Bem-Vindo ao Fabuloso Mundo das Covers
Umas são curiosas. Outras se calhar nem tanto. Algumas são fenomenais. Outras… simplesmente patéticas. Ainda há algumas que só foram consideradas covers recentemente.
Afinal, o que decide, onde começa e como deve terminar uma boa cover?
Ninguém sabe ao certo. Os likes não se discutem e dependerá sempre de cada um. O que é uma boa versão para mim para ti pode ser a maior anedota musical da década. E vice-versa.
Vamos apontar 10 covers que, a meu ver, se destacaram pelo risco, originalidade e interpretação dos temas originais.
#10 – DJ Sasha & John Digweed – Enjoy The Silence
Estão lá os ingredientes básicos: o match perfeito da sonoridade clássica dos Depeche com um forte input das tendências sónicas da época.
Score: 4 thumbs up
#9 – Diogo Sena – Sporting That I Used To Know
A música de Gotye foi desmontada e reconstruída com um conteúdo cómico observacional que ainda hoje mete inveja e respeito a 90% das plataformas que discutem Futebol.
A música original, goste-se, odeie-se, ficaria muito orgulhosa da interpretação, que foi da total obediência métrica ao fenomenal vídeo (gravado numa varanda), que conquistou milhões de visualizações e que ainda hoje figura nos manuais clássicos de youtubing.
Uma pérola!
Score: 5 thumbs up
#8 – Project RNL – MMMBop – Hansonian Rhapsody
Mais uma versão fun de um dos atentados musicais dos anos 90 que a MTV perpetuou como se estivéssemos a assistir ao vivo e a cores à reencarnação de Kurt Cobain ou Jeff Buckley.
Esta banda – que em boa verdade é mais uma videobanda, não tem qualquer álbum físico, toca com instrumentos 100% digitais e divulga-se via plataformas sociais – nasceu em Israel, promove a rotação de alguns dos seus músicos (na bateria, na guitarra) e celebrizou-se nas covers que revisitam apenas vocalmente as versões de origem.
Em termos instrumentais a ‘gramática’ é totalmente diferente, arrepiante e, acima de tudo, inovadora.
Um projecto a seguir com toda a atenção.
Score: 5 thumbs up
#7 – Guns N’ Roses – Live And Let Die
E a coisa não soava mal. Esta versão casa de forma perfeita a raça dos Guns com alguma da harmonia McCartneyiana.
Uma banda que nos 90 podia desatar a tocar o Hino da Alegria e receber roupa interior de todos os fãs sabia ser adulta ao ponto de prestar competente tributo a um dos artistas que mais marcou o século XX através da sua composição.
Score: 4 thumbs up
#6 – Ojos de Brujo – Techari Live cover of “Get up Stand up”
O flamenco pode ser Vicente Amigo pode ser de Lucia mas também é rumba, é cha cha cha, tresanda a Cuba, a novas fronteiras e mundos alternativos que soam tão bem que arranha a espinha.
Score: 5 thumbs up
#5 – Skills And The Bunny Crew – Eleanor Rigby (Beatles)
O que podia ser o set up de uma piada torna-se rapidamente num dos tributos mais respeitados – e respeitosos – a uma das canções dos Beatles (gosto que quando falamos de Beatles, dizemos ‘Canções’, quando falamos do resto, dizemos Músicas…) que mais se aventurou para fora de pé.
A banda da Margem Sul, que no seu core é uma evolução (sobre)natural dos Yellow W Van, rende aqui um tributo peculiar, em que Lennon parece ressuscitado via cordas vocais dos Buckleys (Tim e Jeff) ou Daniel Gildenlow.
Arrepiante, sublime.
Yellow W quem?
Os Skills & The Bunny Crew têm boa escola de covers (anos antes haviam vencido um concurso de covers de António Variações com uma curiosa abordagem à Canção do Engate).
Score: 5 thumbs up
#4 – Stereossauro Freestyle – Verdes Anos
É o caso de Stereossauro, que com uma MPC deu corda – e beats e loops e o caraças – a uma das obras-primas da Música Portuguesa.
