artista rock, Hang Cool Teddy Bear. Antes disso, o ator tinha já escrito a canção humorística Sperm Test in the Morning para a comédia romântica Maybe Baby.