Sting: o chá vegetal que o deixou pálido e quase a desmaiar
Chovia torrencialmente na noite em que vi entrar Sting e a mulher no barracão onde um amigo me tinha levado para tomar um chá vegetal indígena de nome ayahuasca. Segundo ele, iria mudar a minha vida.
Sting e Trudie entraram receosos, como quem estava com medo do que lhes poderia acontecer, ar de arrependimento por se terem deixado levar até ali. A cerimónia estava prestes a começar. Confesso que quando o músico entrou senti uma lufada de ar fresco que me aliviou. Sabia que daí a uns dias ele iria actuar no para 200 mil pessoas e que eu estaria certamente lá, mas vê-lo ali, tão perto, naquela situação, despertou em mim um sentimento de perplexidade.
Naquele ano de 1987 ainda não era jornalista, aliás, ainda seria pouco mais que um jovem aventureiro em busca de sonhos, como aquele, a de experimentar umas ervas que uns diziam ser do diabo e outras de limpeza da alma. Talvez tenha sido a mesma curiosidade que terá levado Sting e a esposa até ali na companhia de um sorridente casal ou apenas o facto de se querer redimir da recente morte do pai, logo depois da da mãe, e de não ter ido aos funerais.
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Quando o mestre entrou na sala com ar de profeta e extrema amabilidade, irrompeu um silêncio quase perturbador. Formou-se uma fila. Ao chegarmos à mesa deram-nos um copo com um líquido sacramental castanho que parecia terra de odores nauseabundos. Logo ali deu-me vontade de vomitar e, a avaliar pela expressão de Sting, que parecia com vontade de fugir, a reacção dele não teria sido melhor.
Sentaram-se numa das primeiras filas, eu numa das últimas. Perdi-o de vista. A ele e a tudo o que até àquele momento parecia real. Logo depois da música de fundo ter entrado em cena é que o meu amigo me confortou dizendo que aquele ritual iria purificar-me, deixei-me levar para um mundo de visões e vozes que repetiam monocórdica e enfaticamente na minha cabeça: “Plasma, proclama a paz”. Quando corri para a porta para vomitar constato que Sting está pálido e com ar de quem vai desmaiar. Sentei-me de novo e até à próxima terça-feira não o voltei a ver.
Que interessante, eu já havia lido do o livro dele em que fala dessa experiência e é legal ouvi de alguém que também estava lá no momento. Acho que ele estava muito confuso e angustiado, é um homem bom.
A Ayahuasca é conhecida em diferentes culturas pelos seguintes nomes: yajé, caapi, natema, pindé, kahi, mihi, dápa, bejuco de oro, vine of gold, vine of the spirits, vine of the soul e a transliteração para a língua portuguesa resultou em hoasca ou como “chá do santo daime”.