Vodafone Paredes de Coura 2018 (dia 1): O chão que pisas sou eu!
Já sabia que um dia haveria de escrever sobre o verso de amor mais bem conseguido da música portuguesa, já sabia que um dia tinha que o fazer e hoje é o dia.
“O chão que pisas sou eu” é, provavelmente, a mais intensa e bela declaração de amor que alguém pode fazer a outrém. Isto apesar de os Linda Martini vincarem que esse dito amor é um combate, sublinhando mesmo: “O nosso amor morreu quem o matou fui eu”. Mas, no fundo, o amor é isso mesmo, um combate entre duas almas que se querem gémeas, mas que nem sempre o conseguem ser.
Aliás, esta bem pode ser a declaração de amor que muita gente faz a Coura, sendo que quem pisa são os festivaleiros, mas são sempre pisadelas de amor e carinho! Por isso, não se cansem de dizer a quem amam: “O chão que pisas sou eu”!
No dia inaugural da edição 26 do festival Vodafone Paredes de Coura, os autores de «Amor Combate» foram iguais a si próprios e logo aos primeiros acordes armaram a giga entre o público, sempre sedento pelo mosh de Coura. Assim foi mais uma vez e mais uma vez acabou com os próprios músicos a fazerem crowdsurfing.
Mas antes disso, guitarras ao alto e celebre-se a música, parecia ser a mensagem dos lisboetas, numa altura em que o anfiteatro natural de Coura já se apresentava bastante repleto.
Só quem não conhece os autores de «Olhos de Mongol» ficaria surpreendido com a celebração que aconteceu. Mais uma vez, os Linda Martini mostraram o quanto gostam de tocar em Paredes de Coura e o público o quanto adora ouvi-los, em especial, em Paredes de Coura.
Esta é, seguramente, das bandas que actualmente melhor encarna a mística do festival nascido nas margens da praia fluvial do Taboão, pelo que é sempre uma festa quando sobe ao palco.
Um assombro para o público que vibra e se desprende totalmente ao som de «Belarmino», «100 metros de sereia» ou do já referido «Amor Combate», entre tantas outras. Há sempre uma espécie de alquimia entre a banda e a plateia e ontem não foi diferente, nem da parte do público nem dos «martinis», que nunca são um mero aperitivo.
Nota ainda para a homenagem que a banda prestou ao guitarrista Phil Mendrix, recentemente falecido com Hélio Morais a exibir no bombo da sua bateria o nome do malogrado virtuoso das guitarras.
Aliás, Linda Martini, apesar da autêntica trip que foi o concerto dos King Gizzard & The Lizard Wizard, foi o concerto do dia de arranque da 26ª edição de Paredes de Coura.
Bem, os australianos são daquelas bandas que baralham e voltam a dar com tal rapidez que o pessoal mal tempo tem para… respirar. A jornada é um mergulho no psicadelismo mais puro, onde só mesmo com um selo de LSD se conseguirá, por certo, a verdadeira e ainda mais intensa viagem pelas ondas sónicas dos australianos.
Mais uma vez, foi o alvoroço na plateia, afinal o que muitos dos que vão a Coura tanto procuram. Ou seja, sentir de tal forma a música que só lhes apetece voar, nem que para isso todos se unam e proporcionem tal sensação uns aos outros.
Electrizante é talvez a melhor definição para a actuação dos King Gizzard & The Lizard Wizard, onde não faltou «Rattlesnake» ou as várias partes de «The river» ou de «Altered beast», entre muitas outras que levaram ao rubro a mole humana que os enfrentava.
Por fim, para atar os molhos, como se costuma dizer, já no Palco After-hours, Conan Osíris e ainda o deejay residente do festival Nuno Lopes instigaram ainda mais as almas inquietas que, ainda em grande número, dançou, cantou e se divertiu até quase ser dia.
Conan Osíris com a sua miscelânea musical e interpretação de gosto duvidoso lá fez a festa com alguns fãs, sempre «provocados» pelo partenaire bailarino, se assim lhe podemos chamar. Ok, é mais um daqueles fenómenos mediáticos, mas que, para já, não convence este vosso escriba.
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