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Otis Redding: o artista soul sentado nas docas da vida

Otis Redding: o artista soul sentado nas docas da vida

by Gonçalo Sousa

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Otis Redding é provavelmente um dos casos mais flagrantes de sucesso póstumo no mundo da música. Atualmente considerado como um dos melhores cantores de todos os tempos, o artista natural da cidade de Dawson, Georgia (EUA) nem sempre foi tão reconhecido. Muito pelo contrário.

Nascido em 1941, Otis Redding despertou para a música quando era ainda jovem: participou no grupo coral da sua terra e até chegou a ganhar 15 vezes consecutivas um concurso de talentos local! Na adolescência decidiu deixar a cidade de Macon, em busca de uma carreira no meio musical. Seguia na verdade as pisadas do conterrâneo Little Richard, dizendo que se o músico não tinha conseguido ser bem-sucedido ali, também ele não conseguiria. Todavia, o caminho não foi fácil.

Em 1958, Otis Redding juntou-se ao guitarrista Johnny Jenkins e à sua banda, os Pinetoppers. Pouco tempo depois, participou numa tournée pelos estados sulistas norte-americanos, onde existia uma maior tradição das sonoridades tipicamente negras. Além de cantar, Otis Redding acumulava funções como motorista da banda.

O primeiro single em nome individual chama-se These Arms of Mine e foi gravado em 1962, pela Stax Records, editora também responsável pelo lançamento do seu primeiro álbum, Pain in My Heart (1964). Primeiro, tornou-se muito popular entre a comunidade negra, contudo com o tempo Otis Redding foi captando a atenção de uma plateia cada vez mais diversificada de forma progressiva. Com um estilo distinto, o vocalista, ao contrário da maioria dos seus pares, não era apenas um cantor, mas também era compositor, tendo escrito a maior parte das suas letras e canções.

O momento de viragem e reconhecimento público aconteceu com a música (Sittin’ On) the Dock of the Bay, ainda hoje considerada a sua canção mais popular, que foi escrita em 1967. A letra é o resultado de uma parceria com o guitarrista e compositor Steven Cropper e nasceu depois de uma atuação no Monterey Pop Festival. Ambos os artistas estavam longe de imaginar que o tema viria a ser número 1 no Billboard Hot 100 pouco depois.

O legado que Otis Redding deixou ao soul

Infelizmente, o sucesso massivo esteve também ligado ao trágico acidente que vitimou Otis Redding, pois viajava cada vez mais de avião de modo a corresponder a tantas solicitações ao vivo. Todavia, em Setembro de 1967, o avião em que o artista viajava caiu nas águas do lago Monona no estado do Wisconsin.

Para trás, Otis Redding deixou versões e temas originais icónicos por ele imortalizados e que foram adaptados por muitas outras vozes. Falamos, por exemplo, de Respect (depois reintrepretado por Aretha Franklin, por exemplo) ou Hard to Handle. Com um lugar reservado na história da música, Otis Redding é, segundo a revista Rolling Stone, o 21.º melhor artista de sempre, apenas alguns lugares atrás daquela que era inicialmente a sua maior referência, Little Richard, a quem pertence o 8.º lugar da mesma lista.

Além do sucesso comercial, a presença de palco magnética de Otis Redding e as actuações sinceras elevou o vocalista ao trono da música soul. O seu método era simples, mas puro, conforme explicou: “Se queres ser cantor tens que te concentrar nisso 24 horas por dia, pensar sempre de maneira diferente dos outros cantores e nunca fazer uma canção que já tenha sido feita”.

DISCOS RECOMENDADOS DE OTIS REDDING:

Otis Blue / Otis Redding Sings Soul

   

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Pain In My Heart

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The Dock Of The Bay

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