Chester Bennington, 20 de Julho de 2017: um Dia fatal numa Vida atribulada
O Mundo da Música continua a ser abalado por inúmeras mortes inesperadas e dolorosas para os seus fãs. Desta vez foi Chester Bennington, vocalista da banda de rock Linkin Park, que foi encontrado morto esta quinta-feira, dia 20 de Julho de 2017.
Casado por duas vezes e com seis filhos, o cantor foi encontrado enforcado numa residência de Palos Verdes Estates, perto de Los Angeles, pouco antes das 9h locais. Com apenas 41 anos, o vocalista norte-americano suicidou-se da mesma forma trágica que o seu grande amigo Chris Cornell, vocalista dos Soundgarden, que faleceu no passado dia 18 de Maio em Detroit também por enforcamento.
Terá sido o regresso de fantasmas do passado que levaram o cantor ao suicídio? Por alguma razão, neste dia 20 de Julho de 2017, tudo deixou de fazer sentido para Chester Bennington. A ligação óbvia com o desaparecimento de um dos maiores nomes da música grunge não fica por este pormenor.
Chester Bennington era não apenas um dos padrinhos dos filhos do vocalista de Seattle, como cantou Hallelujah numa homenagem singela no seu funeral em Maio passado, num momento que se tornou viral na Internet.
O mais bizarro ainda é que ele escolheu o dia 20 de Julho para acabar com a sua vida, ou seja, precisamente na data de aniversário de… Chris Cornell, que faria 53 anos se ainda estivesse vivo.
A prova mais evidente da ligação entre as duas mortes, e talvez alguma espécie de explicação entre o destino fatal dos dois artistas, foi fornecida precisamente pelo próprio Chester Bennington, que escreveu uma carta aberta no dia do suicídio de Chris Cornell.
“Sonhei com os The Beatles ontem à noite. Acordei com ‘Rocky Raccoon’ tocando na minha cabeça e um olhar preocupante no semblante da minha esposa. Ela disse-me que o meu amigo tinha acabado de falecer. As lembranças sobre ti inundaram a minha cabeça e eu chorei. Ainda estou a chorar, de tristeza e gratidão por ter compartilhado alguns momentos especiais contigo e a tua linda família. Tu inspiraste-me tantas vezes e de várias maneiras que não consegues imaginar.
O teu talento era puro e incomparável. A tua voz foi alegria e dor, fúria e perdão, amor e coração partido tudo numa só. Eu acho que todos nós somos assim. Tu ajudaste-me a entender isso. Acabei de assistir a um vídeo de ti a cantar ‘A Day in the Life’ dos The Beatles e lembrei-me do meu sonho. Quero pensar que eras tu numa despedida à tua maneira. Não posso pensar num mundo sem tu estares nele. Rezo para que encontres paz na próxima vida. Envio o meu amor para a tua esposa e filhos, amigos e família. Obrigado por me permitires fazer parte da tua vida.
Com todo o meu amor,
O teu amigo,
Chester Bennington”
Chester Bennington: Líder da tribo nu metal
Após muitos anos de problemas pessoais graves, que incluíam abusos sexuais sofridos em criança, abusos de drogas e álcool, depressão, crises de ansiedade e tendências suicidas, Chester Bennington resolveu terminar de forma abrupta a sua jornada na Terra.
E assim de repente a voz poderosa que liderou a tribo amante do nu metal desapareceu.
Chester Bennington tinha uma voz muito característica conseguindo alternar entre géneros diversos como o rock alternativo, grunge e pop, sendo porém mais reconhecido pelas raivosas interpretações das músicas dos Linkin Park.
Muitos membros da comunidade musical de todos os géneros exprimiram desde logo a sua tristeza por mais esta perda. A cantora Rihanna apressou-se a manifestar o seu apreço pelo vocalista no seu perfil no Instagram, resumindo que ele foi “literalmente o talento mais impressionante que vi ao vivo na minha vida”. E muitos mais pensam desta forma.
Chester Bennington nasceu em Phoenix, Arizona (EUA), no dia 20 de Março de 1976, mas cresceu com a sua mãe no Texas. Com apenas vinte anos casou pela primeira vez em 31 de outubro de 1996, fugindo assim aos problemas familiares e pessoais que motivaram o consumo de drogas em adolescente, período no qual sofreu abusos sexuais.
Após sonhar com a carreira de ator, quando terminou os estudos da escola secundária Chester Bennington virou-se definitivamente para uma paixão antiga: a música, que serviu como válvula de escape até ao trágico final do vocalista.
O seu primeiro instrumento foi um piano. Incentivado pelo irmão mais velho descobriu bastante novo bandas como Loverboy, Rush e The Doors. Já enquanto estrela mundial da cena rock, ele prestaria homenagem a Scott Weiland dos Stone Temple Pilots, Robert Plant dos Led Zeppelin, Chris Cornell dos Soundgarden e, principalmente, a sua principal influência: os Depeche Mode.
Com várias experiências musicais anteriores, Chester Bennington recebeu em 1999 um telefonema de um amigo da Califórnia, por causa de uma banda que estava à procura de vocalista. Pouco tempo depois, ele juntou-se à banda Xero, que depois mudou o nome para Hybrid Theory, e posteriormente adotou a designação de Linkin Park: uma adaptação de Lincoln Park, que era frequentado pelos membros do grupo depois dos ensaios. Finalmente, tinha encontrado uma família.
Os Linkin Park são uma das bandas de rock alternativo americanas mais reconhecidas das últimas décadas, sendo considerados um dos principais grupos do género nu metal (o estilo que misturava rap e metal no início dos anos 2000), que inundou as rádios, tops e corações de milhões de melómanos em todo o Mundo.
Na altura, a banda partilhava as atenções com outras bandas como os Korn, Slipknot e Limp Bizkit, mas percorreu um caminho de sucesso único. O disco “Hybrid Theory“, que inclui canções como “In the End” e “Crawling“, foi lançado a 24 de outubro de 2000 e vendeu mais de 10 milhões de unidades só nos EUA.
A ascensão dos Linkin Park, que venderam mais de 70 milhões de discos e ganharam dois prémios Grammy, foi bastante influenciada pelos vídeos na MTV e, posteriormente também fez muito sucesso na Internet. Refira-se que os seus vídeos publicados no YouTube já superam de longe mais de mil milhões de visualizações!
Além de ter alcançado bastante êxito com os Linkin Park, Chester Bennington criou a sua própria banda, chamada Dead by Sunrise, em 2005 assim como trabalhou frequentemente com os Stone Temple Pilots, substituindo assim Scott Weiland (outro anjo caído do rock) nas vozes entre 2013 e 2015.
Também no Mundo do Cinema, Chester Bennington deixou a sua marca, participando com um pequeno papel nos filmes “Crank” e “Crank 2: High Voltage”, chegando inclusive a assumir um personagem mais denso em “Saw 3D”.