Everything Everything: uma banda que vai dar que falar

No início, os Everything Everything entraram na minha vida por meras razões profissionais, algures em março de 2013. Na altura estava no último semestre do curso de Ciências da Comunicação, o que equivalia a fazer estágio no ramo que tinha escolhido: no meu caso, jornalismo. Antes de passar para uma grande redacção, comecei pelo jornal do curso e esse período coincidiu com um evento único no Porto, que só se viria a realizar nesse ano.

Estou a falar do Warm-Up Paredes de Coura, uma espécie de aquecimento para o festival de música a acontecer em agosto. Em vez das margens do rio Taboão, tudo acontecia no interior de uma tenda em plena Praça D. João I, no Porto.

Com gravador no bolso, mochila às costas e máquina fotográfica ao pescoço, dirigi-me então ao evento para fazer a cobertura jornalística. Na redação, a fazer a minha pesquisa sobre as bandas que iam atuar, já me tinha deparado com o single Cough Cough dos Everything Everything. Era engraçadinha ao ponto de ficar na cabeça, mas entre todas as outras bandas sobre que tinha de pesquisar entrou-me tudo por um ouvido e saiu por outro.

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Ou assim pensava. A verdade é que fiquei completamente agarrado quando o concerto dos Everything Everything começou já a passar da meia-noite. Pela altura, o quarteto natural de Manchester tinha acabado de lançar o seu segundo álbum Arc.

O single Cough Cough – definitivamente a mais popular do álbum – abriu o concerto. Com um ritmo frenético, pôs o público ao saltos e a cantar. Eu tive de me conter porque estava ali em trabalho, mas dei por mim a entoar a música quando fui para casa.

Mas não foi apenas a Cough Cough a ficar-me na cabeça. Kemobase, mais eletrónica mas igualmente animada, também deixou em mim a sua impressão. Não foi fácil decorar o nome da música, porque numa primeira audição foi quase impossível perceber esta palavra tão estranha. Porém, ao ouvir o álbum completo, não demorei a perceber qual era.

Everything Everything: uma análise ao segundo álbum da banda

Não recordo muito mais do concerto mas lembro-me que estas duas músicas me marcaram. O que me lembro é de ficar viciado nos Everything Everything durante a semana que se seguiu. Assim que o passei o álbum Arc para o meu iPod, comecei a ouvir as músicas e a interiorizar cada uma delas gradualmente. Depois de passar a minha fase de Cough Cough, seguiu-se Torso of the Week, Feet for Hands e, claro está, Duet.

Focando-me nos 4 singles do álbum – Cough Cough, Kemobase, Duet e Don’t Try –, considero que o melhor, a nível musical, é o primeiro. Tal é atestado igualmente pelos milhares que ouviram, aplaudiram e colocaram a música na posição 37 da tabela de singles do Reino Unido. Sucesso semelhante foi também alcançado  por Kemobase, embora tenha ficado algumas posições mais abaixo, no lugar 48 da mesma tabela.

No entanto, a minha preferida do álbum não está entre os singles. Choice Mountain combina uma letra enigmática, pontuada com estranhos paradoxos, animada ritmadamente com acordes eletrónicos. Como contou o vocalista Jonathan Higgs numa entrevista à NME, esta música foi escrita durante o tour da banda, num portátil. Ao escreverem a música, a ideia da banda era criar algo com uma espécie de simbolismo filosófico sobre a vida: ao subirmos a montanha, que decisões vamos tomar e de que forma é que isso nos vais definir?

O álbum Arc foi lançado em 2013 e foi considerado pelos críticos como o encontro perfeito entre o eletro-pop e a esquizofrenia. Para a banda, foi uma oportunidade para mostrarem o seu lado mais sensível. No primeiro álbum Man Alive – nomeado para o britânico Mercury Prize – os Everything Everything mostraram a sua impetuosidade.

Em Arc o quarteto procurou concentrar melhor os seus esforços e talentos. “Não faz sentido gravarmos o mesmo álbum outra vez”, desabafou o vocalista Jonathan Higgs em entrevista ao site The Quitetus.

Em Junho de 2015, a banda britânica lançou o seu terceiro álbum Get to Heaven, com 11 músicas novas.



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