«Alta tensão em Louro» é um título que, descontextualizado, poderia criar, por certo, furor, alarme, temor e muita confusão na mente das pessoas, especialmente dos cerca de três mil habitantes daquela freguesia do concelho de Vila Nova de Famalicão.
No entanto, nada há a temer, bem pelo contrário. Trata-se apenas de alta tensão musical, protagonizada por (muitas) bandas cuja sonoridade navega em águas pesadas e, em alguns casos, bastante agitadas e aparentemente agressivas.
Nada de preocupante. Catarse pura e inofensiva, libertação plena por entre sons densos, fortes, negros, pesados e acelerados (ou não!) que levam quem os interioriza ao clímax. É, é mesmo verdade!
Digo isto e não sou um especial apreciador de Metal. Não é a minha praia, mas, na verdade, o meu despertar para a música que hoje me define como pessoa e como melómano tem raízes no heavy-metal, que está na génese das variadas sonoridades mais pesadas que hoje pululam pelo éter musical.
Falo-vos do Laurus Nobilis Music Famalicão (LNMF), que depois de três edições em que apresentou um cartaz híbrido, em 2018 aposta forte no Metal, dando assim resposta a uma procura que deu mostras de gostar do evento.
Três dias, três palcos, 20 bandas, dois deejays e muito, mas mesmo muito, som da pesada.
Assim, entre os dias 26 e 28 de Julho, a freguesia de Louro acolhe a quarta edição do LNMF, a mais portuguesa e a mais heavy de todas.
São 15 as bandas nacionais que irão passar pelos palcos do Laurus Nobilis, sem contar com os eventuais projectos que poderão dar-se a conhecer no Palco «Faz a tua cena», outra das novidades da edição 2018.
Assim, pelos dois principais palcos passarão nomes consagrados e outros emergentes da cena Metal, sendo que pelo Palco Estrella Galicia, que nos três dias será de acesso livre e gratuito, desfilarão, com a excepção dos galegos Atreides, somente bandas nacionais.
“Há cerca de mil bandas de Metal no nosso País, tão boas como as estrangeiras, só que em Portugal têm muita dificuldade em tocar ao vivo”, começou por dizer António Freitas, radialista e embaixador do Laurus Nobilis Music Famalicão, que acrescentou: “De facto, o cartaz ficou pesado, mas é bom que assim seja para ser diferente dos outros e para não ser sempre nos grandes centros que este tipo de festivais acontece”.
Assim, em pleno Julho, num ambiente rural e excelente para vivenciar concertos ao vivo, ao longo de três dias os amantes do Metal poderão usufruir de um vasto desfile de bandas portuguesas e ainda as actuações de alguns nomes fortes lá de fora.
PROGRAMA
Dia 26 (quinta-feira)
Palco Estrella Galicia: Atreides (Vigo), Booby Trap (Aveiro), Cruz de Ferro (Torres Novas), Infraktor (Vila Nova de Gaia) e Dj NATTU.
Dia 27 (sexta-feira)
Palco Estrella Galicia: Sotz (Porto), In Vein (Passos de Ferreira), Nine o Nine (Lisboa), Web (Porto) e Dj António Freitas (Antena 3).
Palco Porminho: Hills Have Eyes (Setúbal), Equaleft (Porto), Septic Flesh (Grécia) e Mata Ratos (Lisboa).
Dia 28 (sábado)
Palco Estrella Galicia: Legacy of Cynthia (Sintra), Low Torque (Palmela), Revolution Within (Santa Maria da Feira), Godiva (Vila Nova de Famalicão) e Dj NATTU.
Palco Porminho: The Temple (Lisboa), Crisix (Barcelona), Tarântula (Porto) e Dark Tranquillity (Suécia).
O acesso ao Palco Porminho só poderá ser feito com bilhete, sendo que para os restantes espaços do festival a entrada é gratuita. O bilhete diário custa 20 euros, enquanto o passe geral (sexta-feira e sábado) tem um custo de 30 euros.
Olhando ao cartaz, é evidente que a organização, uma vez mais a cargo da Ecos Culturais do Louro, teve a preocupação de tocar diversas franjas da sonoridade Metal, com destaque para os suecos Dark Tranquillity, os gregos Septic Flesh, os portuenses Tarântula ou os lisboetas Mata Ratos, e ainda de dar palco às bandas nacionais.
Nota ainda para o facto de as bandas portuguesas terem origem em diversos pontos do País, o que servirá para se ter uma ideia de diversidade sonora e territorial das mesmas. Para além disso, é intenção do Laurus Nobilis a aposta nas bandas «tugas», tal como referiu André Matos, responsável pela programação: “Um dos objectivos do festival é apoiar a música nacional”.
Também nesse sentido surge o Palco «Faz a tua cena», um espaço onde os mais variados artistas poderão mostrar o que fazem.
“Queremos abrir o festival a toda a gente”, afirmou José Aguiar, coordenador geral do LNMF, revelando que, mediante inscrição junto da organização, os projectos musicais, de artes plásticas ou de qualquer outro género de arte terão um palco para se mostrar. “Eventualmente, poderemos montar uma pequena exposição”, acrescentou.
A organização perspectiva receber diariamente entre quatro mil e cinco mil pessoas, ou seja, um número muito superior ao de habitantes da freguesia de Louro.
Mas haverá ainda mais motivos de interesse no recinto do festival, como o Black Market ou um encontro para amantes das motos Harley Davidson, a cargo do MOG (Minho Owners Group), para além de um sem número de actividades lúdicas promovidas por diversas associações locais.
Assim, durante três dias, por entre muita animação e motivos de diversão, haverá alta tensão em Louro, tudo por culpa do Metal, seja ele trash, doom, dark, heavy, melódico ou até mesclado com punk.
A organização garante campismo e assegura igualmente, juntamente com alguns parceiros, formas de deslocação diversas desde o Algarve e não só. Basta consultar o site do festival para ficar a conhecê-las.
Alta tensão em Louro quanto mais não seja pela presença desse mago das sonoridades mais pesadas, de sua graça António Freitas, cujo programa na Antena 3 se intitula… Alta Tensão.