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A música como linguagem política nas campanhas presidenciais em 2016

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A música como linguagem política nas campanhas presidenciais em 2016

by Eduardo Aranha

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Ao longo da história dos Estados Unidos da América, os candidatos presidenciais são relembrados por jogarem todas as armas ao seu dispor para conquistar o voto dos eleitores: a revelação de escândalos e polémicas dos adversários, a criação de mentiras que parecem verosímeis, os ataques consecutivos através da imprensa, a recomendação de personalidades que apoiam o candidato e, claro, os históricos debates que põem os candidatos frente a frente perante a audiência.

No entanto, há uma arma que os candidatos presidenciais têm também usado para se promoverem em campanha: a música. Será que a música pode realmente fazer a diferença para se vencer as eleições Presidenciais 2016 nos Estados Unidos? Não é tão simples quanto parece, já que não implica apenas escolher uma música popular e pô-la a tocar. Ainda assim, a utilização de música é uma excelente forma de captar a audiência, criar empatia e associar mesmo certas mensagens e ideologias a um candidato.

A nível de Marketing Político, onde o candidato presidencial é vendido à nação como se fosse um mero produto, tornou-se evidente que a música é uma excelente arma a usar na divulgação do candidato. Nos EUA, esta estratégia remonta aos dias da primeira eleição presidencial, a mesma que deu a George Washington a presidência em 1789. Assim que se formalizou a eleição do primeiro Presidente dos EUA, George Washington, foi composta a canção “Follow Washington”, uma espécie de hino da Presidência que tocava nos eventos em que este participava.

E porquê a música? Como veremos já à frente, a música é uma arte que inspira e veicula mensagens, uma linguagem diferente daquela que os candidatos usam para discursar, mas que não é menos efetiva. Antes pelo contrário. Face ao voto jovem, a música torna-se mesmo algo essencial para captar os novos eleitores que passam a maior parte do tempo de fones nos ouvidos e a navegar no YouTube, Spotify ou plataformas de streaming.

Nos próximos parágrafos, analisamos de forma breve a forma como a música foi utilizada pelos três candidatos mais importantes das Presidenciais 2016.

Presidenciais 2016: como os candidatos usaram a música

Donald Trump


Só este ano, nas Presidenciais 2016 que vão culminar na eleição do dia 8 de novembro, foram muitos os artistas a recusar qualquer associação com o polémico Donald Trump do partido Republicano: Adele, os The Rolling Stones, Steven Tyler (Aerosmith), Twisted Sister, R.E.M., Elton John, Queen, Pavarotti, George Harrison (The Beatles), Neil Young e muitos outros. Donald Trump não recebeu sequer a autorização dos artistas para usar as suas músicas em comícios.

Outros grupos musicais levam ainda esta “contra campanha” a níveis superiores. A banda irlandesa U2, por exemplo, montou um vídeo onde simula um diálogo entre o candidato e o vocalista Bono, conseguindo assim ridicularizar Trump. Por sua vez, a banda indie rock Death Cab for a Cutie e a artista Aimee Mann uniram esforços para lançar uma música por dia interpretada por artistas unidos contra Donald Trump.

Mas afinal, com tanto ódio, há canções que Donald Trump possa utilizar? Foi esta a pergunta que John Oliver fez num programa humorístico da televisão norte-americana. Este isolamento do candidato a nível musical – e até mesmo movimento musical contra ele – dita que a música tem de facto um voto na matéria. E sim, Donald Trump ainda tem músicas para usar, nomeadamente um repertório composto maioritariamente por música country – um espectro artístico associado a ideias conservadora – que o limite a esse público.

   

Será difícil perceber se a forma como usou a música (ou esta se deixou usar por ele), fez de facto diferença mas, por agora, de uma coisa se sabe: de acordo com as sondagens, Donald Trump dificilmente conseguirá a vitória no grande dia das eleições.

Bernie Sanders

Entretanto, Bernie Sanders – candidato nas Primárias do Partido Democrata, contra Hillary Clinton – recorreu à música para se apresentar aos Estados Unidos da América e dessa forma tentar superar o grande desafio à sua frente: ultrapassar Clinton que, desde o início, liderou quase sempre as sondagens e,  no fim, alcançou a vitória.

Incrivelmente, sucedeu-se com  Sanders o oposto do que se passou com Trump. Para a sua campanha, Bernie Sanders recebeu autorização para usar músicas de artistas mas, em certos casos, também o apoio assumido de algumas bandas. É o caso de Simon & Garfunkel, Neil Young, David Bowie, Killer Mike e até mesmo Lil B. Num dos seus eventos de campanha, Sanders conseguiu ir ainda mais longe e cantar em palco ao lado dos Vampire Weekend, chegando a todo o tipo de eleitorado: os mais novos, os mais velhos, os mais tradicionais e os mais jovens e hipsters.

O candidato não levou a vitória para casa, mas deu luta a Clinton até ao fim.

Hillary Clinton


E de fora não fica Hillary Clinton que, com uma estratégia sólida – ainda que perturbada recentemente por alguns escândalos – se serviu da música para reforçar aspetos da sua campanha e direção política, como a mensagem de perseverança e de afirmação do papel das mulheres na sociedade americana.

Basta olharmos para a playlist de Hillary Clinton para reconhecermos esta necessidade de se afirmar como mulher perseverante e do enfoque que procura dar ao feminismo. Olhemos para as intérpretes e encontramos Rachel Platten, Sara Bareilles e Katy Perry – nomes capazes de atingir várias faixas etárias – com músicas sobre bravura, luta e perseverança: Fight Song, Brave e Roar. Só não percebe a mensagem quem não quer.

Mas eis então que Hillary Clinton comete um erro: a repetição leva ao enjoo. Depois de tantos eventos de campanha, as músicas já foram tocadas vezes e vezes sem conta. No Twitter, esta saturação musical já se chegou a tornar viral e a ser alvo de comentário humorísticos. De qualquer das formas, se a ideia era fazer chegar uma mensagem a muitas, muitas pessoas, então será seguro dizer que Clinton conseguiu, já que as três canções somam dezenas de milhões de reproduções no

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