Temple of the Dog: o álbum reeditado e a digressão inesperada

No início da década de 90, Chris Cornell, então vocalista dos Soundgarden, decidiu prestar um tributo a Andrew Wood, o carismático líder da mítica banda Mother Love Bone, que morreu de overdose de heroína em 1990, após o lançamento de um muito promissor disco de estreia, intitulado Apple. Na época, a morte do icónico vocalista mergulhou um conjunto de músicos talentosos de Seattle em tempos de amargura profunda, que foi convertida num registo sonoro lendário: os Temple Of The Dog.

No entanto, em pleno ano de 2016 – quando se assinala os 25 anos do lançamento do álbum dos Temple of the Dog – os fãs são apanhados com uma notícia surpreendente. A banda está de regresso para uma digressão e para a reedição do disco!

Movidos pela necessidade de prestar um tributo ao colega e amigo, juntaram-se a Chris Cornell e Matt Cameron (vocalista e baterista dos Soundgarden respectivamente) alguns dos ex-membros dos Mother Love Bone, como Jeff Ament (baixista) e Stone Gossard (guitarrista), e ainda Mike McCready (estes últimos 3 são todos futuros membros dos Pearl Jam)Eddie Vedder também participou no projeto para fazer coros e, sobretudo, um dueto memorável com Chris Cornell na música Hunger Strike!

O resultado deste projeto foi o álbum homónimo Temple of the Dog, editado a 15 de abril de 1991 pela A&M Records. Ainda que tenha recebido alguns tímidos elogios por parte da crítica musical não demorou muito tempo para tornar-se objecto de culto de todos os fãs do movimento grunge, que na altura explodira através dos Nirvana, Pearl Jam, Alice In Chains e Soundgarden. Pela altura em que as vendas do álbum começaram a disparar, em 1992, o grupo já se tinha separado, pois afinal de contas só se tinham juntado para prestar uma emocionada e marcante homenagem a Andrew Wood – e por essa altura já Ament, Gossard e McCready se tinham juntado a Eddie Vedder para fazer o primeiro álbum dos Pearl Jam.

Reunião inesperada dos Temple Of The Dog

A grande reunião da banda vai acontecer em novembro de 2016, tendo o grupo marcado cinco concertos em Filadélfia, Nova Iorque, São Francisco e Los Angeles. “Queríamos fazer aquilo que nunca tínhamos feito… Dar concertos e perceber como é ser a banda da qual nos afastámos há 25 anos”, admitiu Chris Cornell à imprensa a respeito desta pequena digressão.

Como dissemos acima, os Temple of the Dog surgiram das cinzas dos Mother Love Bone, após a morte do seu vocalista, Andrew Wood, um amigo próximo de Cornell. Na altura Gossard e Ament, também da mesma banda, decidiram recrutar McCready para tocar num par de canções que Cornell compôs em tributo a Wood e que viriam a figurar no repertório dos Temple of the Dog: “Say Hello 2 Heaven” e “Reach Down”.

Gossard, Ament e McCready estavam também a formar uma nova banda, que ficaria conhecida como Pearl Jam, sendo que na altura Eddie Vedder entrou em estúdio para fazer coros em três canções dos Temple of the Dog, tendo mesmo feito um dueto com Chris Cornell em “Hunger Strike”, que se tornou um sucesso de vendas.

Os Temple of the Dog acabaram por dar poucos concertos, maioritariamente em Seattle, entre novembro e dezembro de 1990. Essas atuações acabaram por se tornaram das mais lendárias na história musical de Seattle. Os concertos que se avizinham este ano assinalam a primeira vez que o grupo dá uma digressão, sendo, por isso mesmo, um momento histórico.

“Isto é algo que nunca ninguém viu”, disse Cornell sobre esta reunião. “Quisemos parar e reconhecer de que fizemos isto e prestar uma homenagem a esse trabalho.”

Chris Cornell & Andrew Wood

A importância dos Temple Of The Dog

Recordamos que os Pearl Jam têm uma ligação profunda com este projecto. Tal como todos os amigos próximo de Andrew wood, alguns dos músicos que mais tarde formariam os Pearl Jam, o guitarrista Stone Gossard e o baixista Jeff Ament, ficaram devastados com a perda do cantor, que era à sua escala uma estrela rock glamorosa, com uma pose muito influenciada pela cultura excêntrica dos anos 80.

O facto de Ten (o primeiro disco dos Pearl Jam) ter sido gravado em simultâneo com o disco-homenagem a Andrew Wood, imprimiu uma conotação espiritual muito marcada a ambos os discos e foi bastante influente para Eddie Vedder em toda a sua carreira, através da expiação dos sentimentos profundos e dramáticos que viviam na época através da música. Existem aliás muitos pontos de união entre os dois discos. Primeiro, a sonoridade de Ten e Temple of The Dog é bastante idêntico: partilham o produtor Rick Parashar, as gravações aconteceram no mesmo estúdio e com os mesmos instrumentos. Segundo, são ambos registos da celebração da vida através da música.

Contudo é justo dizer-se que Chris Cornell é a grande estrela do disco. Num registo bastante diferente daquele que até então revelava nos Soundgarden, o vocalista assinou a grande maioria dos temas com mestria, inspirado pela dor criou canções sinceras, jubilantes e luminosas numa despedida emocionada do seu grande amigo. Também por esta razão, o disco Temple of The Dog é um marco histórico, cuja reedição é uma excelente notícia para todos os coleccionadores!

Temple Of The Dog

Jeff Ament, Matt Cameron, Stone Gossard, Eddie Vedder, Chris Cornell, Mike McCready.

Preciosidades para os fãs

Para esta reedição do disco Temple of The Dog, o álbum foi misturado por Brendan O’Brien. A reedição será disponibilizada em quatro versões, incluindo uma versão Super Deluxe com quatro discos, um duplo LP, uma versão Deluxe com dois CD e uma versão normal de um só CD. Sim, são tudo maravilhas para os fãs.

A edição Super Deluxe inclui 2CDs, 1 DVD e 1 Blu-ray Audio. Ao todo inclui 51 temas, um booklet com um artigo de David Fricke, um póster e um autocolante. Já a edição Deluxe, de 2CD, contém não só o álbum dos Temple of the Dog com a nova mistura de Brendan O’Brien, mas também três misturas alternativas por Adam Kasper e um booklet de 32 páginas. A edição em vinil só chegará às lojas a 11 de novembro.

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