Korto no CCOP: Rock servido em forma de arrepio

Os Korto, que são um power trio francês de rock intenso e urgente, trouxeram ao nosso País a «Food Truck Tour», com passagem por diversas localidades deste belo Portugal.

A coisa talvez não tenha corrido muito bem em termos de público (recentes e pouco conhecidos… ainda!), mas o que este vosso escriba pode garantir é que quem ficou a perder foi… quem não assistiu a qualquer um dos quatro concertos realizados aqui em território luso. A saber, Lisboa, Porto, Lousada (em dia de Super Especial do Rally de Portugal) e Aveiro.

Bem, no Porto, mais concretamente no Auditório do CCOP (Círculo Católico Operário do Porto), a coisa foi um autêntico arrepio.

E um arrepio porque tudo parece sempre muito acelerado (e, de facto, é!) e porque tudo estremece, de alto abaixo, de um lado para o outro, da frente para trás, vice-versa e ao mesmo tempo… Porra, um arrepio, uma sensação que… não conseguimos controlar!

Ou seja, um arrepio! E um arrepio é sempre, no finzinho, uma sensação extraordinária, uma imensa (por vezes, fugaz, mas sempre intensa) satisfação.

Ou seja, o concerto foi bom. A urgência da vívida juventude do trio, aliada à intensidade do seu som, casa bem com uma boa e elaborada definição de… felicidade.

Com dois EP editados («Korto», em 2017, e «Tajine», em 2016), os franceses Korto auto-definem-se como “um motor a diesel impiedosamente lançado na auto-estrada de um krautrock supersónico, que viaja pelo punk e se droga com momentos pop”.

Ora bem, posto isto e ouvidos os rapazes ao vivo, a bota bate com a perdigota! O rock acontece, a energia é libertada a rodos, por entre riffs desinibidos, linhas de baixo arrebatadoras e ritmos avassaladores, num ambiente em que nem é necessário fechar os olhos, para se viajar. Por vezes, vozes! Sim, vozes, poucas, mas assertivas e que nos trazem até à realidade… das coisas.

No Porto, o grosso da actuação passou pelos temas dos EP, que ao vivo, naturalmente, ganham outra energia e que, diga-se, conquista a empatia do público, mesmo que este seja pouco (já disse quem é que ficou a perder!).

«Hot rock» abriu as hostilidades e sintonizou a plateia, seguindo-se o arrebatador «A40», que em bom português é algo como que “uma auto-estrada (ex-SCUT) do Kralj”.

«Tajine», tirada do EP com o mesmo nome, é um mergulho, guiado pela guitarra, às profundezas do som punk, mas não drogado na pop, mas mais no punk-rock.

O power trio gaulês, formado por Clément Baltassat (baixo e voz), Léo Mo (bateria) e Marius Mermet (guitarra e voz), serviu, então, «Oï», mais um devaneio, um desprendimento rock de tocar emoções esquecidas… pelo tempo! Não o tempo da banda, pela sua juventude, mas pela urgência que emprestam à vida dos outros. E esta é tão necessária e… “urgente” na vida de todos!

Bem, o final do concerto é difícil de definir porque… nem a banda ainda conseguiu dar nome a dois dos três temas que fecharam a passagem pela cidade Invicta.

Os temas até podem ainda não ter título, se bem que uma delas já é apelidada de «Ochamoile» (seja lá o que isso queira dizer!!!), entre os membros da banda, mas o DNA sonoro é o mesmo. Intensidade, urgência, guitarra esbaforida em ritmo(s) acelerado(s) e marcante(s), chamamento ao que de mais puro existe em cada um de nós, por entre batidas inebriantes.

Pelo meio o tema «Denzzzl», uma homenagem do trio ao actor norte-americano Denzel Washington e que é mais uma viagem alucinante, que mais parece uma cena frenética do cinema espectáculo de Hollywood.

Depois da passagem dos rapazes Korto pelo Auditório do CCOP resta apenas dizer: Merci mes amis!

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