It’s Blitz! mostra as diferentes versões dos Yeah Yeah Yeahs
Editado em 2009, It’s Blitz! viu o seu lançamento antecipado graças a uma fuga de informação que fez com que o álbum chegasse à Internet quase dois meses antes da data prevista. Fundindo estilos, o disco, que é o terceiro Yeah Yeah Yeahs, rodopia numa dança – ora frenética, ora lenta – entre o pop rock, o punk, o rock alternativo e o indie rock.
Da mistura de estilos nascem temas tão versáteis que chegam mesmo a funcionar a dois ritmos. Além dos originais, It’s Blitz! dá-nos duas versões dele mesmo ao incluir acústicos de temas que mal acabamos de ouvir. No fundo, é como se falássemos de duas faces da mesma moeda, capazes de nos fazer “dançar até à morte” e, ao mesmo tempo, transportar-nos para um lugar íntimo no interior de nós próprios.
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It’s Blitz!: imagem e sonoridades fortes
Quase como o reflexo da personalidade de alguém, o disco tem na minha opinião uma espécie de identidade própria. De músicas que revelam a parte exterior – energética, brilhante, excêntrica – passamos para temas calmos – que sendo mais reflexivos acabam por nunca perder intensidade. Continue a ler e descubra mais sobre aquele que foi consensualmente considerado como um dos melhores álbuns do ano em que foi editado.
It’s Blitz! marca uma ligeira curva no trajeto dos Yeah Yeah Yeahs, que com este disco se conseguiram aproximar do público mais mainstream. A proeza foi conseguida sem que tivessem de “vender a alma” ou mudar a identidade: basta olharmos por exemplo para a capa do disco, onde vemos o exato momento em que uma mão feminina esmaga um ovo numa espécie de ato de guerra.
Afinal, não é por acaso que o álbum tem este nome. Em inglês “blitz” é sinónimo de ataque repentino, por associação ao Blitzkrieg da II Guerra Mundial.
A imagem de capa do disco é só mais um dos elementos que compõem a postura característica dos Yeah Yeah Yeahs. Energéticos até ao osso, os três elementos da banda norte-americana são conhecidos pelas atuações ao vivo, onde se apresentam com um visual excêntrico em performances ao estilo punk e art-rock.
Como há pouco referimos, o trabalho conjunto de imagem e sonoridade traduziram-se num sucesso aos olhos do público e dos media. Além de ser nomeado para os Grammy Awards na categoria de Melhor Álbum Alternativo, It’s Blitz! conseguiu o segundo lugar entre os melhores discos de 2009 para a Spin Magazine e o terceiro lugar numa lista semelhante da NME. Para ambas as publicações, Zero foi a melhor faixa do ano.
Yeah Yeah Yeahs: os dois lados de It’s Blitz!
O experimentalismo dance eletrónico é reforçado por temas com mensagens fortes ao estilo punk: vejamos por exemplo os dois primeiros singles da banda, Zero ou Heads Will Roll. Munida de uma voz poderosa e por vezes estridente, Karen O incita quem a ouve a “dançar até à morte”. “Cabeças vão rolar” é a tradução literal do segundo tema e que mais tarde deu origem a diferentes versões, desta vez em versão remix.
It’s Blitz! segue com Soft Shock a um ritmo menos acelerado, mas ainda assim capaz de ficar no ouvido. Num estilo semelhante, encontramos um Skeletons intimista que abre caminho para Dull Life, um regresso ao estilo energético do início do álbum, mas desta vez numa sonoridade mais rock e menos disco.
Num caminho coerente, It’s Blitz! continua com Shame and Fortune e Dragon Queen, ambas dançáveis, catchy e poderosas. Pelo meio, encontramos os temas mais calmos do álbum: falamos de Runaway, Hysteric e Little Shadow, feitas nos mesmos moldes de Soft Shock. O álbum termina com Faces, uma espécie de conclusão que resume todas as mensagens das músicas anteriores.
Os temas mais intimistas de It’s Blitz! foram usados para criar versões deles próprios. Despidos da sonoridade disco e eletrónica, Soft Shock, Skeletons, Hysteric e Little Shadow refugiram-se na voz de Karen O para uma versão mais crua, mas nem por isso mais triste. A nova roupagem deixa respirar as mensagens, fazendo com que soem ainda mais sinceras nos ouvidos de quem as escuta.
Depois de tudo isto, podemos dizer que, com It’s Blitz, os Yeah Yeahs Yeahs lançaram-se num verdadeiro ataque à conquista das sonoridades que já lhes pertenciam. No final, saíram de tal forma vitoriosos que conseguiram o seu pequeno lugar na história recente da música.