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Vodafone Paredes de Coura 2018 (dia 4): A celebração da música em tons de fogo

Vodafone Paredes de Coura 2018 (dia 4): A celebração da música em tons de fogo

by Pedro Vasco Oliveira

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São de facto uma máquina em palco e, por isso, foi em apoteose que terminou o concerto dos Arcade Fire na edição 26 do festival Vodafone Paredes de Coura.

«Wake up» foi a apenas o gatilho para que tal festim, que, diga-se, começou logo no arranque da actuação. A música dos Arcade Fire presta-se a estas celebrações e, bem vistas as coisas, é de facto uma celebração da música que envolve sempre e também o público.

 

 

Era o concerto mais esperado do festival, o que faz algum sentido olhando globalmente ao cartaz, e foi, sem dúvida, o mais apetecido para as cerca de 27 mil pessoas que lotaram o recinto na margem do rio Coura.

Passando por toda a sua discografia, os canadianos mostraram por que é que são uma máquina em palco, onde as músicas ganham uma dimensão extraordinária. Muitos consideram «Everything Now», o último álbum editado em 2017, o mais fraco da banda, mas isso não lhes retira mérito e muito menos energia e alegria em palco que conseguem transmitir às plateias de uma forma exímia. Por isso mesmo todo o concerto foi uma festa, uma celebração da música.

Falar de 2005, quando a banda se deu a conhecer aos portugueses e o festival ganhou novo fôlego que o trouxe, para já, até à 26ª edição, é nota de rodapé, porque os canadianos já deram muitos concertos depois disso, alguns em Portugal, muito do público presente este ano não esteve nessa edição histórica e Paredes de Coura tem vindo a sofrer algumas alterações, nem todas para melhor. Certo é que Coura está um festival melhor e os Arcade Fire ainda mais competentes naquilo que tão bem sabem fazer, ou seja, a festa.

 

 

«Rebellion (Lies)», «No cars go», You’re your money on me», «The Suburbs», «Ready to start», «Everything now» ou ainda um «Afterlife» com cheirinho a New Order e a LCD Soundsystem, entre outras, levaram o público ao rubro, num crescendo constante e que terminaria com o anfiteatro natural de Coura a cantarolar em uníssono o refrão de «Wake up», fechando-se o concerto com a banda e o público a trautearem «Walk on the wild side», de Lou Reed.

“You are crazy people. You are beautiful crazy people”, disse no final Win Butler, num adeus sentido a uma multidão de coração cheio. A banda estava completamente rendida e a plateia iluminada por milhares de rostos em delírio.

É bom que os Arcade Fire não cresçam demasiado, passando a apresentar ao vivo produções que mais parecem espectáculos da Broadway. É que isso tem acontecido demasiadas vezes, com demasiadas bandas. Os canadianos têm o condão de fazer boa música e de saber apresentá-la ao vivo. E o festim que armaram no Taboão é a melhor prova disso. Celebrar a música é o caminho que a banda sabe trilhar.

 

 

Antes desta montanha-russa de emoções para aqueles milhares de almas presentes houve uma espécie de preparação. Foi assim que soube o concerto dos Dead Combo, no Palco Vodafone, que contou com Mark Lanegan em palco.

A dupla nacional foi exímia a cativar os festivaleiros, muitos que já ansiavam pelos canadianos, e dar um dos melhores concertos da edição 26 no «Couraíso».

O seu rock de sabor folk e que pisca o olho às planícies norte-americanas agarrou o público que vibrou com as intrincadas composições dos lisboetas.

Pedro Gonçalves e Tó Trips fizeram-se acompanhar por um quarteto de luxo, com Alexandre Frazão na bateria, Gui e Gonçalo Prazeres nos saxofones e António Quintino no contrabaixo e deslumbraram a plateia. Não se ficaram pelos temas do último álbum «Odeon Hotel» e brindaram o público, que aplaudiu de forma entusiástica, com um excelente concerto.

 

   

 

Ainda no palco principal, e com o Sol ainda a brilhar, Curtis Harding parece ter agradado aos fãs, que eram alguns sem serem muitos, e acabou por dar um concerto competente… dentro do estilo. Já os Big Thief ficaram ali no quase. Tocar no palco principal de Paredes de Coura exige algo mais do que aquilo que os norte-americanos acabaram por mostrar.

No Palco Vodafone.FM o quarto e último dia de festival arrancou, para este vosso escriba, com os portugueses Dear Telephone, que uma vez mais foram de grande agrado. Hora difícil, mas mesmo assim a banda de Barcelos foi exemplar e angariou mais uns pontos para a equipa nacional presente em Coura’18.

A despedida foi ao som de Ninos du Brasil, que este escriba vira à tarde, na Vodafone Music Sessions, num estaleiro de máquinas pesadas. A sonoridade marcada pela intensa e forte percussão fazia total sentido naquele lugar meio decadente que apela à rudeza embrutecida.

 

 

Na última noite no Palco After-hours congrega um misto de emoções entre os festivaleiros. O festival está a dar as últimas, há que usufruir do que falta até ao tutano e aproveitar como se não houvesse amanhã (que de facto em termos de festival não há mesmo!) e o som dos Ninos du Brasil encaixa na perfeição.

A fechar mesmo, Dj Kitten para que a despedida fosse menos dolorosa… ou não!

Atenta a esta questão, a organização quis tornar a despedida um dia menos triste e na tarde de domingo, já findo o festival, ainda houve uns deejays na praia fluvial do Taboão. Ou seja, mais um dia de férias em Coura para muitos, com banda-sonora patrocinada pelo festival.

 

 

Para o ano há mais, entre os dias 14 e 17 de Agosto, e ainda com o Sobe à Vila no três dias anteriores.

 

Fotos: Sofia Salgado Mota e Hugo Lima

 

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