Joanna, Maria de Fátima, Amália, Neuroses e Caravelas

Encontrei-me num hotel de Óbidos com a cantora brasileira Joanna, que no registo de nascimento é Maria de Fátima, e passeei com ela por entre as patrimoniais muralhas da terra do chocolate.

Enigmática, disse-me que às vezes é “frágil como as asas de um passarinho”, que facilmente rebenta num pranto, mas não acreditei. Confesso que a cantora não faz nada o meu género e, cá entre nós, tem qualquer coisa que assusta a maioria dos homens. Senti-me como que intimidado e nem ousei questioná-la sobre tendências sexuais ou feminismos.

De Pintura Íntima só o nome do disco, o pai que é de Viseu, as luzes que diz semear por onde passa e a curiosa “Caravela de Prata” que só ela e Amália receberam. Conta rosários de fé e devoção a Nossa Senhora, agradece-lhe ter saído de casa ainda adolescente para “trabalhar à noite como garçonete e de dia em mais dois empregos”. Uma sonhadora que acredita que “a normalidade é uma ilusão”.

O quê? “De perto, ninguém é normal. Todos temos vários lados, somos multifacetados, neuróticos. Somos todos neuróticos”. Atordoado com a sentença, ainda a ouvi dizer, meio pasmado: “Quando me deparo com a falta de civilidade ou se alguém desrespeita o meu trabalho, ponho a boca no trombone o mais alto possível para que todos os ouvidos estejam bem abertos para escutar as verdades. Aí eu digo o que penso, vomito, jorro para fora, expludo”. Deus nos livre.



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