Tinham descoberto os Soft Science por acaso e… gostaram! E gostaram tanto que pesquisaram outro tanto e descobriram que a banda norte-americana ia tocar ao Porto.
“Ouro sobre azul”, pensaram!
A verdade é que não suspeitaram de nada até chegarem ao Hard Club, no Porto, e acharem aquilo tudo altamente suspeito.
Munidos do necessário bilhete, Jorge e Joana entram na Sala 2 do Hard Club e deparam-se com um cenário pouco habitual.
Havia muita gente de t-shirt onde se lia Suspeitos e, na verdade, não havia nenhuma banda no alinhamento que se chamasse Os Suspeitos.
Não, as bandas em cartaz eram apenas os Oz e os mais aguardados Soft Science.
Aquilo fez-lhes confusão! E mais intrigados ficaram quando souberam que Mr. November era o promotor do concerto e apresentava-se à sociedade em… Setembro! E o mais impressionante é que todos pareciam conhecer-se. Estranho para quem chegava, mas, afinal, nada suspeito!
Jorge e Joana gostaram do ambiente altamente suspeito, onde não conheciam ninguém e toda a gente parecia conhecer-se.
Quando chegaram a actuação dos Oz estava a terminar e nem deu para avaliar a qualidade da mesma. No entanto, parece que o pessoal que já lá estava e assistiu gostou, até porque, mais não fosse, havia um elemento em palco que era, também ele, Suspeito.
«Nothing», um daqueles temas de levantar o moral abriu as hostilidades, com a maviosa voz de Katie Haley a reunir as almas da plateia em torno da suave sonoridade que a banda da Califórnia levou até à Invicta.
A intensidade de «Sooner» desfez quaisquer dúvidas sobre a dream pop que a banda da Califórnia pratica com mestria.
Entre ritmos mais viajantes e outros mais rock’n’roll, os norte-americanos, sempre guiados pela voz doce de Katie, seguiram viagem por sonoridades mais balanceantes, conquistando, em definitivo, a plateia, ansiosa por uma noite deslumbrante. E foi o que obteve.
Com «Still», «Undone», «Know» e «Feel», temas resgatados dos álbuns Detour (2013) e Maps (2018), que preencheram a actuação, o crescendo foi uma realidade, para, logo de seguida, com «There» encetarem nova viagem pelo universo cósmico da sonoridade dream pop que caracteriza o quinteto californiano.
A esta altura, Jorge e Joana sentiam-se em casa. A banda dava mostras da qualidade que o casal lhes reconhecera em disco e todo aquele ambiente altamente suspeito até lhes parecia bem.
Seguiu-se, então, «Blue» e, eis que… Joana se solta! Como diz o poeta “há ainda alguém que dança” e foi o que aconteceu na plateia, uma dança suave e balanceada com a massa a agitar-se ao ritmo de «Breaking». A festa acontecia e já não era nada suspeito. «Apart» prestou-se à transição, com Katie a assumir o protagonismo. De seguida e sem pedir licença, a banda ofereceu «Diverging» e, então, a coisa regressou à viagem interestrelar, de sonoridade terráquea, mas assumidamente alienígena que os Soft Science tão bem produzem.
Até final, Jorge e Joana sideraram… «Light» levou-os onde já não pensavam ir e, o encore, «I don’t know why I love you» e «Paris», dos Nothern Picture Library, fecharam a noite, no que foi um final perfeito de uma viagem de sonho!…
Com a celebração que se seguiu, findo o concerto, Joana e Jorge perceberam, finalmente, todo aquele ambiente familiar que se vivia no Hard Club e, por fim, foi-lhes explicado que Mr. November é uma entidade que emana de um grupo de amigos que no Facebook dão largas aos seus gostos musicais, no fundo, à sua melomania. «Os Suspeitos – The Suspects» decidiram dar o passo em frente e criaram uma cooperativa e, assim, organizarem uns concertos e umas festas para os suspeitos do dito grupo, mas não só.
Jorge e Joana perceberam, então, o tão curioso ambiente do concerto, onde quase todos se conheciam, mais de metade vestia t-shirts iguais, e todos vibraram com o que aconteceu.
Para conhecimento da Joana e do Jorge e de todos os demais que não estão a par, «Os Suspeitos – The Suspects» é um grupo fechado de melómanos no Facebook, amantes de música daquela que os seguidores deste devoto escriba costuma falar acerca de… E Mr. November é o passo em frente que o núcleo do grupo arriscou dar para deixar de assistir passivamente ao que se passa e pretende também determinar o rumo a seguir e o que se passa!