Não sabemos se Carlos Paredes seria adepto da cousa. Isso pouco importa.
Importa, isso sim, destacar o espírito aventureiro, o improviso e a nova alma que Stereossauro consegue imprimir a esta extraordinária versão.
Há uma performance da versão, noutro registo, no Cabaret da Coxa que terá sido um dos momentos musicais mais altos do extinto talk show.
Score: 5 thumbs up
#3 – GATO FEDORENTO – Clã – Problema de Expressão
1 – Música ao vivo em Português reinventada no prime time televisivo
2 – Uma letra alternativa que presta tributo não só ao feeling original – a Sra. Azevedo cumpre e muito bem o seu papel – como também a traços ímpares da nossa Portugalidade – como consegue também ser pedagógica, divertida e catchy o suficiente para, por breves segundos, esquecermos esse tal Problema de Expressão.
Score: 4 thumbs up
#2 – John Wasson – Caravan
O filme de Damien Chazelle – que faz, a cada frame, mais pela Música do que qualquer novo álbum de Justin Bieber ou One Direction – fala-nos de jazz como quem bebe um copo connosco. Neste caso, porque todos adoram dizer que quem ouve jazz também joga golfe, ténis ou conduz um Bentleyzeco, convém relembrar que as origens deste estilo musical vão até aos primórdios da escravatura.
A Caravan de John Wasson não é um remaster puro e duro das versões de Duke, John ou dos Mills Brothers.
Wasson prefere agarrar o touro pelo kit, dando ao fraseado da bateria um protagonismo que só deixa de acelerar e explodir ao longo do minuto sete, quando o ensaio de single strokes antecipa o fecho.
No filme, isto encaixa que nem uma luva pois a performance – ou endurance – do protagonista é a personagem que nos prende ao ecrã.
Jazz meus amigos. Sem gin tónico.
Purinho. Servido com bombo a pontapé e durante nove minutos e picos.
#1 – Foo Fighters (with Brian May) – Have A Cigar
Era a altura dos budgets loucos que transbordavam para os estúdios de Música, quando o Napster jogava cartas e as editoras não sabiam muito bem para onde atirar o dinheiro.
Assim, nasciam soundtracks de filmes horripilantes que escondiam espantosas versões. Só para se ter uma ideia – atenção! – o filme Scream 3 teve supervisão musical dos… Creed.
Esta versão – peço já desculpa aos adoradores de Pink Floyd – é uma das melhores covers que já ouvi Da Música original. E eu ouço tudo o que relembra Pink Floyd, das versões dos Dream Theater aos street musicians que por aí arranham a Wish You Were Here.
Isto é Foo Fighters de Dave Grohl no backstage, com Taylor Hawkins e Brian May a levarem todas as notas ao limite.
A música desfaz-se nos riffs obrigatórios – ouçam Por Favor a original AQUI -, acelera um pouco – estamos em finais dos anos 90, os Foo Fighters estavam no terceiro álbum de estúdio e as rádios não queriam outra coisa que não barulho e velocidade o mais cedo possível… – e, vocalmente, digam o que quiserem, eu adoro o esforço de Taylor Hawkins, que hoje é popularmente considerado o melhor vocalista da banda.
Acredito que, com outro guitarrista retro ao volante a versão pudesse voar mais alto, embora May saque notas lindas e um solo que em nada fica a dever ao trabalho original.
Score: 5 thumbs up
Acho que o que mais importa em um cover de uma música é a nostalgia que ela remete.Sempre haverá bons e maus trabalhos quando se trata de covers. Infelizmente o mercado da música hoje em dia carece de boas composições, o que sobrava a algumas décadas atrás.
Pra mim, a melhor da lista foi a #4. Eu gamo de mais no launchpad, cara. É muito fera. Embora eu não seja muito fã de Rock Clássico e prefira os mais Alternativos, não tem como não pirar com Guns.