Entre petiscos e o som dos talheres, canta-se o Fado em Alfama. O género que é sinónimo de portugalidade não podia encontrar ambiente mais propício. Num espaço onde os aromas se fundem com as cantigas, põem-se os olhos no passado e recordam-se os clássicos. O futuro chega na voz dos mais jovens, que projetam pela sala as esperanças da nova geração. Tudo no mesmo espaço que não poderia ter outro nome que não fosse o Clube de Fado.
Mais do que um restaurante, o Clube de Fado no coração de Lisboa é um baluarte daquilo que é ser português. Boa comida, bom vinho e boa música servem-se em conjunto, perpetuando a cantiga segundo a qual “numa casa portuguesa fica bem pão e vinho sobre a mesa”. Se há porta humildemente bater alguém, as probabilidades do espaço estar cheia são muitas. Pelo sim, pelo não, o melhor é fazer reserva.
Se no palco as guitarras choram baixinho, na mesa as línguas ouve-se um “pranto” de várias línguas. Do japonês ao espanhol, passando pelo português com sotaque, são inúmeros os idiomas que se calam quando a música ambiente termina e começa o espetáculo no Clube de Fado. Os artistas, esses, são fadistas, não importa se amadores ou de renome. Mas, qual será a ementa?
A ementa é aquilo que podíamos chamar de fado em estado sólido. Da música para a gastronomia, não podiam faltar os típicos pastéis de bacalhau, as pataniscas, o caldo verde, o presunto ou as ameijoas. O menu não reflete só a identidade de Lisboa; prefere, em vez disso, levar para a mesa um pouco de tudo o que é português.
Há, por exemplo, Rojões de Porco à Moda do Minho, Carne de Porco à Alentejana, Açorda e Cataplana de Marisco e até pratos batizados em nome de grandes fadistas. Vai um Caldo Verde à “Amália” ou umas Costelas de Cabrito à “Hermínia”? Porque não ambos? Tudo obviamente regado com um bom vinho!
Os preços variam consoante os pratos. O prato principal, por exemplo, vai dos 22.50€, preço das Pataniscas de Bacalhau com Arroz de Feijão, aos 95€, a pagar por uma Cataplana de Marisco para 2 pessoas. Nos vinhos, o mais barato é o branco da casa, um Douro que custa 17,50€. O mais caro é um vinho alentejano, da Herdade do Mouchão, que custa 98€.
O que não tem preço é o espetáculo e o ambiente. O Clube de Fado vive de uma atmosfera romântica, um tanto ao quanto mística. A arquitetura é tradicional e o espaço está decorado com quadros e outros elementos que nos rementem para o fado. O teto da sala de jantar é em ogiva e há inclusive um antigo poço moiro.
Da lista de fadistas a atuar no Clube de Fado fazem parte Cuca Roseta, Maria Ana Bobone, Rodrigo Costa Félix, Carolina, Cristina Águas, Miguel Capucho, Ana Maria, Diogo Clemente, Isabel Figueiredo e Cristina Madeira. Recentemente, a parte instrumental estava a cargo dos trios de guitarras Diogo Clemente, Mário Pacheco e Marino de Freitas; e Henrique Leitão, Carlos Leitão e Paulo Paz.
Entre estes últimos nomes está o homem por detrás do conceito do Clube de Fado.
Mário Pacheco é o fundador do espaço que se situa junto à Sé Catedral de Lisboa e que já na sua origem pretendia ser um local de convívio, tertúlia e inovação. Como podemos ler no site oficial, era aí que Mário Pacheco soltava “as amarras da sua guitarra e viajava”. Você pode observar com mais atenção a história deste guitarrista português icónico neste artigo publicado no Mundo de Músicas, intitulado: Quem é o guitarrista Mário Pacheco, fundador do Clube de Fado?
NOTA: Este artigo foi publicado originalmente no Blog Mundo de Viagens com o título Clube de Fado: experimente um jantar à moda do fadista!