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Etta James: a voz que nunca se deixou domar

Etta James: a voz que nunca se deixou domar

by Tiago Leão

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Voz de clássicos como I Just Want to Make Love to You, At Last, Something’s Got to Hold Me e I’d Rather Go Blind, Etta James é uma das artistas femininas mais importantes de sempre. Com uma carreira peculiar, a cantora abraçou vários géneros musicais, construindo pontes duradouras entre o jazz, rock, soul e R&B. O reconhecimento maior chegou nos anos 90, década em que começou a receber vários prémios. Todavia, o seu percurso teve início muito tempo antes.

Los Angeles (EUA), 25 de janeiro de 1938. Esta é a data de nascimento de Jamesetta Hawkins. Filha de uma afro-americana, Etta James nunca soube ao certo quem seria o seu verdadeiro pai. Rumores dizem que a cantora era resultado de um caso da mãe com um famoso jogador de bilhar, denominado Rudolf ‘Minnesota Fats’ Wanderone.

Etta James: música e infância difícil

Devido à ausência materna frequente, Etta James foi adotada por outra família. Ainda muito jovem começou a ter aulas de canto no coro. E era tão impressionante que rapidamente tornou-se um sucesso ao ponto do pai adoptivo começar a cobrar pelas atuações.

A infância foi também marcada pela violência: durante jogos de poker era comum ser acordada pelo pai que a obrigava a cantar para os convidados. Graças a isto, Etta James desenvolveu alguma relutância em cantar em público e alguma da ferocidade interpretativa que seria a sua imagem de marca.

Com a morte da mãe adotiva, em 1950, a jovem voltou a viver com a mãe biológica em São Francisco, onde se entusiasmou com as vibrações do novo género musical afro-americano da moda: o doo-wop. A enorme paixão pela música impulsionou a criação de um grupo feminino, chamado as The Creolettes.

Pouco tempo depois, em 1954, conheceu Johnny Otis, que as integrou nos seus espectáculos e ajudou a assinarem um contrato com a Modern Records. Por essa altura, o nome do grupo mudou para Peaches, iniciando então um percurso de sucesso, com performances ao lado de nomes sonantes como Little Richard.

Etta James: a ascensão, o adeus e o regresso

A carreira a solo começou no início da década de 60. O primeiro grande sucesso foi o single All I Could Do Was Cry. Mas foi com At Last!, nome do álbum de estreia, que a crítica se rendeu. O disco ainda hoje é considerado como um dos melhores albúns de todos os tempos. Dele fazem parte temas como o próprio At Last e mais famosa de todas as suas canções: I Just Want to Make Love to You.

Depois de um período de grande sucesso, Etta James resolveu deixar os palcos e durante mais de uma década não gravou nenhum álbum. O regresso ocorreu no final dos anos 80, ao lado de Chuck Berry. Juntos cantaram o tema Rock & Roll Music, filmado para o documentário sobre o cantor, Hail! Hail! Rock ‘n’ Roll!. Na década de 90 chegou a consagração total e foi reconhecida como uma das grandes vozes da música de forma incontestável.

A vida pessoal de Etta James teve uma grande influência no seu percurso profissional. Várias vezes a artista esteve envolvida em problemas relacionados com o consumo de drogas, romances complicados e obesidade. A cantora tentou várias vezes a desintoxicação e chegou mesmo a pesar perto de 200 quilos, combatendo as suas maleitas até ao final da vida.

Quando faleceu em 2012, vítima de leucemia, tinha 73 anos. Mas a marca de Etta James na História da Música permanece intocada: com a sua forma de cantar selvagem, muitas vezes desesperada, que integrava restos de dor e violência, a cantora conseguiu encantar e marcar para sempre todos os seus inúmeros fãs espalhados pelo Mundo.

DISCOS RECOMENDADOS DE ETTA JAMES:

At Last!

   

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