Alfred Wertheimer tirou mais de 3 mil fotografias a Elvis Presley
Brooklyn, 1956. Nas rádios começa a despertar o rock n’ roll e por toda a América e até mesmo além mar, milhares de raparigas sonham (e chegam mesmo a chorar) com imagens do cantor bonito, com a sua popa e sorriso maroto, que parte corações com a sua voz. É com tudo isto a acontecer que um jovem emigrante vindo da Alemanha, na altura com 26 anos e residente em Brooklyn, recebe um telefonema de um publicitário da editora RCA.
Formado na Cooper Union School of the Arts, Alfred Wertheimer tinha pela altura passado dois anos pelo exército norte-americano e procurava emprego. E aquele telefonema caricato deu-lhe sem dúvida trabalho e muito mais do que isso: uma história para a vida. A tarefa era muito simples: fotografar um cantor emergente, natural de Memphis.
O nome? Elvis Presley.
“Elvis quem?”, terá respondido Alfred Wertheimer, incapaz de reconhecer o apelido do artista que mudaria para sempre a sua vida. Neste post, contamos a história de como o fotógrafo conheceu o Rei do Rock e de como acabou por lhe tirar mais de 3 mil fotografias.
Alfred Wertheimer: o fotógrafo por detrás da lenda
Elvis Presley tinha 21 anos e viveria outros 21 quando a sua vida se cruzou com a de Alfred Wertheimer. Por muito estranho que pareça, as vidas do cantor norte-americano e do fotógrafo alemão nunca mais voltariam a ser as mesmas. Para Elvis Presley, veio a fama e a imortalidade. Para o fotógrafo, foi uma oportunidade inédita que lhe permitiu criar um portefólio gigantesco e que lhe abriu portas para uma carreira fantástica.
Ao longo de sete dias, em Março, Junho e Julho de 1956, Alfred Wertheimer apanhou fragmentos de uma longa história. Sempre omnipresente com a sua câmara, fotografou momentos públicos, como o concerto de sala cheia em Richmond e o íntimo beijo trocado com uma fã, no café do Jefferson Hotel.
Como uma imagem vale mais do que mil palavras, apresentamos agora algumas das mais emblemáticas fotografias capturadas por Alfred Wertheimer a Elvis Presley e contamos a história de cada uma.
Fotografia 1 – Às 4 e meio da tarde, Elvis Presley apanha um táxi para o Mosque Theater, em Richmond. Antes de subir para o palco, Elvis visita a casa de banho dos homens e a câmara de Alfred Wertheimer também. Em aproximadamente cinco minutos, dedica-se apenas à popa e à brilhantina.
Fotografia 2 – Russwood Park, Memphis, Julho de 1956. Elvis no seu momento Starbust, como definiria Alfred Wertheimer.
Fotografia 3 – Um Elvis Presley desgrenhado e sem a sua popa, num contexto mais familiar, enquanto ouve descontraidamente um disco de acetato com as gravações de Hound Dog e Don’t be cruel. Ao seu lado, Barbara Hearn, a sua namorada da altura.
Fotografia 4 – Elvis na sua Harley Davidson, pronto para arrancar. No mesmo dia (4 de julho de 1956) atuaria para 14 mil fãs num concerto de beneficência em Memphis.
Fotografia 5 – A célebre fotografia do beijo, em que Elvis Presley beija uma fã, foi também apanhada pela câmara de Alfred Wertheimer e é provavelmente o seu trabalho mais conhecido.
Após a sua colaboração com Elvis Presley, Alfred Wertheimer trabalhou como cineasta para a Britain’s Granada Television, como cameraman para o documentário Woodstock de Michael Wadleigh e ainda numa loja de aluguer de filmes. As quase 4 mil fotografias retiradas a Elvis ficaram guardadas numa caixa – pelo menos aquelas que não tinham sido usadas. Só mais tarde é que voltaram a ver a luz do dia, chegando sob a forma de livros e em galerias de arte, numa altura em que Elvis já era imortal mas já não estava entre nós.