The Pool atesta a qualidade e originalidade dos Jazzanova
Hoje acordei a ouvir Goo Goo Dolls e foi giro. Mas não é isso que me traz cá. O que me traz aqui hoje é o mais recente de Jazzanova. Para quem não sabe – e costuma ouvir Goo Goo Dolls, acusem-se! – os Jazzanova são um conjunto Alemão, de Berlim, que experimenta com electrónica, soul, funk, que volta e meia deambulam pelo downtempo, chill house e demais quejandos residentes na Travessa da Estereofonia. Acabam de lançar Isto.
A escola Alemã do experimentalismo costuma dar bons resultados. De Karl Valentin (comediante do início do séc. XX) a Kraftwerk (estes de Dusseldorf e pioneiros no uso de cenas electrónicas), passando por Himmler (upss, este não, este não pesquisem porque dá mau resultado), a Alemanha habituou-nos a muitos e bons performers musicais na arte do tentar qualquer coisa de diferente.
Os Jazzanova seguem a mesma linha desde In Between (2002). Cada música leva uma montanha de instrumentos e convidados, com o som bem preenchido, balanço, batida, está lá tudo e mais um par de gomas sonoras.
É curioso que a banda vai apenas no quarto álbum de estúdio, eles que andam por cá desde os idos de 1995.
Eu dei de caras com Jazzanova através de singles e participações em compilações como Bossa Mundo ou mambos do Café del Mar. Diz que eles também são fortes na remistura de temas. Fica aqui o meu passou-bem aos tipos de Berlim com jeito para a cena ‘prog electro’:
Este The Pool traz-nos 12 chansons novinhas em folha cujo caminho criativo pode ser escutado em mini-documentários de youtube que eles soltaram.
À primeira audição, Nº 9 é coisa para Rádio Radar ou Antena 3. Na companhia de KPTN, um produtor chileno, a cena flui como Drake ou Kanye de caipirinhas à beira-mar.
Sincere, a faixa 5, leva como guarnição Noah Slee, um Berliner com uma costeleta do Tonga. Quem confundir esta música com coisas de Daft Punk com Pharrell está… certo.
Follow your Feet é Stevie Wonder a trocar anedotas com Earth Wind & Fire.
Rain Makes The River é mais a onda recente que invade as rádios com coisas tipo Chvrches que depois vai-se a ver e não passa de Portishead explicado aos chavalos. Papa-se mas falta-lhe sal.
Jazzanova não é para todos os gostos auditivos e isso nota-se conforme o álbum evolui. Eles tocam em tudo – está lá o jazz, o r&b, o duelo entre duas músicas que se candidatam a summer hit – e o kit de 12 músicas, num total de 50 e picos minutos com dezenas e dezenas de convidados, faz um serão muito agradável e uma viagem Lisboa/Porto-OndeQuerQueVás passar num tirinho.
Não me posso ‘chibar’ sobre o álbum todo.
Dizer apenas que Summer Keeps On Passing Me By ou It’s Beautiful poderão eventualmente ser ouvidas numa danceteria perto de si.
The Pool está porreiro e bem dentro dos certificados de qualidade e originalidade sonora a que os Jazzanova nos habituaram.
Nota 4.
https://jazzanova.bandcamp.com/album/the-pool
“Cause I don’t think that they’d understaand…”
Achei muito boa esta Jazzanova. A mistura dos elementos é agradável e sem exageros. E também sempre gostei do Kraftwerk apesar de os achar enigmático. Muito boa matéria. Parabéns!