Entrevista com Nelson Freitas: emoções à flor da pele
Depois do sucesso alcançado com o álbum “Four”, Nelson Freitas está de volta com um novo EP, “Journey”, numa autêntica viagem por uma série de novos desafios musicais. Para assinalar este facto aproveitamos a estadia do cantor em Portugal para fazer a entrevista que pode ler neste artigo.
O seu álbum de estreia, “Magic”, vendeu mais de 70 mil cópias em todo o Mundo, seguido de uma digressão de 2 anos. O segundo disco, “My Life”, elevou a parada, vendendo mais de 90 mil cópias, e dali extraíram-se singles como “Rebound Chick”.
Depois, “Elevate“: o terceiro trabalho é sinónimo do mega sucesso “Bô Tem Mel” ou “Something Good”. Aí, Nelson Freitas trabalhou com artistas e produtores de Angola, Cabo Verde, Congo, Holanda e Marrocos. Mais tarde, em Novembro de 2014, encheu o MEO Arena com um espectáculo recheado de surpresas.
Em “Journey”, Nelson Freitas trabalhou com produtores como Architrackz, RedMojo, Luciano Santos, Ery Gomes e Landi Neves. Este EP sucede-se ao álbum “Four”, disco que entrou diretamente para o 1.º lugar do top dos mais vendidos digitalmente em Portugal.
“Miúda Linda” é um dos singles retirados deste álbum e foi, de acordo com o Youtube Music Charts, o vídeo mais visto em 2016 em Portugal. Ao todo o vídeo já soma, a nível global e desde o seu lançamento, mais de 43 milhões de visualizações.
Graças a este álbum, Nelson Freitas atuou nos Estados Unidos da América e ainda numa das mais mediáticas salas de espetáculo do mundo, o Olympia em Paris. Em 2017 lançou ainda o vídeo do single “Nha Baby”, com Mayra Andrade, que soma mais de 1,7 milhões de visualizações no YouTube/VEVO.
Apesar do seu trajecto musical de sucesso, a história de Nelson Freitas começou, curiosamente, como break-dancer. Depois de uma passagem pelo grupo Quatro, lançou-se a solo para misturar as suas raízes Cabo-Verdianas com géneros como o hip hop, r&b e house, num estilo que se tornou a sua assinatura pessoal.
Foi precisamente sobre as suas origens que começamos a nossa entrevista que pode ler na íntegra em baixo e que revela um cantor emocional e agradecido pelo êxito já alcançado.
Entrevista completa com Nelson Freitas
Mundo de Músicas (MM): A sua história é peculiar e pouco comum. Sendo um filho de pais cabo-verdianos mas que nasceu e cresceu na Holanda, na verdade a sua música é extremamente africana. Como explica isso?
Nelson Freitas (NF): Ouvi bastante música de Cabo Verde em casa com os meus familiares e isso influenciou-me de tal maneira que incorporei essa sonoridade na minha música.
(MM): Nunca desejou ter nascido em Cabo Verde?
(NF): O meu crescimento na Holanda fez-me ser quem eu sou hoje, então eu nunca saberei como teria sido a minha vida se tivesse nascido em Cabo Verde ou em qualquer outra parte do mundo.
Apesar de ter nascido na Holanda, fico feliz por ter conseguido assimilar as minhas raízes de Cabo Verde e estou muito ligado às ilhas.
(MM): E como é a sua relação com o país, a cultura e comunidades cabo-verdianas?
(NF): O meu relacionamento é bom, adoro isso e as pessoas gostam de mim e das minhas músicas.
(MM): O Break Dance é uma paixão antiga. Ainda pratica com regularidade, mantém vivo o interesse nessa arte de rua?
(NF): Nem por isso… Adoro assistir aos jovens a espalharem a sua arte, mas o meu corpo não me permite fazer isso mais lol.
(MM): Sente que cumpre algum tipo de missão quando canta?
(NF): Sim, a missão de espalhar a minha música para tantas pessoas quanto possíveis e trazer alegria para as suas vidas.
(MM): A sua ascensão gradual foi fácil de gerir? Como sente que lidou com o sucesso atingido num curto espaço de tempo?
(NF): Eu tenho construído a minha carreira há alguns anos e obter o sucesso que tenho hoje é uma benção.
(MM): Depois do enorme sucesso de “Miuda Linda”, cujo vídeo já ultrapassou os 43 milhões de visualizações, apresentou “Break of Dawn” com a participação de Richie Campbell. Como foi trabalhar com este jovem talento português?
(NF): Foi ótimo, o Richie é um artista muito talentoso e super profissional. A música saiu super legal e estou muito feliz com o resultado.
(MM): No seu terceiro trabalho “Elevate” (que inclui o mega sucesso “Bô Tem Mel” ou “Something Good”) trabalhou com artistas e produtores de Angola, Cabo Verde, Congo, Holanda e Marrocos. Gostou da experiência?
(NF): Sempre tive tendência para trabalhar com muitas pessoas diferentes de todas as partes do mundo para assim obter um som internacional. Então, posso descrever essa experiência como uma benção para ter trabalhado com todos eles.
(MM): No seu novo EP, “Journey”, sente-se uma sonoridade diferente dos trabalhos anteriores. Sente que ainda anda à procura da sua sonoridade, ainda está a explorar um caminho?
(NF): Estou sempre à procura de novos sons… se ouvirem os meus álbuns anteriores também vão descobrir abordagens sonoras diferentes.
Então… estou sempre em busca de algo refrescante.
(MM): Imagina facilmente fazer algo fora dos géneros hip hop, r&b e house?
(NF): A indústria musical está a mudar tão rapidamente e a tornar-se cada vez mais misturada, por isso… sim!
(MM): Já este ano lançou também “Nha Baby” com Mayra Andrade. Gostou da parceria?
(NF): Adoro, é uma das minhas canções favoritas do álbum.
(MM): Atuar no Olympia de Paris foi uma meta alcançada?
(NF): Claro que sim, a vibração foi super, as pessoas adoraram, nós amamos e queremos fazê-lo de novo.
(MM): Portugal e Angola são os dois países onde obtém mais sucesso. E o Brasil, ainda não surgiu como oportunidade?
(NF): Os meus 4 mercados são Moçambique, Angola, Portugal e Cabo Verde. O mercado no Brasil é muito diferente de todos estes países, mas adorava construir uma relação maior com o Brasil.
(MM): Sabemos que tem alcançado sucesso também nos Estados Unidos da América. Como tem sentido essas experiências de êxito em palcos importantes?
(NF): É extremamente prazeroso fazer concertos lá, estou a colocar imensa energia nos EUA por estes dias e já começamos a sentir que o reconhecimento está a crescer rápido.
(MM): Existem outros artistas de língua portuguesa que sejam uma referência para o seu trabalho?
(NF): Adoro Sara Tavares.
(MM): E já agora quais são os artistas que mais admira e o inspiram?
(NF): Michael Jackson, Pharell Wiliams, Jay Z, Diddy e Kanye West.
(MM): Quais são os seus desejos profissionais para 2018?
(NF): Conquistar mais países em todo o Mundo.
(MM): Qual a sua opinião sobre a grande transformação que ocorreuna indústria musical e que emergiu com a Internet?
(NF): A música boa será sempre música boa, com a ajuda da Internet as nossas músicas podem ser ouvidas em todo o Mundo por isso acredito que é uma relação benéfica.
Nota: Agradecemos sinceramente a colaboração da Universal Music na realização desta entrevista!